O MILÊNIO - PARTE XXVIII
O PROPÓSITO DOS SACRÍFICIOS NO MILÊNIO
INTRODUÇÃO:
Esse é o nosso terceiro artigo sobre esse tema. Considerar que o Templo visto por Ezequiel e remetê-lo a Era Milenar sem considerá-lo literal, faz com que todo o sentido da promessa de um Reino Teocrático seja perdido. E se o Templo é literal. logo a Adoração que se oferecerá nele deve-se entendida pelo mesmo sistema. E tais sacrifícios já apresentados nos tópicos anteriores serão parte dessa Adoração Milenar.
Mas qual será o propósito de tais sacrifícios? É o que vamos trabalhar nesse momento. O leitor observará vários fatores com respeito desses sacrifícios milenares que os tornam totalmente legítimos.
I- OS SACRIFÍCIOS MILENARES NÃO SERÃO EXPIATÓRIO:
Essa é a primeira observação que devemos fazer, os sacrifícios milenares não estarão sob relacionados com a questão da expiação. Tais sacrifícios não serão expiatórios, em nenhum lugar está declarado que eles serão oferecidos visando a Salvação dos pecados.
Allis escreveu:
''Eles devem ser expiatórios no mesmo sentido que os sacrifícios descritos em Levítico. Oferecer qualquer outra opinião a respeito significa abrir mão do princípio de interpretação literal da profecia que é fundamental para o dispensacionalismo, e é também admitir que as profecias sobre o reino do Antigo Testamento não entram no Novo Testamento ''absolutamente imutáveis''. É verdade que elas apenas são apenas ''elementos fracos e pobres'' quando vistos á luz da cruz, da qual extraem toda a sua eficácia.
Mas foram eficazes nos dias de Moisés e de Davi, e não meros memoriais; e no milênio devem ser igualmente eficazes se o sistema de interpretação dispensacionalista for verdadeiro. E isso eles não podem ser, salvo se o ensinamento da epístola aos Hebreus for completamente desprezado.''
O escritor acima é um aliancista, já discutimos sobre isso em outros artigos. Mas vale salientar que o Aliancismo segue o método não literal da intepretação das Profecias. Ao tentar interpretar os sacrifícios obrigatoriamente como expiatórios como o autor acima sugere com intuito de tentar desqualificar o dispensacionalismo por causa da sua visão literal do Texto Profético. Allis cometeu alguns erros em seu argumento, isso em vários aspectos que podemos apontar:
1. Insistir sobre o cumprimento literal da Aliança Davídica não terá necessariamente consequência o restabelecimento da Aliança Mosaica, pois elas não se relacionam uma á outra. Aliança Davídica tem caráter eterno e incondicional que governam o futuro pacto de Deus com nação, diferente da Mosaica que era temporal e condicional que governava a relação do homem com Deus. O cumprimento de uma não torna obrigatoriamente o cumprimento da outra, uma vez que a Mosaica era vista como temporária.
2. Um dos erros cometidos da doutrina soteriológica é ensinar que os sacrifícios podiam de alguma forma retirar o pecado ou que efetivamente o tenham feito. Isso está em contradição com o ensinamento expresso em Hebreus 10.4 que foi citado pelo próprio Allis: ''Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.'' A única forma para tentar sustentar a opinião de que os sacrifícios no Milênio serão eficazes dizendo que eles eram do Antigo Testamento, sendo isso uma clara contradição com o Novo Testamento se torna uma insensatez, já que tais sacrifícios jamais poderiam realizar e nem tão pouco realizou por não serem projetados para realizar em seus rituais no passado.
II- OS SACRIFÍCIOS NO MILÊNIO SERÃO MEMORAIS:
Os pré-milenaristas num consenso geral, quanto ao propósito do sistema sacrificial no Reino Teocrático que será inaugurado na Era Milenar serão de caráter memorial.
Quando interpretamos á luz do Novo Testamento, tendo como base a Morte de Cristo, eles devem serem memorais de tal Morte. Essa posição foi claramente defendida por Grant:
''[Esse é] o memorial permanente do sacrifício, mantido na presença da glória revelada. Não é um sacrifício oferecido com intuito de obter salvação, mas tendo em vista uma salvação já conquistada...''
O caráter memorial dos sacrifícios que serão oferecidos no Milênio também foi defendido por Gaebelein:
''Embora os sacrifícios que Israel fazia tivessem significado em perspectiva, os sacrifícios feitos no templo milenar têm um significado em retrospectiva. Quando atualmente o povo de Deus adora de maneira indicada á sua mesa, com o pão e o vinho como lembrança de Seu amor, há uma retrospectiva. Olhamos para o passado em direção da cruz. Mostramos a sua morte, ''até que Ele venha''. Quando a volta acontecer, essa festa memorial terminará para sempre. Nunca mais a ceia do Senhor será celebrada depois que os santos de Deus deixarem a terra com o Senhor na Sua glória.
Os sacrifícios reiniciados serão memorial da cruz e de toda a maravilhosa história da redenção de Israel e das nações da terra, durante o reinado de Cristo. E que memorial há de ser! Quão significativos serão esses sacrifícios! Eles trarão uma lembrança viva de tudo o que aconteceu no passado. A retrospectiva produzirá um grande cenário de adoração, louvor e reverência como esta terra jamais viu. Tudo o que a cruz significou e realizou será lembrado, e um grande ''Hino de Aleluia'' encherá a terra e o céu. Os sacrifícios lembrarão constantemente ao povo Aquele que morreu por Israel, pagou o preço por toda criação, cuja glória agora cobre a terra como as águas cobrem o mar.''
Uma palavra também foi nos dada por Adolph Saphir com respeito do paralelismo existente entre a Ceia do Senhor na sua relação com a Morte de Jesus Cristo e os sacrifícios memorais relacionados a essa Morte:
''...não poderíamos supor que o que era típico antes da primeira vinda de Cristo, apontando para a grande salvação que estava por vir, possam durante o reino, comemorar a redenção já realizada?
Na ceia do Senhor comemoramos a morte de Cristo; repudiamos totalmente a doutrina papal da repetição da oferta de Cristo; não acreditamos em tal renovação do sacrifício, mas obedecemos, agradecidos, ao mandamento que Cristo nos deu de celebrar Sua morte de tal maneira que um memorial externo seja apresentado ao mundo, e um sinal e um selo aparentes e visíveis sejam dados ao participante que crê. Não poderá semelhante plano suceder á ceia do Senhor, que, sabemos, terminará com o Seu retorno? Também é possível que tanto os santos glorificados no céu quanto as nações da terra contemplarão durante o milênio a harmonia completa entre o tipo e a realidade. Mesmo a igreja tem apenas conhecimento superficial dos tesouros da sabedoria nas instituições levíticas em seus símbolos.''
A mesma proposição foi sucintamente declarada por Wale:
''o pão e o vinho da ceia do Senhor são, para o crente, símbolos e memoriais físicos e materiais da redenção já adquirida. Esse será o caso com os sacrifícios restituídos em Jerusalém, eles serão comemorativos, como os sacrifícios antigos se davam em perspectiva. E por que não? Existia alguma virtude nos sacrifícios legais que prenunciavam o sacrifício de Cristo? Nenhuma sequer. Seu único valor e significado dos futuros sacrifícios que, conforme Deus declarou, serão oferecidos no futuro templo. Qualquer que seja a dificuldade imaginada pelo leitor quanto á maneira como essa previsão será realizada, é suficiente para nós que Deus assim o Disse.''
Concluímos esse artigo dizendo que os sacrifícios que serão oferecidos no Milênio não serão expiatórios, já que nenhum outro sacrifício irá executar a completa eliminação dos pecados como o Sacrifício de nosso Senhor Jesus Cristo. Esses sacrifícios porem, irão relembrar tal Sacrifício feito por Aquele que os demais sacrifícios apontavam, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Encerraremos sobre esse tema no próximo tópico onde iremos levar em consideração algumas objeções feita por alguns dispensacionalistas.
FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: John. Dwight Pentecost.
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