A NOVA ALIANÇA - II

 O CARÁTER  DA  NOVA  ALIANÇA


INTRODUÇÃO:

Dando continuidade ao nosso estudo sobre as Alianças na Escatologia, vamos estudar sobre o Caráter da Nova Aliança. O leitor deve levar sempre em consideração que as alianças com Israel devem ser entendidas a partir do caráter literal e incondicional.

Para outros detalhes sobre esta e as demais Alianças, leia os artigos anteriores da mesma e das outras alianças disponíveis no blogger.

Consideraremos também outros fatores que nos auxiliam a entender o caráter da Nova Aliança:

1) É chamada eterna em Isaías 24.5; 61.8; Jeremias 31.36,40; 32.40; 50.5.

2) Essa aliança é uma aliança misericordiosa que depende totalmente do juramento de Deus para seu cumprimento, Jeremias 31.33. Ela não depende do homem.

3) Essa aliança amplia a terceira grande área da aliança original de Abraão, a área de "bênção". Visto que essa é apenas uma ampliação da aliança abraâmica, que se demonstrou incondicional e literal, esta
também o deve ser.

4) Essa aliança ocupa-se em grande parte com a questão da salvação do pecado e da concessão de um novo coração. A salvação é obra exclusiva de Deus. Logo, a aliança que garante a salvação da nação
de Israel deve ser separada de toda ação humana, sendo assim incondicional.

O CUMPRIMENTO DA NOVA ALIANÇA:

Os amilenaristas usam as referências do Novo Testamento para provar que a igreja está cumprindo as promessas do Antigo Testamento a Israel. Logo, não há necessidade de um reino milenar futuro, visto que a igreja é o reino.

Isso está evidente no comentário de Allis de Hebreus 8.8-12:

''A passagem fala da nova aliança. Ela declara que essa nova aliança já foi introduzida e, pelo fato de ser chamada "nova", passa a ser a que substitui a "velha", e que a velha está prestes a desaparecer. Seria difícil encontrar referência mais clara à era do evangelho no Antigo Testamento do que nesses versículos de Jeremias...''

Mas podemos fazer algumas observações diante de tal declaração:

1.  A nação com quem a aliança é feita:

Deve ficar claro pelo estudo das passagens já citadas que essa aliança foi feita com Israel, a
descendência física de Abraão de acordo com a carne, e somente com Israel. Isso fica claro por três razões:

Primeiro, vemos isso nas palavras de instituição da aliança [...] Jeremias 31.31 [...] Outras passagens que apoiam o fato são: Isaías 59.20,21; 61.8,9; Jeremias 32.37-40; 50.4,5; Ezequiel 16.60-63; 34.25,26; 37.21-28.

Em segundo lugar, o fato de o Antigo Testamento ensinar que a nova aliança é para Israel também é visto pelo seu próprio nome [...] comparado com a aliança de Moisés [...] a nova aliança é feita com o mesmo povo com que foi firmada a aliança mosaica [...] as Escrituras ensinam claramente que a aliança mosaica foi feita com a nação de Israel apenas. Romanos 2.14 [...] Romanos 6.14 e Gálatas 3.24,25 [...] 2 Coríntios 3.7-11 [...] Levítico 26.46 [...] Deuteronômio 4.8.

Não há dúvida quanto a quem se refere a lei. Ela é somente para Israel, e já que essa aliança antiga foi feita com Israel, a nova aliança é feita com o mesmo povo, não com outro grupo ou outra nação.

Em terceiro lugar, o Antigo Testamento ensina que a nova aliança é para Israel, e por isso no seu estabelecimento a perpetuidade da nação de Israel e sua restauração à terra estão ligados vitalmente a ela (Jr 31.35-40) [...]

Logo concluímos, por essas três razões incontestáveis, as próprias palavras do texto, o próprio nome e a conexão com a perpetuidade da nação, que a nova aliança segundo o ensinamento do Antigo Testamento é para o povo de Israel.
Isso de acordo com Ryrie.

2. O tempo do cumprimento da nova aliança: 

Já concordamos em que o tempo da nova aliança era futuro. Ela sempre foi vista como futura nas profecias do Antigo Testamento. Oséias (2.18-20), Isaías (55.3), Ezequiel (16.60,62; 20.37; 34.25,26), todos falavam sobre ela como algo futuro. Ela deve ser vista como ainda futura, pois não pode ser
desfrutada por Israel até que Deus efetive sua salvação e reintegração à terra. 

De acordo com Ryrie:

''A sequência de acontecimentos estabelecida pelo profeta (Jr 32.37,40,41) é que Israel primeiro será congregado e reintegrado à terra e depois receberá as bênçãos da nova aliança na terra. A história não registra essa sequência. Deus não pode cumprir a aliança até que Israel esteja congregado como nação.
Sua restauração completa é exigida pela nova aliança, e isso ainda não aconteceu na história do mundo [...] O cumprimento das profecias exige a congregação de todo o Israel, seu renascimento espiritual e o retorno de Cristo. 

Essa aliança deve seguir o retorno de Cristo no segundo advento. As bênçãos previstas na aliança não se realizarão até a salvação de Israel, e essa salvação segue o retorno do Redentor.

E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados (Romanos 11.26,27).

A aliança mencionada aqui deve obrigatoriamente ser a nova aliança, pois é a única que lida expressamente com a remoção dos pecados. E ela operará após a vinda do Redentor.

Essa aliança será desfrutada no milênio. Passagens como Jeremias 31.34, Ezequiel 34.25 e Isaías 11.6-9, que dão descrições das bênçãos a ser recebidas durante o cumprimento da nova aliança, demonstram que a nova aliança será desfrutada por Israel no milênio.

A conclusão, portanto, seria que essa aliança, futura na época dos profetas, e futura no Novo Testamento, só pode ser realizada após o segundo advento de Cristo no milênio.

3. A relação da igreja com a nova aliança:

Há cinco referências claras à nova aliança no Novo Testamento: Lucas 22.20, 1 Coríntios 11.25, 2 Coríntios 3.6, Hebreus 8.8 e 9.15. 

Além dessas há seis outras referências a ela: Mateus 26.28, Marcos 14.24, Romanos 11.27, Hebreus
8.10-13 e 12.24. Surge a questão do relacionamento dos crentes deste século com a nova aliança de Jeremias 31.31-34. 

Essa questão é importante, pois, como vimos anteriormente, a alegação do amilenarista é que a igreja está cumprindo agora essas profecias do Antigo Testamento e portanto não há necessidade de um milênio terreno.

No próximo continuaremos nosso estudo a partir das três principais posições pré-milenaristas com respeito a relação da Igreja com a Nova Aliança.

FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: John D. Pentecost.
EDITORA: Vida.

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