OS JUÍZOS DA GRANDE TRIBULAÇÃO - INTRODUÇÃO

 INTRODUÇÃO:

Uma das características da Grande Tribulação é o fato que esse período será marcado pelos juízos impostos pelas mãos do Senhor. Há um número distinto de planos de juízos divinos que analisaremos a partir deste artigo. Vamos dar uma olhada o que Scott escreveu sobre esses juízos descritos em Apocalipse:

''No intervalo [entre o arrebatamento e o segundo advento] as séries sétuplas de juízos sob os selos, as trombetas e as taças se desenrolam. Esses castigos divinos aumentam em severidade a medida que passam de uma série para outra. Os juízos não são simultâneos, mas sim sucessivos. As trombetas sucedem aos selos, e as taças seguem as trombetas. Uma rigorosa sequência cronológica é observada [...] Os selos foram abertos a fim de que as partes sucessivas da revelação futura de Deus pudessem ser expostas, mas apenas á luz da fé - o restante da humanidade consideraria os juízos meramente providenciais. Tais coisas tinham ocorrido antes. Mas o alto alarido das trombetas pelos anjos faz supor uma ação pública de intenso caráter judicial para com os homens. Essas trombetas místicas soam um alarme de uma extremidade á outra da cristandade hipócrita. A intervenção pública de Deus no cenário de culpa e hipocrisia fica assim subentendida. Então, no terceiro símbolo geral, as taças derramadas, a ira concentrada de Deus ocupa avassaladoramente todo cenário profético debaixo. O capítulo 16 revela uma série de juízos até então insuperáveis em alcance e severidade.''

I- SELOS:

O capítulo 6 do livro de Apocalipse inicia com a cena da abertura do rolo selado com sete selos pelo Filho de Deus. Encontramos aqui o desdobramento se iniciando o plano de juízo de Deus. Em todo o Livro serão mencionados anjos associados á execução desse plano divino de juízo.

Podemos observar nas palavras de Ottman diz:

''Quando o primeiro selo é quebrado, escuta-se a voz de um querubim que diz ''Vem'' [...] É a voz de um dos querubins que convoca o instrumento de juízo divino. Os querubins ainda estão ligados ao governo de Deus .
Esse governo diz respeito á terra sobre a qual os juízos agora são executados. Os sucessivos flagelos, que surgem á medida que os selos são quebrados, estão sob o controle divino. Nenhum instrumento de juízo aparece até que seja convocado pelos querubins.''

Já Darby os chamava de ''preparação providencial do governo divino para a vinda de Jesus''. Aqui, Deus está lidando em ira (Apocalipse 6.16,17), por meio de agentes humanos, para derramar juízos sobre a terra.

Os comentaristas bíblicos, em geral, concordam sobre a interpretação dos selos:

1. O primeiro (Apocalipse 6.2) representa as tentativas dos homens estabelecer a paz na terra. Isso pode ser associado á aliança feita pela besta para estabelecer a paz na terra.
2.  O segundo (Apocalipse 6.3,4) representa a eliminação da paz da terra e das guerras que inundam.
3. O terceiro (Apocalipse 6.5,6) representa a fome resultante da guerra e da devastação.
4. O quarto (Apocalipse 6.7,8) representa a morte que segue no rastro o fracasso humano de estabelecer a paz.
5. O quinto (Apocalipse 6.9-11) revela a morte dos santos de Deus por causa da fé, bem como o seu apelo por vingança.
6. O sexto (Apocalipse 6.12-17) fala das grandes convulsões que abalarão a terra. Isso pode significar a condição em que toda a autoridade e o poder perde seu controle sobre o homem e reina a anarquia.

Kelly fala: ''Os poderes perseguidores e os que estão a eles sujeitos serão legalmente afligidos, e o resultado será uma completa deterioração da autoridade na terra''. 

Esses selos são, então, o início do juízo de Deus sobre a terra. Eles são desdobramento sucessivos do plano de juízo, apesar de poderem continuar por todo período uma vez desdobrados. São principalmente juízos divinos canalizados por agentes humanos. Sobrevêm á terra na primeira parte da tribulação e continuem por todo o período.

II - AS TROMBETAS:

Vejamos agora a segunda sequência do plano de juízo revelada pelo toque das sete trombetas (Apocalipse 8.2-11.15). Com respeito do uso das trombetas, Newell comenta:

''As trombetas foram ordenadas por Deus para Israel com o propósito de convocar os príncipes e a congregação, levantar o acampamento para as jornadas, servir como alarme ou notificação pública (Números 10.1-6).
As trombetas também deveriam ser tocadas nos da ''alegria'' de Israel, nas festas religiosas e por ocasião dos sacrifícios ''no primeiro dia do mês'', ''como memorial perante o vosso Deus''. Jeová também as amava (Números 10.10).
Encontramos, todavia, o uso especial das trombetas para despertar as hostes de Jeová á guerra contra seus inimigos (Números 10.9). Compare com isso Ezequiel 33.1-7, em que a trombeta do atalaia, fielmente tocada, livraria da destruição os que se dessem por avisados [..]
Assim também com os sete anjos. Eles fazem soar as trombetas do próprio céu contra uma terra que se tornou ''como nos dias de Noé [...] como nos dias de ''Sodoma'', da mesma forma que Josué e Israel tocaram contra Jericó.''

A divergência de opiniões entre os comentaristas  a respeito da interpretação dessas trombetas é grande.
Alguns interpretam como severa literalidade, enquanto outros as consideram  simbolicamente; e o espectro da interpretação simbólica é realmente grande.

As quatros trombetas são separadas dos três últimos juízos, e estes chamados especificamente ''ais'':

1. A primeira trombeta (Apocalipse 8.7) representa um juízo que cai sobre a terra e mata um terço de seus habitantes.
2. A segunda trombeta (Apocalipse 8.8,9) representa um juízo que cai sobre o mar e, novamente, mata um terço de seus habitantes.  Acredita-se aqui que a terra possa representar a Palestina, como acontece repetidas vezes em Apocalipse, e o mar representa as nações. Desse modo , esses dois retratos de juízos de Deus são imagináveis extensão para todos os habitantes da terra.
3. A terceira trombeta (Apocalipse 8.10,11) representa o juízo que cai sobre os rios e as fontes de água. Esses são usados nas Escrituras como fonte da vida, até mesmo a vida espiritual, e isso pode referir-se ao juízo sobre aqueles de quem a vida espiritual é retirada pelo fato de terem crido na mentira (2 Tessalonicenses 2.11).
4. A quarta trombeta, que é o primeiro ai (Apocalipse 9.1-12), retrata um indivíduo fortalecido pelo inferno, que pode lançar sobre a terra tormentos de dimensões sem precedentes. Em geral, aceita-se que não se trata de gafanhotos literais, pois não se alimentam como gafanhotos normais.
5. A sexta trombeta, que é o segundo ai (Apocalipse 9.13-19), aparece como um grande exército liberado para marchar com força destrutiva sobre a face da terra.

''Primeiramente, uma angústia atormentadora cai sobre a terra, mas não sobre os que foram selados dentre as doze tribos de Israel. Em seguida, os cavaleiros do Eufrates são lançados contra os poderes do Ocidente, surpreendendo toda a cristandade e particularmente o Ocidente como objetivo especial do juízo de Deus. O primeiro é enfaticamente um tormento de satanás contra os judeus apóstatas; o último é a mais dura imposição da energia humana agressiva, embora não apenas isso, vindo do Leste contra o Ocidente corrupto e idólatra. A morte de um terço dos homens representa não apenas um fim físico, mas até mesmo a destruição de toda a confissão de relacionamento com o único verdadeiro Deus.''
(Kelly sobre os dois ais).

Os dois ais supõem que serão dois grandes exércitos em marcha, um contra Israel e outro contra os gentios, que irão destruir um terço da população mundial. Satanás usará a confederação do Norte como uma arma contra Israel, podendo ser representada pela quinta trombeta. Já a guerra entre os gentios pode ser representada pela sexta. 
7. A sétima trombeta, e o terceiro ai (Apocalipse 11.15) preparam o retorno de Cristo á terra e a subsequente destruição de todos os poderes hostis na conclusão do plano da campanha do Armagedom.

Pode ser que haja um paralelo entre os juízos das sete trombetas e o plano da septuagésima semana como já esboçado. A metade da semana começa com a ascensão dos grandes poderes militares em aliança. Isso corresponde á primeira trombeta. Reinos sendo destruídos, trazendo morte, como a segunda trombeta. O surgimento de um grande líder, a besta, na terceiro trombeta. Sua ascensão provocará a destruição de governos e autoridades, como ocorre na quarta trombeta. Neste tempo, haverá uma grande movimentação militar. Israel será invadido pelos exércitos da Confederação do Norte, como na quinta trombeta, e os poderes gentílicos competirão por uma posição de poder, o que irá causar grande destruição, como na sexta trombeta. Tudo isso terminará com a Segunda Vinda de Cristo, como podemos ver na sétima trombeta.

III- AS TAÇAS:

Agora vamos para a terceira série de juízos divinos que serão derramados no período Tribulacional. Estes irão completar o derramamento da Ira de Deus, as taças (Apocalipse 16.1-21). Quatro dessas taças serão derramadas nas mesma áreas onde as trombetas tocam, mas não são os mesmos juízos. Uma vez que as trombetas vão começar no meio da Tribulação, representando todos os acontecimentos de toda a segunda metade da Septuagésima Semana de Daniel. Ao passo, que as taças abrangerão um período muito breve no final da Grande Tribulação, imediatamente anterior ao Segundo Advento de Cristo.
As taças, parecem estar destinadas aos incrédulos, já que estes irão experimentar  uma ira especial de Deus (Apocalipse 16.9,11), e têm referência especial á besta e a seus seguidores (Apocalipse 16.2).

1. A primeira taça (Apocalipse 16.2) é derramada sobre a terra como aconteceu com a primeira trombeta. Nesse juízo de Deus derrama Sua ira sobre os adoradores da besta.
2. A segunda taça (Apocalipse 16.3), como na segunda trombeta, é derramada sobre o mar. O resultado desse juízo é a morte espiritual. O mar torna-se morto, ''como o sangue de um homem morto".
3. A terceira taça (Apocalipse 16.4-7), como na terceira trombeta, é derramada nos rios e fontes de água, que perderam seu poder de nutrir, satisfazer ou manter a vida. Isso parece referir-se á impossibilidade de encontrar a vida para os que seguirem a besta.
4. A quarta taça (Apocalipse 16.8,9), como a quarta trombeta, cai sobre o sol. Nesse caso, é retratado um indivíduo, pois João se refere ao sol como ''ele''. Isso deve dizer respeito ao juízo que Deus impõem aos seguidores da besta.
5. A quinta taça (Apocalipse 16.10,11) relaciona-se á imposição de escuridão sobre o centro do poder da besta, prevendo a destruição do império que alega ser o reino do Messias.
6. A sexta taça (Apocalipse 16.12) prepara o caminho para a invasão dos reis do Leste, a fim de que, com os exércitos da besta, possam comparecer ao juízo do Armagedom.
7. A sétima taça (Apocalipse 16.1-21) fala sobre a grande convulsão que subverte completamente as atividades dos homens á medida que experimentarem o ''furor de sua ira'' (Apocalipse 16.19).

Os juízos divinos não param por ai, ainda iremos ver sobre os juízos sobre a Babilônia e o julgamento do anticristo e de seu império.

FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: John Dwight Pentecost.
EDITORA: Vida.

 


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