O MILÊNIO - PARTE XIX

 A DURABILIDADE DO MILÊNIO


INTRODUÇÃO:


Nos últimos artigos apresentamos as condições que serão existentes no Milênio. Ficou evidente que a vida milenar será uma vida normal de cada ser humano que participará do Reino. Trabalho, família, casamento, negociação, mas por outro prisma que não podemos ter em nosso dias. Uma vez que o Rei estará conosco, nosso modo de vida será impactado pela Sua presença.

O Reino Milenar não é a Eternidade, ele terá começo e fim. É será esse aspecto que vamos entender no presente artigo.

MIL ANOS:


O ensinamento é claro nas Escrituras sobre a duração do Reino sobre o qual Cristo reinará entre a Primeira e a Segunda Ressurreição, mil anos. O texto em Apocalipse 20.1-6 deixa isso evidente.

Até mesmo quem nega a interpretação literal desse período milenar, tem afirmado, geralmente que anjo, céu, abismo, satanás, nações e ressurreição no capitulo 20 de Apocalipse são literais. Se aceitamos a literalidade desses elementos e desprezar a literalidade do tempo, seria um engano.

As palavras Alford nos diz:

''Os que viveram ao lado dos apóstolos e de toda a igreja por 300 anos compreenderam-nos no seu sentido simples e literal; é estranho, hoje em dia, ver expositores que estão dentre os primeiros a reverenciar a antiguidade, jogando de lado o exemplo mais convincente do consenso presente na antiguidade primitiva. Com respeito ao texto em si, nenhum tratamento legítimo dele extrairá o que se conhece como a interpretação espiritual em voga.''

A própria passagem declara seis vezes que esse Reino durará mil anos. Uma questão a respeito da visão pré-milenarista de que as Escrituras ensinam que Cristo reinaria num reinado sem fim foi levantada. 2 Samuel 7.16,28,29; Salmos 89.3,4,34-37; 45.6; 72.5,17; Isaías 9.6,7; 51.6,8; 55.3,13; 60.19,20; 61.8; Jeremias 32.40; 33.14-17; 37.24-28; Ezequiel 16.40; 43.7-9; Daniel 7.13,14,27; 9.24; Oséias 2.19; Joel 3.20; Amós 9.15; Lucas 1.30-33; 1 Timóteo 1.17; Apocalipse 11.15 nos diz assim.
Nisso, os amilenaristas enxergam um conflito nessas passagens citadas, insistem que a Eternidade do Reino de Cristo não permitiria espaço para um reinado de mil anos na terra. Calvino rejeitava a idéia pré-milenarista pelo motivo de que o conceito de mil anos anularia o reinado eterno de Cristo. Porém, se os pré-milenaristas limitasse o reinado de Cristo aos mil anos, a afirmação de que ''sua ficção é muito pueril para necessitar ou merecer refutação'' seria verdadeira. Mas isso, não seria o caso.

A passagem em 1 Coríntios 15.24-28 corrobora para o debate. Paulo declara o propósito último do Reino Teocrático: ''que Deus seja tudo em todos''. Mostrando assim, a realização absoluta do propósito original no estabelecimento do Reino Teocrático, ''preparado [...] desde a fundação do mundo'' (Mateus 25.34). Usando uma paráfrase dos versículos na passagem de Coríntios fica mais claro o pensamento progressivo do apóstolo: ''O Pai colocou tudo debaixo dos pés de Cristo. (Mas, quando o Pai diz que todas as coisas que todas as coisas são postas debaixo dos pés de Cristo, é evidente que o próprio Pai está a parte dessa sujeição, já que Ele mesmo instituiu tal sujeição). Quando definitivamente todas as coisas forem sujeitas a Cristo, então o próprio Filho também irá sujeitar-se ao Pai, que submeteu ao Filho todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos.'' A união da Autoridade do Filho como Rei com a Autoridade do Pai depois de ter destruído todo o principado, bem como toda potestade e poder, será o meio pelo qual todas as coisas serão sujeitas a Deus.

O propósito original de Deus foi sempre manifestar Sua autoridade absoluta e isso é realizado quando Cristo unirá a Teocracia terrena com o Reino Eterno de Deus. Assim, dessa forma, mesmo que o Governo Teocrático terreno de Cristo seja limitado por mil anos, esse tempo será suficiente para que Deus manifestasse a perfeita Teocracia na terra no Seu reinado Eterno. Assim é a linha de pensamento que é defendida por Peters:

''Há apenas uma passagem nas Escrituras que deve ensinar o fim do reino distintivamente messiânico, 1 Coríntios 15.27,28. Qualquer opinião que seja superposta a esses versículos ou deles extraída, quase todas [...] admitem, seja qual a for a entrega referida, que Jesus Cristo ainda reina, ou como Deus, com a humanidade subordinada, ou como Deus-homem [...]
Na linguagem de Van Falkenburg: ''Assim como o Pai foi omitido quando todas as coisas foram colocadas debaixo do Filho, Ele também será omitido quando todas as coisas forem subjugadas a Ele. Parece, então, que essa passagem nem sequer sugere que haverá termino do reino de Cristo, ou que Ele jamais entregará seu reino ao Pai. O domínio certamente será resgatado de seus inimigos restaurado á Divindade, mas não em sentido genérico, pois Seu domínio será um domínio eterno, e Seu reino não terá fim''. Storr [...] defende que ''o governo mencionado no versículo 24, que será por Ele restaurado a Deus Pai, não deve significar o governo de Cristo, mas o de todo o poder inimigo, que é evidentemente declarado como destruído, para que o poder seja restaurado a Deus'' - ele ainda acrescenta verdadeira e vigorosamente que [...] ''o governo é restaurado a Deus quando ele é restaurado á Cristo.'' Desse modo o trecho para eles está de acordo com Apocalipse 11.15: ''O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo'', e quando isso tiver terminado, Pai e Filho estarão unidos nessa ordem teocrática: ''Ele reinará pelos séculos dos séculos'' [...] A honra de ambos, Pai e Filho, é identificada com a perpetuidade do reino teocrático, pois ele é tanto o reino do Pai quanto o reino do Filho - já que existe entre eles a união mais perfeita, constituindo uma unidade de governo e domínio."

Sobre a questão da entrega da Autoridade ao Pai pelo Filho, Chafer escreveu:

''Ao entregar a Deus de um reino perfeito não implica a liberação da autoridade por parte do Filho. A verdade declarada [em 1 Coríntios 15.27,28] é que por fim o reino é plenamente restaurado - o reino de Deus para Deus.
A distinção a ser notada repousa entre a apresentação ao Pai de uma autoridade restaurada e a suposta abolição do trono por parte do Filho. Esta última não é necessária nem sugerida no texto. O quadro apresentado em Apocalipse 22.3 é o da Nova Jerusalém no estado eterno, e declara-se que ''nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro". A tradução na versão atualizada de 1 Coríntios 15.28 não é clara: ''Quando, porém, todas as cousas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as cousas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos''. A declaração deveria significar que, quando tudo tiver sido sujeitado e a autoridade divina restaurada completamente, o Filho, que reinou com a autoridade do Pai por mil anos e derrotou todos os inimigos, continuará reinando sob a mesma autoridade do Pai, tão sujeito como sempre á Primeira Pessoa. Esse significado mais esclarecido do texto retira a hipótese de conflito entre um reino eterno e o suposto reino limitado de Cristo; como afirmado em outros lugares, Ele reinará no trono de Davi para sempre.''

McClain fala sobre a finalização desse Plano:

''1. Quando o último inimigo de Deus for derrotado pelo nosso Senhor, como o Rei Mediatário, o propósito do reino mediatário será cumprido (1Coríntios 15.25-26).
2. Nesse momento Cristo entregará o reino mediatário, que se fundirá no reino eterno, a fim de que o reino mediatário se perpetue, mas sem ter uma identidade separada (1 Coríntios 15.24,28).
3. Isso não significa o fim do governo do Senhor Jesus. Ele apenas deixa de reinar como Rei Mediatário. Mas, como Filho eterno, segunda pessoa do único e verdadeiro Deus, Ele compartilha o trono com o Pai no reino final (Apocalipse 22.3-5; cf. 3.21)"

CONCLUSÃO:


Com a Teocracia sendo estabelecida na terra por mil anos, com o Reino Messiânico Teocrático, Deus cumprirá o Propósito de demonstrar Seu Governo na esfera onde Sua Autoridade foi desafiada. A junção da Teocracia terrena com o Reino Eterno, a soberania eterna de Deus será estabelecida. Esse foi o Propósito de Deus quando planejou o Reino Teocrático e desenvolvê-lo por uma sucessão de estágios no percurso da história até que ele seja pleno no Plano da Teocracia sob Cristo reinando eternamente.

Essa Autoridade, que satanás desafiou, Cristo demonstrou pertencer somente a Deus.
O Direito de Deus governar é eternamente vindicado!

Quem serão os governadores e os governados no Milênio, é o assunto que iremos estudar a partir do próximo artigo.

FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: J.D. Pentecost
EDITORA: Vida


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