AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL - FINAL
AS CONSIDERAÇÕES FINAIS DE DEREK WALKER
No artigo anterior, o argumento de Derek Walker para a data de 458 a.C. para o início da contagem das 70 Semanas, seguiu com a própria profecia do capítulo 9 de Daniel, onde o autor aponta para a data do cumprimento cabal dela, embora que o mesmo não anula os 7 anos de Tribulação como vimos anteriormente.
Walker aceita a posição dispensacionalista e pré-tribulacionista, mas o mesmo aceita a posição de que as Semanas de Anos ou 490 anos se cumpriram no ano 33 d.C. com a Crucificação. Esse era o período que Israel levaria para receber o Reino, mas de alguma forma isso não aconteceu e o programa do Reino precisou ser adiado entrando o período de Intervalo.
Estamos próximo de concluir com o argumento de Derek e depois iremos dedicar um tempo para a Grande Tribulação.
I- A PROFECIA SE CALA:
''Louvemos á Deus que ''[...] muda o tempo e as estações [...]'' (Daniel 2.20-22). Deus faz algo especial com os últimos sete anos do cronograma de Israel, sobre o que, até agora, a profecia se calou. Por terem rejeitado seu Rei e Reino, Ele oficialmente os desligou (Lucas 13.4-8; Atos 7), parou Seu relógio e cancelou Seus últimos sete anos (26-33 d.C., o tempo da apresentação do Messias). Essa é a razão pela qual os sete anos (26-33 d.C.) são excluídos do versículo 26. Ele lhes dará uma segunda chance, deixando que os sete anos (a Septuagésima Semana de Daniel) corram para Israel no fim da era, após os que Cristo retornará para estabelecer o Reino e será recebido por uma Israel que crerá Nele.''
Observe que o autor tenta harmonizar com a posição dos demais dispensacionalistas, e ao mesmo tempo ele tem uma posição preterista com algumas diferenças (abordaremos sobre o preterismo em outro artigo). Ele não não retira os 7 anos futuros de Tribulação, mas ele continua sustentando que as 70 Semanas se cumpriram naquele período.
Em seguida ele fala que nos primeiros sete anos (26-33 d.C), Cristo se apresentou como Rei, mas nos últimos sete anos (Tribulação), o anticristo se apresentará como rei. Derek faz-nos observar que os períodos estão divididos em duas fases ou metades, com as coisas que iniciam na primeira chegando ao clímax na segunda.
Só assim que o cumprimento total de Daniel 9.24 ocorrerá, porque o Reino será estabelecido após os 490 anos do relógio de Israel. Derek ainda argumenta:
''Entretanto, antes que os sete anos finais no relógio de Israel possam correr, os cerca dos 2 mil anos da Era da Igreja são inseridos, o que atrasa a chegada do Reino. Então, há um INTERVALO entre os dois conjuntos de sete anos, preenchido pela Era Igreja (não mencionada, porque era um Mistério)''.
II- A POSIÇÃO TEOLÓGICA DE DEREK WALKER:
O mesmo faz o uso da tipologia bíblica para explicar sua teologia, Derek recorre aos 14 anos dos tempos de José que estão ligados com o sonho de Faraó (Gênesis 41), as vacas gordas e magras e as espigas belas e as feias. A interpretação do sonho revela os sete anos de prosperidade e os sete anos de escassez no Egito. Para fundamentar os dois períodos de 7 anos proposto pelo autor, o mesmo fez analogia dos dois períodos passados com o que aconteceu na Primeira Vinda, onde Israel experimentou os primeiros 7 anos de ''fartura'' com Cristo lhes oferecendo o Reino, uma vez que eles O rejeitaram, virão outros 7 anos de ''escassez'' de Tribulação.
O próprio José também foi usado pelo autor, essa tipologia também é usada por outros, José foi rejeitado pelos seus irmãos (Gênesis 37), mas recebido por eles depois dos 7 anos (Gênesis 45). Assim ocorreu com Jesus, foi rejeitado pelos seus irmãos (judeus) e depois será recebido por eles no final dos 7 anos da Tribulação.
Assim como os irmãos de José foram até ele na sua aflição, os judeus voltarão para Cristo em sua aflição (Jeremias 30.7). Derek Walker trata que a procura dos irmãos de José foi por causa do arrependimento que eles tiveram por tê-lo rejeitado, assim também irá ocorrer com Israel, arrependido por ter rejeitado o Seu Messias, o mesmo será procurado por eles no fim da Tribulação.
Com essa tipologia em mente o autor sustenta a idéia da repetição da Última Semana para um futuro distante e não uma interrupção como a maioria dos dispensacionalistas defendem.
Depois o autor volta novamente para o texto chave da profecia das Semanas, agora comentando os versículos 27 e 28:
''Os versículos 27 e 28 descrevem duas consequências da rejeição de seu Príncipe, por parte de Israel. (1) O primeiro julgamento veio para aquela geração: ''[...] e o povo (os romanos) de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim (da cidade) será um dilúvio (uma invasão devastadora) e até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas'' (v.26). Isso ocorreu ao longo de um período de sete anos, de 66 a 73 d.C. (2) O segundo julgamento é a chegada de um futuro príncipe: ''o príncipe que há de vir'', oriundo do Império Romano (pois o versículo 26 diz que o seu povo destrói Jerusalém e o templo). Suas ações destrutivas contra Jerusalém e o templo também acontecem em um período de sete anos (a Tribulação - Septuagésima Semana de Daniel). Elas são descritas no versículo 27 e o identificam como o anticristo.''
O leitor pode observar que Derek não foge daquilo que é a base do dispensacionalismo no que tange os últimos sete anos desta Era, a Grande Tribulação, mas ele vem apresentando uma abordagem diferente para eles. Ele ainda concorda com a posição tradicional de que o anticristo vem do Império Romano, um império renascido com o anticristo sendo o cabeça deste império nos Últimos Dias.
Derek faz um contraste com os dois príncipes:
''... (ambos aspirando a governar o mundo): há o ''Príncipe Messias'' judeu (o Cristo) e o ''príncipe que há de vir'' romano (anticristo). Por Israel ter rejeitado o Príncipe Messias, após os sete anos de graça, a nação deve sofrer com o falso Príncipe Messias durante os sete anos de Tribulação.
Portanto, a causa da Tribulação é a rejeição do Messias por parte de Israel e a repetição da Septuagésima Semana de Daniel.''
III- DATAS POSSÍVEIS DAS 70 SEMANAS:
Vamos encerrar com a argumentação de Derek Walker, veja também os outros comentaristas que apresentamos nesta seção, Derek apresenta as datas mais usadas para o inicio da contagem das Semanas:''Há quatro a se considerar, mas creio que o decreto em 458 a.C. seja o correto.
(A) O decreto de Ciro em 536 a.C. (Esdras 1.2-4).
Diz respeito apenas ao templo, não mencionando Jerusalém como tal. Bem, Isaías 44.28 e 45.13 parecem inclui Jerusalém nesse decreto, mas, de fato, é Deus que fala sobre seus propósitos a Ciro. Jerusalém, o templo e todos os quatros decretos são manifestações disso. Entretanto, a partir que inclui Ciro referia-se claramente ao templo, apenas.
(B) O decreto de Dario em 518 a.C. (Esdras 6.1-3).
Apenas renova o decreto de Ciro a respeito do templo.
(C) O decreto de Artaxerxes em 7 ano - 458 a.C. (Esdras 7.11-26). Há claramente uma origem divina com a palavra ''mandamento'' (v.11) sugere. O decreto posterior de Artaxerxes em 445 a.C., foi uma reposta ao pedido de Neemias, e não uma ''palavra de Deus direta''.
Observe que Derek entende que o que ocorreu em 445 a.C. não foi o decreto propriamente dito, mas uma autorização do rei Artaxerxes ao pedido de Neemias. Já a maioria dos demais ficam entre 445 a.C. e 444 a.C. para as possíveis datas para o inicio da contagem das Semanas.
''... Além disso, a Bíblia enfatiza esse decreto assim: (1) há um capítulo dedicado a ele, com uma cópia detalhada que mostra sua adequação á profecia de Daniel; (2) ele é central nos livros de Esdras e Neemias, pois todos os eventos neles contidos se originaram no decreto; (3) sua data é fortemente enfatizada (vv.7-9); (4) é a única passagem de Esdras em aramaico, e não em hebraico.''
O autor ainda chama atenção que quando olhamos superficialmente esse decreto parece enfatizar o templo, e, portanto, não se qualifica. Quando fazemos uma leitura mais detalhada será nos mostrado claramente que ele incluía a reconstrução da cidade de Jerusalém e o restabelecimento de sua administração. Para Derek esse mesmo decreto deu á Esdras o direito de legislar e designar magistrados e juízes e a restauração do Estado Israelita.
''(4) Artaxerxes em 445 a.C., seu 20 ano (Neemias 2).
Esse documento deu a Neemias permissão para reconstruir os muros (Neemias 2). Muitos acreditam que esse é o decreto da profecia porque enfatiza os muros, mas como temos visto, uma tentativa já havia sido feita com base no edito anterior. Foi a falha em implementar aquele decreto que aborreceu Neemias, e ele recebeu permissão para auxiliar na execução do trabalho empreendido por Esdras e que havia sido retardado. Assim, esse não foi o decreto original, mas uma renovação do primeiro.''
IV- O PORQUE DAS 70 SEMANAS:
Assim concluímos essa abordagem das Setenta Semanas, no que tange o início delas, o leitor que está acompanhando percebeu que mesmos aqueles que são dispensacionalistas não estão totalmente acordados quanto o início delas. A maioria fica entre 445 e 444 a.C, e alguns, como Derek Walker propõe 458 a.C. Já que 518 e 536 a.C. são datas menos consideradas.
Mas independente de qual seja a data e os fatores de cada uma, o que devemos nos concentrar é no propósito das Semanas conforme está na própria profecia de Daniel 9.24-27, principalmente o v. 25.
Conforme o v.24 ''Setenta Semanas (490) anos estão determinadas para o teu povo (judeus) e da tua cidade (Jerusalém)''. Logo esta profecia é direcionada ao povo judeu, a nação de Israel e com propósito definido dentro do aspecto do Reino.
Podemos dividir as 70 Semanas em Três Etapas conforme os versículos 26 e 27:
(1) Sete Semanas (49) anos, o período que levou para a reconstrução da cidade de Jerusalém.
(2) Sessenta e duas Semanas (483) anos, o período do termino da reconstrução até o período da Crucificação - o Messias sendo retirado.
(3) Uma Semana (7) anos, o período que levará para Israel ser preparado para receber o Reino, para Derek será uma repetição em forma de Tribulação, e os demais enxergam um Intervalo entre a Última Semana e a Penúltima que também será o período tribulacional.
Mais detalhes sobre a Última Semana e os acontecimentos dela veremos a partir da próxima etapa.
FONTE: Profecia do Fim dos Tempos.
AUTOR: Derek Walker.
EDITORA: Rhema Brasil - Publicações.