ALIANÇA ABRAÃMICA - FINAL
A ALIANÇA ABRAÂMICA JÁ SE CUMPRIU?
Com esse artigo iremos concluir o nosso estudo sobre a Aliança Abraâmica que é a primeira das alianças escatológicas. E finalizamos com um debate sobre seu cumprimento.
De um lado temos os que não veem algum cumprimento futuro dessa Aliança, pois a mesma já teve seu cumprimento no passado. Temos esse pensamento nas palavras de Murray, um dos representante dessa visão, quando diz:
''Há ampla evidências na Palavra de que Deus cumpriu a promessa feita a Abraão e á sua descendência de que possuiriam Canaã. Hoje, as cinzas de Abraão, de Isaque e de Jacó estão misturadas no solo da ''caverna de Macpela, fronteira a Manre [...] na terra de Canaã;'' que Abraão comprou ''em posse de sepultura''. Ele possuiu Canaã durante sua vida terrena, e suas cinzas repousam em Canaã até a ressurreição. O mesmo pode ser dito de sua descendência, Isaque e Jacó, ''herdeiros com ele da mesma promessa''. Certamente Deus cumpriu a promessa de dar a Abraão e á sua descendência um lugar permanente na terra.''
Murray cita Gênesis 15.13,14, depois diz:
''Essa aliança não inclui a palavra ''perpétua'', embora que alguns afirmem que seus termos ainda serão plenamente cumpridos, e que os israelitas jamais possuíram a terra na dimensão aqui descrita. Felizmente, a Palavra de Deus nos dá a resposta irrevogável e verdadeira também nesse caso. Convidamos o leitor a abrir a Bíblia em 1 Reis 4.21,24 em que lemos: ''Dominava Salomão sobre todos os reinos desde o Eufrates até a terra dos filisteus e até a fronteira do Egito [...] Porque dominava sobre toda região [...] aquém do Eufrates, desde Tifsa até Gaza, e tinha paz por todo o derredor.''
O sustento do argumento histórico de um cumprimento da Aliança Abraâmica vem a custa da negação que a mesma foi eterna em seu caráter. Veja o que o amilenarista fez com o a palavra perpétua de Gênesis 17.8, o mesmo Murray citado:
''O literalista nos lembra da palavra perpétua, que para ele é a palavra mais importante aqui. Somos frequentemente lembrados que ''perpétua'' significa PARA SEMPRE. Isso não livra o literalista de dificuldades. A posse humana de qualquer porção da terra nunca é permanente. ''Aos homens está designado a morrer uma vez, e depois disso o juízo.'' A posse e os contratos relativos a coisas materiais precisam ter fim. O que, então Deus quis dizer? O que Abraão teria entendido pela palavra ''perpétua''? Se um homem é ameaçado de ser expulso de sua casa, e um amigo de comprovada capacidade para cumprir promessas lhe promete que o homem possuirá aquela casa para sempre, como interpretar essas palavras? Ele não esperaria viver ali para eternamente. O máximo que poderia esperar é passar ali toda sua vida terrena e repousar ali suas cinzas depois da morte. Foi isso que Deus claramente prometeu a Abraão e cumpriu. Ele possuiu a terra de Canaã em todos os sentidos em que um homem pode possuir uma terra.''
Se torna inútil tentar afirmar que a posse pactual da terra se cumpre nas cinzas de Abraão que repousam no solo de Canaã,
Peters escreve seu argumento favorável ao cumprimento histórico da Aliança:
''Afirmar que tudo isso foi cumprido na ocupação da Palestina pela posse preparatória ou inicial dos descendentes de Abraão não é apenas contradito pelas Escrituras, mas uma limitação virtual da promessa. kurtz [...] observa, como também a história confirma que os descendentes jamais possuíram a terra prometida a Abraão desde o Nilo até o Eufrates....''
O argumento de Peters ganha um peso maior, quando ele diz;
''Seja lá que se possa dizer sobre a posse temporária de Canaã [...] seja lá o que se afirme com respeito ao fato de os descendentes ainda estarem ''em seus lombos'' etc., uma verdade é afirmada na Bíblia de maneira inequívoca, a saber, que a promessa não foi cumprida nos patriarcas, em nenhuma das formas propostas pela incredulidade de alguns. O Espírito, prevendo essa mesma objeção, ofereceu prova contrária, para que a nossa fé não tropeçasse. Assim Estevão, cheio do Espírito Santo, diz (At 7.5) que ''nela [Deus] não lhe [Abraão] deu herança, nem sequer o espaço de um pé; mas prometeu dar-lhe a posse dela e, depois dele, á sua descendência, não tendo ele filho''. Esse deveria ser um argumento decisivo, especialmente quando confirmado pelo autor de Hebreus (9.8,9; 11.13-40), que nos informa expressamente que os patriarcas foram peregrinos ''na terra da promessa'', a qual devemos receber ''como herança'', e foram ''peregrinos e estrangeiros'' e que ''morreram na fé, sem ter obtido as promessas, vendo-as porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra''. Com tantas provas diante de nós, como podemos atribuir somente á posteridade o que é diretamente afirmado a respeito deles?''
Quando olhamos para essa Aliança, com promessas individuais a Abraão, promessa de preservação de uma nação e promessas da posse de uma terra por essa nação, a mesma foi dada a um povo pactual específico. Sendo incondicional e eterna, e que nunca fora cumprida, está sendo aguardado seu cumprimento no futuro. Até lá, Israel deverá ser preservado como nação para herdar sua terra e ser abençoado com bênçãos espirituais que tornam possível essa herança.
E podemos concluir com Walvoord de maneira correta:
''A reintegração de Israel é o ponto culminante da grande estrutura doutrinária relacionada á aliança abraâmica. Ao terminar nosso exame dessa aliança e de seu relacionamento com o pré-milenarismo, nossa atenção deve voltar-se uma vez mais á importância estratégica dessa revelação para a verdade das Escrituras. Já observamos que a aliança incluía provisões não só para Abraão, mas para a sua descendência física, Israel, e para sua descendência espiritual, todos os que seguem a fé de Abraão quer judeus quer gentios dessa era. Demonstramos que Abraão interpretou a aliança de forma literal, sobretudo com referência a sua descendência física. O caráter incondicional da aliança foi demonstrado - uma aliança que dependia somente da promessa e da fidelidade de Deus. O cumprimento parcial registrado até o presente confirma a intenção divina de dar pleno cumprimento ás Suas promessas. Demonstramos que a promessa feita a Israel de possuir para sempre a terra é parte fundamental e conclusão inevitável das promessas gerais feitas a Abraão e confirmadas a seus descendentes. A continuidade de Israel como nação, implícita nessas promessas, é sustentada pela confirmação contínua em ambos os testamentos. Foi demonstrado que a igreja do Novo Testamento de maneira alguma cumpre essas promessas dadas a Israel. Por fim, a restauração de Israel como o resultado natural dessas promessas foi apresentada como ensino expresso de toda a Bíblia, Se essas conclusões, obtidas depois de cuidadoso exame das Escrituras, são sadias e razoáveis, conclui-se que o pré-milenarismo é o único sistema satisfatório de doutrina que se harmoniza com a aliança abraâmica.
A partir do próximo artigo das alianças escatológicas iremos estudar a Aliança Palestinica ou Aliança de Canaã.
FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: J. D. Pentecost.
EDITORA: Vida.
Comentários
Postar um comentário