A QUESTÃO DO INTERVALO - JOHN DWIGHT PENTECOST
O INTERVALO ENTRE A PENÚLTIMA E A ÚLTIMA SEMANAS DE DANIEL
INTRODUÇÃO:
É natural para quem tem o dispensacionalismo como sua escola de interpretação escatológica aceitar um intervalo de tempo indeterminado entre as Sexagésima Nona e Septuagésima Semanas de Daniel.A grosso modo se aceita pela maioria que as 70 Semanas tiveram seu cumprimento ininterrupto das 7 Semanas até a Sexagésima Nona. Mas quando se parte para a Septuagésima, um intervalo é sobreposto sobre as Semanas.
Vamos trabalhar neste ponto a partir deste artigo, é necessário que entendemos a respeito de tal intervalo para prosseguirmos nos outros temas relacionados a Tribulação. Oriento o leitor a ler os artigos anteriores sobre essa sequência da Grande Tribulação, uma vez que estamos procurando seguir uma lógica dentro da perspectiva pré-tribulacional.
Iniciaremos com John Dwight Pentecost com o seu material Manual de Escatologia para compreendermos este aspecto:
I - HÁ UM INTERVALO ENTRE AS SEMANAS?
Um aspecto que une os pós-tribulacionistas aos amelenaristas é a questão de que a Septuagésima Semana de Daniel foi cumprida nos anos posteriores da morte de Cristo. Nisto acreditam que a morte de Cristo se deu na Sexagésima Nona Semana para que a Septuagésima venha seguir á Sua Morte.Entre os tais, alguns afirmam que os dias atuais correspondem a Última Semana de Daniel.
Pentecost aponta para o equívoco de tal visão:
''O erro desta visão reside no fato de que somente espiritualização da profecia os resultados da obra do Messias, conforme esboçado em Daniel 9.24, podem considerar-se cumpridos.''
Pentecost afirma que a nação de Israel não foi beneficiada com a vinda do Messias, uma vez que a profecia de Daniel tem essa nação como alvo.
A interpretação do cumprimento ininterrupto das Semanas deve ser rejeitada, pois ela carece depende de um método inaceitável, o sistema alegórico ou espiritualizado.
As Semanas de Daniel devem ser estudada dentro de uma cronologia que já vem proposta no próprio texto a ela referido (Daniel 9.25-27). O intervalo é cabível nas duas últimas semanas, sendo a Última separada das demais 69 semanas, e isso por um período indeterminado.
II- CONSIDERAÇÕES AO INTERVALO:
Pentecost recorre á Ironside para avaliar que se faz necessário considerar alguns pontos que nos levam a entender que o intervalo está proposto em vários trechos das Escrituras.''1. O intervalo entre o ''ano aceitável do Senhor'' e o ''dia da vingança do nosso Deus''' (Isaías 61.2 - parêntese que se estende por mais de 1.900 anos).
2. O intervalo dentro do Império Romano, simbolizado pelas pernas de ferro ma grande imagem de Daniel 2 e os pés com dez dedos. Confira também Daniel 7.23-27 e 8.24,25.
3. O mesmo intervalo é encontrado em Daniel 11.35 e Daniel 11.36.
4. Ocorreu um grande parêntese entre Oséias 3.4 e 3.5, e também entre Oséias 5.15 e 6.1.
5. Um grande parêntese também entre os Salmos 22.22 e 22.23 e entre Salmos 110.1 e 110.2.
6. Pedro, ao citar Salmos 34.12-16, pára no meio do versículo para distinguir a obra presente de Deus e seu futuro tratamento com o pecado (1 Pedro 3.10-12).
7. A grande profecia de Mateus 24 torna-se clara apenas se a presente era for considerada como um parêntese entre Daniel 9.26 e 9.27.
8. Atos 15.13-21 indica que os apóstolos entendiam plenamente que durante a era presente as profecias do Antigo Testamento não seriam cumpridas, mas teriam sua realização quando Deus reedificar ''o tabernáculo de Davi'' (Atos 15.16).
9. As datas anuais de festas marcadas para Israel mostravam ampla separação entre as festas que prefiguravam a morte e ressurreição de Cristo e o Pentecostes, e as festas que falavam da união e benção de Israel.
10. Romanos 9-11 contribuem para o parêntese, especialmente o futuro da oliveira no capítulo 11.
11. A revelação da Igreja como um corpo requer um parêntese entre os tratamentos de Deus passados e o seu tratamento futuro com a nação de Israel.
12. A consumação do presente parêntese é de tal natureza que retoma os acontecimentos interrompidos da última semana de Daniel.''
Pentecost argumenta que a profecia não poderia ter um cumprimento literal se não houver os parênteses nos grandes planos proféticos. Isso porque em muitas profecias os acontecimentos não são consecutivos.
Tal intervalo na profecia de Daniel está de acordo com o princípio estabelecido na Palavra de Deus.
III- A NECESSIDADE DO INTERVALO:
Em Daniel 9.26 apresentam acontecimentos que necessitam de um intervalo, assim entende Dwight Pentecost:''Dois grandes acontecimentos ocorrem após a sexagésima nona semana e antes da septuagésima semana: a morte do Messias e a destruição da cidade e do templo em Jerusalém. Esses dois acontecimentos não ocorreram na septuagésima semana, pois esta não nos é introduzida até o v.27, mas num intervalo entre a sexagésima nona semana e a septuagésima semana. Será observado que a morte do Messias ocorreu apenas alguns dias depois do término da sexagésima nona semana. Se alguns dias de intervalo são permitidos, não é difícil admitir a possibilidade de um intervalo de quarenta anos. Se um intervalo de quarenta anos é permitido, não é difícil ver que o intervalo pode estender-se pela presente era.''
Como é considerado pelo estudo do Novo Testamento que Israel foi deixado de lado (Mateus 23.37-39), isso ocorrerá até a restauração do mesmo. Isso por si só já exige esse intervalo entre as Semanas.
Se a Última Semana de Daniel já foi cumprida, logo as seis bênçãos mencionadas na profecia das Semanas deveriam também serem cumpridas á nação de Israel. O fato é que nenhuma delas fora experimentada pela nação. Uma vez que a Igreja é distinta de Israel, tais bênçãos não pode cumpri-las agora.
É necessário que o leitor entenda que estas bênçãos se cumprirão literalmente, uma vez que Deus cumprirá o que prometeu, Ele irá honrar a sua palavra com Israel.
A rejeição de Israel ao Messias até a consumação das promessas estão separadas por esse intervalo.
Outro ponto a ser considerado é que as bênçãos prometidas ao povo de Israel estão associadas á Segunda Vinda (Romanos 11.26,27). Pentecost atesta que se não houvesse esse intervalo, a Segunda Vinda já era para ter acontecido entre os três anos e meio ou sete anos após da morte de Cristo para que tais promessas fosse cumpridas.
Já que o retorno do Senhor ainda é aguardado, deve haver tal intervalo entre a penúltima e a última semanas da profecia de Daniel 9.24-27.
Vamos agora deixar que o próprio John Dwight Pentecost conclua sua argumentação:
''Finalmente, ao lidar com a profecia, o Senhor prevê um intervalo. Mateus 24.15 faz referência á vinda do ''abominável da desolação'', e esse é um sinal para Israel de que a grande tribulação se aproxima (Mateus 24.21). Mesmo nessa hora, porém, há esperança, pois ''logo em seguida á tribulação daqueles dias [...] verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória'' (Mateus 24.29,30). Desse modo, o Senhor coloca a septuagésima de Daniel no final dos tempos imediatamente antes do Seu segundo advento á terra. Associado a isso Atos 1.6-8, vemos que toda era de duração indeterminada estará interposta entre a sexagésima nona semana e a septuagésima semana da profecia. A única conclusão deve ser que os acontecimentos da septuagésima semana ainda não foram cumpridos e aguardam cumprimento literal no futuro.''
Quero encerrar este artigo levantando uma questão para o próximo: sabemos que os que não segue a linha dispensacional têm a posição de que as 70 Semanas de Daniel se cumpriram na íntegra. Mas será que temos essa mesma posição entre os dispensacionalistas? E se houver quais os argumentos usados para defesa desta posição?
É o que veremos no próximo artigo!!!
FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: John Dwight Pentecost.
EDITORA: Vida.