O MILÊNIO - PARTE XXI
O GOVERNO E OS GOVERNADOS NO MILÊNIO - PARTE II
A REGÊNCIA DE DAVI NO REINO TEOCRÁTICO:
Essa regência vem de várias referências das Escrituras Sagradas onde estão estabelecidas essa regência (Isaías 55.3,4; Jeremias 30.9; 33.15,17,20,21; Ezequiel 34.23,24; 37.24,25; Oséias 3.5 e Amós 9.11).
Sabemos que Jesus Cristo será o Rei do Reino Teocrático terreno, já que O mesmo é da linhagem de Davi, e por ter os direitos legais e reais ao Trono (Mateus 1.1; Lucas 1.32,33). Mas o que está em jogo nos textos bíblicos acima é se o Senhor Jesus exercerá o governo sobre a Palestina direta ou indiretamente por meio de um regente. Diversas respostas são dadas a tal questão, sendo fundamental no tratamento do Governo Milenar.
I- O TERMO DAVI USADO TIPOLOGICAMENTE EM REFERÊNCIA Á CRISTO:
Ironside apresenta essa primeira opinião ao dizer:
''Não entendo que isso signifique que o próprio Davi será ressuscitado e habitará na terra como rei [...] a implicação é que Aquele que foi o Filho de Davi, o próprio Senhor Jesus Cristo, será o Rei e, dessa maneira, o trono de Davi será restabelecido.''
A opinião acima está baseada no fato de que:
1. Muitas passagens proféticas prevêem que Cristo sentará no Trono de Davi e por isso é presumido que qualquer Governo referente é de Cristo.
2. E o Nome de Cristo está intimamente associado ao de Davi na Palavra, de modo que O mesmo é chamado Filho de Davi, e está afirmado que Ele se assentará no Trono de Davi.
Há objeções a esta opinião, e são elas:
1. Cristo nunca foi chamado de Davi nas Escrituras, mas foi chamado Renovo de Davi (Jeremias 23.5), Filho de Davi (15 vezes), Descendência de Davi (João 7.42; Romanos 1.3; 2 Timóteo 2.8), Raiz de Davi (Apocalipse 5.5) e Raiz e Geração da Davi (Apocalipse 22.16), mas nunca Davi.
2. O título ''meu servo Davi'' foi usado de forma repetitiva para o próprio Davi.
3. Oséias 3.5; Ezequiel 37.21-25; 34.24; Jeremias 30.9 e Isaías 55.5, Jeová foi claramente diferenciado de Davi. Se Davi fosse uma referência tipológica de Cristo nas passagens referidas, não teríamos nenhuma distinção feita, não seria preciso ser cuidadosamente estabelecida.
4. Há declarações concernentes a esse príncipe que impedem que esse título seja aplicado a Cristo. Ezequiel 45.22, fala que esse príncipe oferece a si mesmo uma oferta de pecado. Mesmo se esses forem os sacrifícios memoriais, como iremos tratar em outro momento, Cristo não poderia oferecer um sacrifício por Seus próprios pecados, já que Ele não tinha pecado. Em Ezequiel 46.2 o príncipe está comprometido com atos de adoração. Cristo receberá adoração no Milênio, mas não se envolverá com esses atos de adoração. E em Ezequiel 46.16 o príncipe tem filhos e divide a herança com eles. Isso não poderia acontecer com Cristo. Por tais motivos nos parece que o tal príncipe referido seja Davi e não Cristo.
II- UM FILHO LITERAL DE DAVI SE ASSENTARÁ NO TRONO DE DAVI:
Essa posição reconhece que Cristo não seria aquele que faria o que está declarado a respeito do príncipe, defendendo que um descendente físico de Davi no período milenar fará isso.
''Parece, também, por uma comparação cuidadosa dessa passagem com a última parte da profecia de Ezequiel, que um descendente físico de Davi (chamado ''o príncipe'') exercerá a regência na terra sobre a nação restaurada, sob a autoridade dAquele cuja cidade-sede será a nova e celestial Jerusalém.''
Jeremias 33.15,17,20,21 são referências indicando que se espera a vinda de um filho para assumir o cargo.
Objeções são feitas a essa posição:
1. Nenhum judeu é capaz de remontar sua linhagem familiar depois que Jerusalém foi destruída no ano 70 d.C.. Temos a opinião de Ottmam sobre o assunto:
''Qualquer que seja a crença tradicional de um judeu sobre sua família e sua tribo, nenhum homem pode levantar provas documentais legítimas de que pertence á tribo de Judá e á linhagem de Davi, sendo o herdeiro legal do trono de Davi. Logo, o único homem vivo que hoje pode apresentar uma genealogia intacta é Jesus de Nazaré, nascido Rei dos Judeus, crucificado Rei dos Judeus, que voltará como Rei dos Judeus.''
2. Se outro deve vir depois de Cristo, deve-se dizer que Cristo não seria o cumprimento completo das promessas feitas á Davi.
III- O DAVI HISTÓRICO REGERÁ APÓS SER RESSUSCITADO NA SEGUNDA VINDA DE CRISTO:
Temos a defesa de Newell sobre essa opinião
''Não devemos permitir que a nossa mente se confunda quanto a essa situação. Devemos acreditar nas simples palavras de Deus. Davi não é o filho de Davi. Cristo, como Filho de Davi, será Rei; e Davi, seu pai segundo a carne, será o príncipe, durante o milênio.''
Devem-se levadas tais considerações sobre essa posição:
1. Ela é a mais coerente com o princípio literal de interpretação. Princípio adotado pelo Dispensacionalismo.
2. Somente Davi poderia ser regente no Milênio sem violar as profecias concernentes ao reinado de Davi.
3. Os santos ressurretos terão posições de responsabilidade no Reino Teocrático como recompensas (Mateus 19.28; Lucas 19.12-27). Davi pode ser designado para assumir tal responsabilidade já que ele era ''homem segundo o coração de Deus''.
CONCLUSÃO:
No Governo do Milênio, teremos a regência de Davi sobre a Palestina, governando sobre a terra como príncipe, ministrando debaixo da Autoridade de Jesus Cristo, o Rei. O príncipe poderá conduzir a Adoração, oferecer sacrifícios, dividir entre sua descendência fiel a terra a ele designada, sem violar sua posição obtida pela Ressurreição.
Continuaremos no próximo artigo falando de outras autoridades do Reino Milenar,
FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: J. D. Pentecost.
EDITORA
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