A QUESTÃO DO INTERVALO - DEREK WALKER

O INTERVALO ENTRE A PENÚLTIMA E A ÚLTIMA SEMANAS DE DANIEL 


INTRODUÇÃO:

No artigo anterior mostramos que as 70 Semanas de Daniel apresenta um Intervalo entre a Sexagésima nona e a Septuagésima Semanas, as duas Últimas estão separadas por um intervalo de tempo indeterminado.

A compreensão das 70 Semanas é uma chave de Interpretação das Profecias Bíblicas, e elas facilitam nosso entendimento quanto ao propósito, natureza e alvo da Grande Tribulação. É ideal que o leitor leia os artigos anteriores sobre a Grande Tribulação, pois neles temos uma sequência de pensamentos e idéias que estamos desenvolvendo nesta série.

No último artigo encerramos dizendo que há uma proposta feita por um dispensacionalista sobre a posição de que as 70 Semanas foram cumpridas integralmente, sem o Intervalo que é proposto pela maioria dos dispensacionalistas. Tal posição é do professor Derek Walker, o mesmo temos utilizado no nosso material.
E esta segunda parte será para abordamos esta posição, embora que o autor está de acordo que haverá os 7 anos da Tribulação, mas ele coloca como uma repetição da Septuagésima Semana anterior.

Antes de iniciar os argumentos de Walker, desejo orientar o nosso leitor que nosso objetivo não é debater as questões escatológicas, mas trazer ao conhecimento do povo de Deus a variedades de pensamentos na Teologia com respeito aos Últimos Dias.

I- O CONCEITO GERAL DA GRANDE TRIBULAÇÃO DE DEREK WALKER:

O professor Walker destaca a Grande Tribulação como uma das chaves de interpretação das profecias bíblicas relacionadas com os Últimos Dias, sobre isso ele abre a discussão:

''Os profetas viram a Primeira e a Segunda Vindas do Messias (os sofrimentos e a glória), mas não o tempo entre as duas, que era um MISTÉRIO para eles. Eles também viram que, antecedendo a Segunda Vinda, haveria um tempo peculiar, marcado pelo mal e pela aflição incomparáveis na terra, que, para Israel em particular, seria sem par em toda a História.''

Derek crer que o Intervalo está ligado entre as Duas Vindas de Cristo, a Primeira e a Segunda, ele aborda o mesmo assunto em seu livro PROFECIAS DO FIM DOS TEMPOS - VOLUME 1.

Em seguida o autor cita as referências de Daniel 12.1,2; Jeremias 30.3-11. Ao citar a última referência bíblica, Derek diz que o cumprimento ocorreu em 1948 (Jeremias 30.3). Em seguida os textos apontam para um período sombrio para o povo de Israel, conforme o que se segue a partir do verso 4 até o verso 8. Os versículos que se seguem apontam para o Milênio (trataremos sobre este assunto em outra oportunidade).

Walker entra no assunto da Tribulação nestes termos:

''Veremos ainda a origem da Tribulação na profecia das 70 Semanas de Daniel (9.24-27). Ela nos diz que esse tempo durará sete anos (a Septuagésima semana - v.27), dividido em duas metades ( o que é confirmado em Apocalipse pelas recorrentes referências a período de três anos e meio). Por ser pior, a segunda metade é chamada de Grande Tribulação, e é iniciada quando o anticristo quebra seu pacto com Israel, tomando o Monte do Templo e nele instalando sua Abominação da Desolação. Logo depois, ele estabelece sua ditadura mundial, imposta pela marca da besta (Apocalipse 13).''

Como falamos anteriormente, Derek comunga do pensamento geral dos dispensacionalistas que o período Tribulacional durará 7 anos, mas o ponto que difere ele dos demais começa nestas palavras:

''A razão para os sete anos futuros de Tribulação sob o jugo do anticristo é a rejeição a Cristo, após os sete anos de graça (a Septuagésima semana original: 26-33 d.C.). Esses sete anos são reprisados como um tempo de julgamento, mas eles também dão a Israel uma segunda chance de receber o Rei o seu Reino, o que a nação fará ao clamar o Nome do Senhor Jesus Cristo para salvá-la do anticristo, na batalha do Armagedom.''

Tivemos em outra oportunidade quando estudamos sobre a data que dá o inicio a contagem das 70 Semanas, apresentamos vários comentários, e um deles foi do autor, o mesmo propõe o ano 458 a.C. para o inicio da contagem das 70 Semanas de Daniel. Para o autor a Septuagésima semana se deu por volta de 26-33 d.C. com os ministérios de João Batista e do próprio Senhor Jesus, cada um com três anos e meio cada, totalizando os sete anos.

E são estes sete anos que para Derek Walker as 70 Semanas se cumpriram em sua totalidade sem interrupções, mas o Reino proposto foi adiado devido a rejeição ao Messias por parte dos judeus, e estes sete anos. Os sete anos da Tribulação não foram descartados para Walker, mas ele não entende por caso de um Intervalo entre a Penúltima e a Última Semana como a maioria dos dispensacionalistas fazem, mas serão uma repetição daqueles sete anos anteriores, como vimos na sua abordagem.

E a partir de agora iremos deixar que o próprio autor desenvolva sua linha de pensamento.

II- AS 70 SEMANAS DE DANIEL NA VISÃO DE DEREK WALKER:

Esse ponto já foi tratado em outros artigos, mas vamos resumir um pouco para chegarmos ao ponto principal que é a sequência das Semanas sem o Intervalo entre a penúltima e a última.

Para Derek as 70 Semanas são importantes para que o estudante da escatologia bíblica possa compreender as profecias do Antigo Testamento e do Novo Testamento que estão interligadas, e que nos prepara para os futuros desenvolvimentos da Nova Aliança.
As 70 Semanas ainda nos fornecem a compreensão do Intervalo entre as Duas Vindas, o adiamento do Reino Messiânico, a Era da Igreja e o restabelecimento do Reino no futuro.

Depois o autor fala que essas semanas não podem serem entendidas como dias e sim com anos, então, como já abordamos anteriormente que as 70 Semanas são 490 anos que Deus preparou para que Israel fosse preparado para receber o Reino prometido pelas alianças e profecias.
E assim a Septuagésima semana segue a mesma interpretação das outras 69 anteriores, cada uma representa 7 anos, mas no caso da Última os sete anos serão divididos em duas partes de três anos e meio cada uma.

Derek Walker entende como os demais dispensacionalistas que estas Semanas estão intimamente ligadas com o povo de Israel conforme a própria profecia de Daniel 9.24, e elas tem um propósito definido para este povo com seis coisas até o fim deste tempo.
Cessar a transgressão, dar fim aos pecados, para expiar a iniquidade. Isso foi cumprido por Cristo quando Ele morreu na Cruz. Mas também com base na morte de Cristo as três demais coisas futuras relacionadas ao Reino sucederão como cumprimento da profecia: trazer a justiça eterna, selar a visão e profecia e ungir o Santo dos Santos. Estas três últimas envolve o Reino Milenar e serão cumpridas na Segunda Vinda.

Os 490 anos apontam um tempo determinado por Deus em que o Reino será totalmente restaurado, a fim de que o mesmo seja instaurado em Israel. Estas 70 Semanas, já com a Última foca a época em que Israel receberá o seu Rei Messias, então o Filho de Davi irá governar na terra a partir de Jerusalém. Mas para isso Israel tem que aceitar primeiro as três coisas que Jesus Cristo cumpriu na profecia das Semanas, elas estão no caráter salvífico, só assim o restante do plano será concluído.

Depois o autor aborda a questão da contagem das Semanas, a partir de 458 a.C. e justifica essa data, onde já discutimos nesta série.
Mas chamamos atenção do leitor para as palavras do autor:

''O tempo da apresentação do Messias a Israel se inicia após os 49+434 anos = 483. Portanto, o fim dos 483 anos (26 d.C.) é o começo do tempo da apresentação do Messias a Israel.''

Com o cálculo feito a partir de 458 a.C. os 490 anos se encerram no ano 33 d.C, para o Derek depois da Cruz, Jesus estaria pronto para inaugurar o Reino naquele mesmo ano. Derek assim destaca:

''Isso deixa ao MESSIAS apenas sete anos para cumprir a profecia, que previa que após os 490 anos a Era do Reino começaria, o tempo do ''Messias Rei''. Esses sete anos finais da profecia de Daniel, o tempo do Messias Príncipe e Seu ministério a Israel, deveriam iniciar em 26 d.C. e terminar em 33 d.C. (de acordo com Daniel).''

O autor ainda advoga que o início oficial do tempo do Messias foi quando João Batista começou a ministrar a Israel. Ele considera que os Evangelhos começam a história do ministério de Cristo e Sua apresentação a Israel com o ministério de João. Walker recorre as Escrituras em (Mateus 11.9-13; Lucas 3; Isaías 40.3-5 com Mateus 3.3; Mateus 3.2; Atos 1.21,22; Mateus 21.45).
Para Derek o cumprimento da profecia das 70 Semanas exige o ano 26 d.C.

III- A SEPTUAGÉSIMA SEMANA ORIGINAL - 26-33 D.C.:

Derek Walker crer na possibilidade que as 70 Semanas foram cumpridas sem o Intervalo, e a Septuagésima semana, ele a chama de a ''Ultima Semana Original'', assim, ele o faz devido a possibilidade do cumprimento delas entre 458 a.C. á 33 d.C.
Mas como Derek resolve a questão da Última Semana nos Últimos Dias?  Como fica a questão da Grande Tribulação, que é entendida pela maioria dos pré-tribulacionistas como a Septuagésima Semana?

Walker inicia a partir deste ponto:

''Em algum momento, após os 483 anos - depois que a apresentação do Messias começar - , Ele será morto em nosso favor.''

Como já sabemos os 483 anos são as 69 Semanas (70 x 69), isso fica claro no próprio texto de Daniel 9.26: ''Depois da sessenta e duas semanas, será morto o UNGIDO e já não estará''. O Messias começa no fim das 62 Semanas, e assim que Ele cumprisse Seu ministério seria morto, isso não pelos seus pecados, mas pelos nossos pecados. 
Os últimos sete anos na visão de Derek, como vimos, encerrou no ano 33 d.C., Jesus foi morto, neste caso no fim das 70 Semanas. 

O autor cita os Banquetes e as Estações descritos no Evangelho de João e também em Lucas 13.7, que o ministério de Cristo durou três anos e meio. Para ele, João Batista deve ter também ministrado os três anos e meio anteriores ao de Cristo. Walker faz alusão a tipificação do ministério de Elias.
E assim a Septuagésima Semana original foi dividida em duas partes - sete anos divididos em 2 x 3/6 meses, da mesma forma será os mesmos sete anos da Tribulação, no qual para Derek serão reprisados.

Derek alude que a profecia se calou de forma estranha com respeito aos sete anos do Messias (a Septuagésima Semana de Daniel), onde após estes anos, o Reino deveria ser estabelecido. Mas, como o autor propõe que estes anos foram deixados em branco, menos a menção da morte redentiva do Messias no fim desses sete anos.

''De acordo com o versículo, o fim da Septuagésima semana (33 d.C.), Jesus Cristo deveria morrer pelos nossos pecados e estabelecer o Reino. Ele, de fato, morreu e estabeleceu a Nova Aliança em Seu sangue e estava pronto para instaurar o Reino naquele ano, cumprindo a profecia dos 490 anos, mas algo (antecipado no versículo 26) aconteceu para atrasar isso.''

A morte do Messias estava prevista na profecia, mesmo que o Reino fosse instaurado naquele ano 33 d.C, a morte de Cristo também ocorreria, uma vez que Ele é o Salvador Rei. O Messias não instaurou o Reino na Primeira Vinda, apenas cumpriu o propósito de Sua morte, dando início a Nova Aliança, como foi dito pelo autor.

''Em seguida, a profecia do versículo 26 continua, e há outro estranho desenvolvimento. Em vez de vermos o Messias estabelecendo o Reino, temos: ''[...] e o povo [os romanos] de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio e até o fim haverá guerra; desolações são determinadas'' (cumprida na guerra ocorrida entre 66 e 73 d.C., quando Roma destruiu Jerusalém e dispersou Israel entre as nações). Algo deu terrivelmente errado! Tal destruição e julgamento sobre Israel só poderia significar que a nação rejeitou seu Messias.''

Assim o Reino não foi estabelecido no final da Septuagésima Semana Original.

IV- A SEPTUAGÉSIMA SEMANA REPETIDA NA GRANDE TRIBULAÇÃO:

Derek Walker pergunta:

''Mas como Deus cumprirá a profecia dos 490 anos, da forma como Ele deve cumpri-la?''

Ele mesmo responde:

''Louvemos a Deus que ''[...] muda o tempo e as estações [...]'' (Daniel 2.20-22). Deus faz algo especial com os últimos sete anos do cronograma de Israel, sobre o que, até agora, a profecia se calou. Por terem rejeitado seu Rei e Reino, Ele oficialmente os desligou (Lucas 13.4-8; Atos 7), parou Seu relógio e cancelou Seus últimos sete anos (26-33 d.C., o tempo da apresentação do Messias). Essa é a razão pela qual os sete anos (26-33 d.C.) são excluídos do versículo 26.''

Observe o leitor que Walker não somente propõe o cumprimento original da Última Semana como também ele argumenta que a mesma foi cancelada devido a rejeição do povo de Israel ao seu Messias.

''Ele lhes dará uma segunda chance, deixando que os sete anos (a Septuagésima semana de Daniel) corram novamente para Israel no fim da era, após os quais Cristo retornará para estabelecer o Reino e será recebido por uma Israel que crerá Nele.''

Como já foi dito; embora o autor considera que a ÚLTIMA SEMANA deu-se por cumprida e não houve o INTERVALO proposto pelos demais DISPENSACIONALISTAS, o autor não está de acordo com a visão preterista de que tudo se cumpriu no passado que até mesmo o Senhor Jesus voltou entre os anos 66-73 d.C. para aquela geração que presenciou a destruição de Jerusalém, mas tal Vinda se deu de forma espiritual, como eles declaram.
Derek aceita que embora houvesse o cumprimento total dos 490 anos, como temos mostrado, ele considera os sete anos da Tribulação.

''A diferença é que esses serão sete anos de Tribulação sob o julgo do anticristo, em vez de sete anos de graça sob a tutela de Cristo.''

Os 7 anos anteriores Cristo se apresentou como Rei, mas nos sete anos posteriores, o anticristo se apresentará como rei. O autor nos lembra ainda que os dois períodos de 7 anos estão divididos em duas partes de três anos e meio cada, com as duas segundas partes chegando no seu clímax. Nos 7 anos originais, o clímax foi a morte do Messias na segunda metade, e na segunda metade dos 7 anos da Grande Tribulação o clímax será o anticristo quebrando o acordo de paz proposto na profecia de Daniel 9.27.

''Assim, o versículo 24 será literalmente cumprido, porque o Reino será estabelecido após os 490 anos no relógio de Israel.''

A Igreja está inserida entre os sete anos originais e os sete anos da Tribulação, a entrada da Igreja faz também com que o Reino fosse atrasado. E neste contexto Derek fala que ''há um INTERVALO entre os dois conjuntos de sete anos, preenchido pela Era da Igreja (não mencionada, porque era um Mistério).

Para corroborar com seu argumento o autor fez uso da tipologia bíblica:

''O precedente e a tipologia para isso são os sonhos do Faraó no tempo de José (Gênesis 41), em que sete vacas magras devoram sete vacas gordas e sete espigas mirradas, devoram sete espigas cheias.''

O autor entende que isso faz alusão aos sete anos de prosperidade sendo ''devorados'' por sete anos de escassez e aflição que virão depois. Isso o autor liga com aqueles sete anos com o Messias e os sete anos com o anticristo.
Uma vez que José foi um tipo de Cristo no Antigo Testamento, e os acontecimentos que ocorreram em seu tempo são semelhantes ao que ocorreram com Cristo, principalmente a rejeição de ambos pelos seus irmãos e o reencontro com eles. Derek compreende que da mesma forma que os irmãos de José se arrependeram diante dele, os judeus irão se arrepender diante do ''Seu irmão'' Jesus, o Messias!

Depois o autor entra na questão da Grande Tribulação em si, fazendo também eco com os demais dispensacionalistas.

PALAVRA DO BLOGUE:

Seguimos a linha de Interpretação Dispensacionalista mais tradicional que considera o Intervalo entre a Sexagésima Nona Semana e a Septuagésima Semana, mas compartilhamos da mesma posição do professor Derek Walker no tocante ao período Tribulacional. Escolhemos por como um contra-ponto seus argumentos posteriormente ao artigo que considera o Intervalo entre as Semanas Proféticas para que o leitor possa conhecer e entender está posição sobreposta das Semanas.

NO PRÓXIMO ARTIGO COMEÇAREMOS A TRATAR DA POLITICA NO PERÍODO DA TRIBULAÇÃO E O SURGIMENTO DO ANTICRISTO.

FONTE: PROFECIAS DOS TEMPOS DO FIM - VOLUME 1.
AUTOR: DEREK WALKER.
EDITORA: RHEMA BRASIL - PUBLICAÇÕES.


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