A IGREJA E A ESCATOLOGIA - V
AS BODAS DO CORDEIRO
O Arrebatamento ocorrerá antes do início da Grande Tribulação, esse blogueiro defende a visão pré-tribulacionista, aconselho o leitor ler nossas três visões apresentadas nesta série. A Igreja passará sete anos nos céus enquanto na terra os juízos de Deus serão derramados e Israel sendo preparado para receber o seu Rei-Messias.
O evento seguinte ao Tribunal de Cristo será as Bodas do Cordeiro, popularmente conhecido como o Casamento de Cristo com a Igreja. Neste artigo iremos discorrer sobre esse assunto, construindo argumentos dentro das Escrituras por meio dos simbolismo no Antigo Testamento que apontavam para esse evento eterno que nós como a Nova aguardamos ansiosamente.
I- CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O TERMO:
Após a avaliação de Cristo das obras de seus servos diante do Tribunal, Ele, então, conduzirá sua Nova apaixonada para o Palácio Real, onde se encontra a ''sala do banquete'' (Cantares 2.4), quando então terão início as Bodas do Cordeiro.Em muitos trechos do Novo Testamento a relação entre Cristo e a Igreja é revelada pelo uso das figuras do noivo e da noiva (João 3.29; Romanos 7.4; 1 Coríntios 11.2; Efésios 5.25-33; Apocalipse 19.7,8; 21.1-22.7). No arrebatamento da Igreja, Cristo aparece como o noivo que leva a noiva consigo, para que o relacionamento que foi prometido seja consumado e os dois se tornem um.
As Bodas do Cordeiro são uma preciosa revelação para os corações de todos os filhos de Deus; os anjos, os santos do Antigo Testamento ali estarão a cantar (Apocalipse 19.7).
Essa hora é revelada nas Escrituras como algo que ocorrerá entre o arrebatamento e a Segunda Vinda de Cristo. Antes do Arrebatamento a Igreja ainda aguarda essa união.
O texto de Apocalipse 19.7 nos revela que as bodas já teriam ocorrido na Segunda Vinda, pois ali é declarado ''são chegadas as bodas do Cordeiro''. O termo grego usado no tempo aoristo é êlthen, traduzido por ''chegadas'', significando ato concluído, mostrando que as bodas já foram consumadas.
As Bodas tem que seguir ao Bema de Cristo, uma vez que a Igreja aparece adornada com os atos de justiça dos santos (Apocalipse 19.8), isso é uma alusão as coisas que foram julgadas e aceitas no Tribunal de Cristo. Assim as Bodas ocorrerão depois do Tribunal e antes da Segunda Vinda.
II- ANALOGIA DO CASAMENTO NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTOS:
As Escrituras Sagradas se utilizam da figura do casamento, ou mesmo de outra ocasião festivas para simbolizar a glória espiritual final e alegria dos fieis servos de Deus.Depois que o Senhor julgar a grande prostituta, Babilônia, que vem descrita mística e literalmente nos capítulos 17 e 18 de Apocalipses, é que o Senhor apresentará Sua esposa, uma virgem pura (2 Coríntios 11.2). Devemos notar que no Novo Testamento que a Noiva do Senhor não pode ser confundida com uma mulher poliandra.
No Antigo Testamento, alguns interpretam Cantares de Salomão como o retrato de Deus sendo o Noivo e Marido da nação de Israel, e alguns têm usado essa mesma interpretação para tratar do relacionamento de Cristo com a Igreja.
Cantares de Salomão faz com que voltamos aos tempos da juventude, aos primeiros tempos da humanidade. Os nomes que ali aparecem dois nomes que, segundo se diz não expressam a idéia comum apenas de um homem, ''Ish'' e aquela que leva o seu nome (Isha em Gênesis 2.23) e sim por Salomão (Shelomo) e Sulamita (Shulamîth). Esse nome que eles trazem provam a necessidade da paz (Shalom) e do perdão divino, para que não haja ''dureza de coração.''
Além dos exemplos bíblicos, o casamento também era tratado nas religiões helenistas como as romanas também empregavam esse simbolismo (o simbolismo das Escrituras), considerando a união entre seus adeptos e o salvador-deus como uma espécie de matrimônio sagrado.
''Os cultos de fertilidade também empregavam tal simbolismo.''
Como já citamos anteriormente, o Novo Testamento tem vários exemplos desta união. A parábola das dez virgens que apontam para uma festa de casamento (abordaremos sobre esse assunto em um outro momento) (Mateus 25.1-13). Já Marcos 2.19,20, Jesus se compara como o noivo e os seus discípulos os convidados. Em João 3.29, João Batista trata Jesus como o noivo, Paulo por sua vez, fez uma menção escatológica sobre esse simbolismo ao dizer que ele apresentava a igreja de Corinto como uma noiva pura para o seu noivo (2 Coríntios 11.2). E por fim Apocalipse 19.7 a Igreja é apresentada como a Noiva adornada ao Noivo.
No tempo presente, a Igreja é retratada como ''noiva'' de Cristo; no período das bodas, porém, como a ''esposa'', a mulher do Cordeiro.
III- A CELEBRAÇÃO DAS BODAS DO CORDEIRO:
Entre os judeus, as bodas eram celebradas durante sete dias com grande alegria (Juízes 14.12,15,17,18). As bodas de Jacó duraram sete dias (Gênesis 29.27,28). A simbologia profética das Escrituras Sagradas, isso aponta para as bodas do Cordeiro durante os sete anos: Jesus também sendo judeu e em termos proféticos um dia é que vale um ano (Números 14.34; Ezequiel 4.6; Jó 4.9).Em Apocalipse é descrito o tempo em que a ''noiva se aprontou.'' Seu vestido é todo bordado e branqueado no sangue do Cordeiro (Salmos 45.14: Apocalipse 22.14), pois ninguém poderá entrar naquela festa com ''vestiduras estranha'' (Sofonias 1.8; Mateus 22.11).
O local das Bodas ocorrerá nos céus, uma vez que segue ao Tribunal de Cristo, que já foi demonstrado como acontecimento celestial, e visto que, quando o Senhor retornar , a Igreja virá nos ares (Apocalipse 19.14).
As bodas devem ocorrer no céu, uma vez que, nenhum outro local será adequado a um povo celestial (Filipenses 3.20).
As bodas do Cordeiro constituem um acontecimento que, evidentemente, inclui Cristo e a Igreja. Em outro momento iremos tratar quanto á ressurreição dos santos do Antigo Testamento que, embora faça parte da Primeira Ressurreição, porém o momento da ressurreição destes acontece em outro momento á parte da Igreja.
A ressurreição dos santos do Antigo Testamento é visto nas Escrituras em Isaías 26.19-21; Daniel 12.1-3, que ocorrerá na Segunda Vinda. Já em Apocalipse 20.4-6 ocorrerá a ressurreição dos santos da Grande Tribulação.
Mesmo que seja impossível de eliminar os santos do Antigo Testamento como observadores do momento das Bodas, eles não ocuparam lugar de posição de participantes do acontecimento em si.
IV- A CEIA DAS BODAS DO CORDEIRO:
Quando nosso Senhor Jesus realizou a última páscoa e instituiu a Ceia, numa expressão de despedida, mas com uma promessa de rever-los, Jesus lhes falou: ''... até aquele dia em que o beba de novo no reino de meu Pai'' (Mateus 26.29).Assim, a ceia das bodas do Cordeiro, serão para o cumprimento desta promessa feita pelo nosso Mestre quando se encontrava no ''cenáculo mobilado e preparado'', dando um ''Até breve''.
Tal celebração ocorrerá sete anos depois das bodas (casamento), por isso se faz necessário diferenciar a Ceia das Bodas das Bodas. As bodas do Cordeiro referem-se particularmente á Igreja e ocorre no céu, evento que acontecerá seguido do Arrebatamento e do Tribunal de Cristo. Já a Ceia (festa) das Bodas (casamento) que incluirá os judeus e gentios, este evento ocorrerá na terra (Mateus 22.1-14; Lucas 14.16-24; Mateus 25.1-13). Estes trechos nos mostra que Israel estará aguardando o Retorno do Noivo e da Noiva para a Ceia das Bodas.
A parábola das bodas tornar-se então uma parábola de todo o período milenar (abordaremos sobre esse período em outra ocasião, para o qual Israel será convidado no período tribulacional, convite que muitos rejeitarão, sendo por isso lançado fora, e muitos aceitarão e serão recebidos.
Por causa da rejeição, o convite será estendido aos gentios, de sorte que muitos deles serão incluídos.
Israel, na Segunda Vinda, estará esperando que o Noivo venha para a cerimônia de casamento e o convite para a Ceia, na qual o Noivo apresentará a Sua noiva para os amigos (Mateus 25.1-13).
Apocalipse 19.9 declara: ''Bem-aventurados aqueles que são chamados á ceia das bodas do Cordeiro'', concordemente há duas interpretações possíveis, segundo os interpretes que dizem:
''É preciso distinguir entre as bodas, que ocorrem no céu e são celebradas antes do retorno de Cristo e a ceia das bodas (Mateus 25.10; Lucas 12.37), que ocorre na terra depois de seu retorno''.
Essa visão prevê duas celebrações, uma no céu antes da Segunda Vinda e a outra após a Segunda Vinda, na terra.
Uma segunda interpretação vê o anúncio de Apocalipse 19.9 como uma previsão da ceia do casamento que ocorrerá na terra após as bodas e a Segunda Vinda, a respeito das quais está sendo feito um anúncio no céu antes do retorno á terra.
Visto que o texto grego não difere a ceia de casamento da ceia das bodas (núpcias das bodas), mas usa a mesma palavra para ambas e visto que a ceia de casamento é usada sistematicamente em relação á Israel na terra, seria melhor adotar essa visão e ver as bodas do Cordeiro como acontecimento celestial no qual a Igreja é eternamente unida a Cristo ,a festa ou a ceia das bodas como milênio para o qual judeus e gentios são convidados ,que ocorrerá na terra e onde o Noivo será honrado pela apresentação da Noiva a todos os seus amigos que estão reunidos ali.
V- A CEIA DO SENHOR E A CEIA DAS BODAS:
Como falamos acima, Jesus ao celebrar sua última páscoa com os discípulos antes de ir para a Cruz, expressou um desejo eterno de cear com eles novamente, por isso que há uma conexão entre a Ceia do Senhor onde lembramos da Sua morte, ressurreição e ascensão com a Ceia das Bodas no futuro.A Ceia das bodas também servirá para lembrar a morte de Cristo! A Morte de Cristo será lembrada na eternidade como ela é lembrada aqui. A Ceia teve lugar ''num cenáculo mobilado e preparado''.
O início dela marcou a última noite do Ministério terreno de Jesus (Mateus 26.28,29).
Foi a única coisa que o Senhor Jesus ''desejou'' fazer nesta vida (Lucas 22.15).
A páscoa no Antigo Pacto e a Ceia no Novo, apontam para uma mesma coisa: a morte de Cristo!
A primeira, estava distante da outra cerca de 1500 anos, e tinha o caráter perspectivo - apontava para a Cruz de nosso Senhor; a segunda, a Ceia do Senhor, tem caráter retrospectivo - apontando também pata a a morte do Salvador.
A páscoa judaica encontra o seu cumprimento e o seu fim na vida, morte e ressurreição de Cristo. O Cordeiro de Deus substituiu o cordeiro pascal, o livramento do jugo egípcio corresponde á libertação da escravidão do pecado.
Agora, o Corpo de Cristo nos é dado por nutrição e o seu Sangue nos guarda contra o malho destruidor do anjo da morte.
Assim Cristo retorna ao passado e vivifica através de Sua morte a memória da páscoa. O passado da morte é dedicado á viva, e a memória é arrebatada pela esperança nas palavras solenes: ''... Cristo, a nossa páscoa, foi sacrificado por nós'' (1 Coríntios 5.7).
A Ceia do Senhor inicia uma nova era e aponta para uma obra já consumada. Podemos observar que ''duas festas uniram-se na celebração do Senhor''.
E, nossas lembranças nos levará agora para a tarde sombria que antecipava o ''dia da morte'' de Cristo; nesse cenáculo deu-se um acontecimento notável; a festa da páscoa foi solenemente encerrada (Lucas 22.16-18), e a Ceia do Senhor instituída com igual solenidade (Lucas 22.19-21).
Sobre essa mesa terminou um período e começou outro; Cristo era o cumprimento de uma ordenança e a consumação da outra. A páscoa agora tinha servido a seu propósito, porque o Cordeiro que o sacrifício simbolizava ia ser morto no dia seguinte.
Por isso que foi substituída por uma nova instituição, apresentando a verdadeira realidade do Cristianismo, como a páscoa tinha apresentado a do Judaísmo.
Porém, nosso Senhor falou também de ''uma ceia futura'', e agora, seu cumprimento está em foco.
Ao encerrar a Ceia do Senhor naquele cenáculo, nosso Senhor falou de uma outra com caráter escatológico, quando disse: ''digo-vos que, desde agora, não bebereis deste fruto da vide até aquele dia (nas bodas) em que o beba de novo convosco no reino de meu Pai'' (Mateus 26.29).
A ceia do cenáculo marcou o término da missão terrena de Jesus e deu início á sua missão celestial (João 17.4,11,13). Após a celebração daquela ceia, Jesus ''desceu para o sombrio vale da batalha; de igual modo, também, após a celebração da ceia das Bodas, Ele ''descerá'' para o sombrio vale do Armagedom (Apocalipse 19.11), a fim de terminar com aquela grande guerra e a seguir, estabelecer seu reino milenar.
CONCLUSÃO:
Assim encerramos nossos artigos onde destacamos as profecias relacionadas á Igreja, veja-os neste blogue:Nosso próximo artigo iremos abordar sobre a Grande Tribulação.
FONTES:
Manual de Escatologia.
Autor: John Dwight Pentecost.
Editora: Vida.
Escatologia, Doutrina das Últimas Coisas.
Autor: Severino Pedro da Silva.
Editora: CPAD