ISRAEL NA TRIBULAÇÃO - PARTE V

A IDENTIDADE DA MULHER DE APOCALIPSE 12 - PARTE 2


INTRODUÇÃO:

No nosso artigo introdutório já identificamos os outros personagens do texto, o dragão (satanás) e o filho varão (Jesus Cristo). A partir de agora nossa atenção será dispensada para a ''Mulher''.

A concordância geral dos comentaristas aponta a identidade dos dois como apresentamos anteriormente. A divergência na interpretação cabe na identidade principal da passagem, a ''Mulher''.
Vamos trabalhar nas principais e apontar aquela que mais fica de acordo com as Escrituras.

I- FALSAS INTERPRETAÇÕES:

As vezes fica mais fácil interpretar um texto bíblico começando por aquilo que ele não é do que ele é. Assim para chegarmos numa interpretação mais sólida vamos desconstruir as falsas.
A principal delas é a posição de que essa ''Mulher'' fosse Maria. A maternidade da mãe do Salvador seria a única razão para essa interpretação, mas ela encontra algumas dificuldades que tornam Maria fora dessa realidade, Maria nunca foi perseguida e nem fugiu para o deserto e jamais foi sustentada por 1260 dias.

Já para outros essa ''Mulher'' fosse a Igreja. O argumento é que ela está trabalhando para trazer Cristo ás nações. Tal interpretação é fundada na alegorização do texto, já vimos que tal princípio de interpretação deve ser rejeitado. Como a Igreja não produziu Cristo, mas a mesma foi produzida por Ele. A mesma não é vista na terra nos capítulos de 4 á 19 de Apocalipse, a Igreja não essa ''Mulher''.

Já para alguns de uma denominação especifica, a identidade da ''Mulher'' é a mulher que era a líder desse movimento denominacional. Tal interpretação vem de algum tipo de desvaneio louco da imaginação de algum indivíduo.

Logo essas três apresentadas não satisfaz as exigências da interpretação bíblica.

II- A INTERPRETAÇÃO PRÉ-MILENARISTA:

A nação de Israel tem sido a interpretação dos dispensacionalistas, entre os quais eu me incluo. Vamos considerar as razões que apoiam essa interpretação:
Voltamos recorrer a Gaebelein, e o mesmo argumenta:

''Apocalipse, capítulos de 11 a 14, leva-nos profeticamente a Israel, á terra de Israel e á tribulação final de Israel, ao tempo de angustia de Jacó e a salvação do remanescente fiel. O cenário de Apocalipse 11 é ''a grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado''. Aquela cidade não é Roma, mas Jerusalém. O capítulo 12 começa uma profecia conectada, terminando com o capítulo 14.''

Temos ainda o argumento de Grant ao comentar sobre Apocalipse 11.19: ''A arca, então, vista no no templo no céu, é o sinal da graça não esquecida de Deus com Israel [...].
Logo, o contexto dessa passagem mostra que Deus está lidando com Israel novamente.

Devemos considerar que muitas vezes no Antigo Testamento, o sol, a lua e as estrelas foram usados como referência a Israel. Quando José relatou o seu sonho aos seus irmãos em Gênesis 37.9, os filhos de Jacó são claramente entendidos na interpretação do sonho. Podemos comparar ainda com as seguintes passagens de Jeremias 31.35,36; Josué 1-.12-14; Juízes 5.20; Salmos 89.35-37. Nelas, os corpos celestes são associados com á história de Israel.

Podemos inclui o significado do número doze, além de representar as doze tribos de Israel, o mesmo ainda é usado nas Escrituras como um número governamental.
Darby aponta:

''...após a questão da salvação pessoal ou do relacionamento com Deus, dois grandes temas se apresentam nas Escrituras: a igreja, aquela graça soberana que nos dá um lugar junto ao próprio  Cristo na glória e na benção; e o governo de Deus no mundo, do qual Israel forma o centro e a esfera imediata.''

A ''Mulher'' de Apocalipse 12 representa aquilo que deverá demonstrar o governo divino na terra, Israel sendo o instrumento escolhido por Deus para esse fim. Essa deve ser a identidade da ''Mulher''.

III- OS TERMOS USADOS NAS ESCRITURAS:

O termo mulher foi usado oito vez no capítulo 12 de Apocalipse, o pronome ela também foi usado oito vezes em relação á ''Mulher''. O termo também foi usado muitas vezes no Antigo Testamento em referência a nação de Israel. E assim foi usado em Isaías 47.7-9; Jeremias 4.31; Miquéias 4.9,10; 5.3 e Isaías 66.7,8. Enquanto a Igreja é chamada noiva, ou virgem casta, jamais a encontramos aludida como mulher.

Como vimos no artigo anterior que a identidade do dragão é o próprio diabo. O termo dragão foi usado nas Escrituras em referência algum inimigo especifico de Israel. O nome apicado á satanás nesse capítulo é devido que todos os outros perseguidores que prenunciavam esses acontecimentos levaram o nome de dragão. O termo dragão identifica o perseguidor de Israel nos tempos finais, com base nos empregos anteriores das Escrituras.

Outro termo é o deserto. Esse esta aludido como o lugar de refúgio dado a ''Mulher'' na sua fuga (Apocalipse 12.14). O deserto também tem sua singularidade na história do Israel nacional. Ele foi levado ao deserto da terra do Egito (Ezequiel 20.36). Ao se recusar em servir ao Senhor na terra prometida, retornou ao deserto por quarenta anos. Ezequiel revela que a descrença de Israel foi o propósito de Deus levar Israel ao deserto (Ezequiel 20.35).
Oséias revela que no período em Israel passaria no deserto, Deus seria misericordioso com ele (Oséias 2.14-23).

Voltando ao filho varão. Já sabemos que sua identidade está relacionada com o próprio Senhor Jesus Cristo. Vamos fortalecer esse argumento com as Escrituras. Miquéias 5 e Apocalipse 12 nos ajuda a identificar a ''Mulher'' como Israel. Em Miquéias 5.2 aparece o nascimento do rei. E por causa da rejeição desse rei, a nação é entregue e deixada de lado com ''dores de parto até ter dado a luz'' (Miquéias 5.3), isto é, até o cumprimento do propósito de Deus. Tal plano foi apresentado em Apocalipse 12.

Para fecharmos esse artigo iremos usar o comentário de Kelly que mostra como essa profecia deve ser entendida:

''...junto com o cumprimento do propósito de Deus em relação a Israel [...] Cristo nasceu (Miquéias 5.2); daí vem a Sua rejeição [...] a profecia deixa de lado tudo o que se relaciona á igreja e retoma o nascimento de Cristo figuradamente, ligando-o ao desenrolar do propósito divino, simbolizado por um nascimento [...] Aqui ele é colocado figuradamente, como Sião em trabalho de parto até o nascimento desse grande propósito de Deus relativo a Israel [...] quando o propósito terreno de Deus começa entrar em ação nos últimos dias, o remanescente daquele período fará parte de Israel e tomará o seu antigo lugar judeu. Os ramos naturais serão enxertados na sua própria oliveira.''

Estaremos finalizando no próximo artigo.

FONTE: Manual de Escatologia
AUTOR: John D. Pentecost
EDITORA: Vida.




Comentários

Postagens mais visitadas