AS ALIANÇAS NA ESCATOLOGIA - INTRODUÇÃO
O PROPÓSITO DAS ALIANÇAS NA ESCATOLOGIA
INTRODUÇÃO:
No índice das paginas desse blog temos um material onde apresentamos uma hermenêutica escatológica. Onde apresentamos as principais linhas de interpretação das profecias bíblicas. Nossa posição é o dispensacionalismo como temos apresentado nos artigos que já publicamos.
Dentro do grau de importância no sistema de interpretação escatológica adotado pelo estudante das profecias é o entendimento que ele tem das alianças bíblicas na Escatologia. O plano escatológico de Deus está determinado e prescrito pelas alianças, nisso fica determinado e limitado o sistema escatológico do interprete, isso pela sua correta interpretação.
Por isso que as alianças devem ser estudadas diligentemente como base da escatologia bíblica.
I- ALIANÇAS BÍBLICAS X ALIANÇAS TEOLÓGICAS:
Essa observação deve ser feita desde o princípio deste estudo, as alianças bíblicas são bem diferentes das teológicas que são propostas pelos aliancistas. O aliancista vê as épocas da história como desenvolvimento de uma determinada aliança entre Deus e os pecadores, na qual Deus salvaria, por meio da Morte de Cristo, todos os que viessem a Ele pela fé. As alianças do aliancista são resumidas dessa forma:
1. Aliança da Redenção (Tito 1.2; Hebreus 13.20), na qual, como costumeiramente formulado por teólogos, as pessoas da Divindade entraram antes todos os tempos, assumindo, cada uma, parte no grande plano da Redenção que é a sua porção presente, conforme revelado na Palavra de Deus. Nessa aliança o Pai entregou o Filho, o Filho se oferece sem mácula como sacrifício eficaz e o Espírito administra e capacita a execução dessa aliança em todas as partes. Sob o aspecto da revelação escrita, essa aliança repousa sobre uma base muito precária. Ela é, antes, sustentada principalmente pelo fato de parecer razoável e inevitável.
2. Aliança das Obras, designação dos teólogos para as bênçãos que Deus ofereceu ao homem e condicionou ao mérito humano. Antes da queda, Adão se relacionou-se com Deus pela aliança das obras. Até que seja salvo, o homem tem a obrigação implícita de ser semelhante a seu Criador e de fazer Sua vontade.
3. Aliança da Graça, termo usado pelos teólogos para indicar todos os aspectos da graça divina para com o homem em todas as épocas. O exercício da graça divina tornar-se possível e justificado pela satisfação de julgamentos divinos obtidos na morte de Cristo.
Mesmo que na teologia das alianças tenha muito que esteja de acordo com as Escrituras, ainda assim, é insatisfatória para que as Escrituras sejam escatologicamente explicadas, já que despreza o vasto campo das alianças bíblicas que revelam todo o plano escatológico.
''Os termos teológicos aliança de obras e aliança da graça não ocorrem no Texto Sagrado. Se elas forem sustentadas, isso ocorre completamente á parte da autoridade bíblica [...] Foi sobre essa invenção humana das duas alianças que a teologia da Reforma foi construída. Ela considera a verdade empírica de que Deus pode perdoar pecadores apenas pela liberdade assegurada no sacrifício de Seu Filho - previsto na velha ordem e concretizado na nova - mas essa teologia não conseguem absolutamente discernir os propósitos das épocas; os relacionamentos variáveis dos judeus, dos gentios e da igreja para com Deus. Uma teologia que não penetra bastante fundo nas Escrituras para fazer mais que simplesmente descobrir que, em todas as épocas, Deus é imutável em Sua graça para com os pecadores penitentes, e constrói a idéia de uma igreja universal, que continua através dos tempos, com base na verdade única da graça imutável, não está apenas negligenciando vastas esferas de revelação, mas está colhendo confusão e desorientação inevitáveis que a verdade parcial pode engendrar.''
Nesse estudo não iremos nos ocupar nas alianças teológicas da Reforma, mas naquelas que são determinativas e presentes nas Escrituras.
II- O TERMO BÍBLICO PARA ALIANÇA:
Quando consultamos uma concordância bíblica, vemos que a palavra aliança ocorre com frequência no AT e também no NT. Sendo usada nos relacionamentos entre Deus e o homem, entre os homens e entre as nações. Foi usada para coisas temporais e também eternas. Há referências para alianças menores e passageiras nas Escrituras. Elas são feitas entre outros indivíduos (Gênesis 21.32; 1 Samuel 18.3), entre um indivíduo e um grupo de indivíduos (Gênesis 26.28; 1 Samuel 11.1,2), ou entre nações (Êxodo 23.32; 34.12,15; Oséias 12.1). Haviam alianças sociais (Provérbios 2.17; Malaquias 2.14). Certas leis naturais eram vistas como alianças (Jeremias 33.20,25). Com exceção destas, que foram estabelecidas por Deus, todos os usos anteriores regulam relacionamentos feitos por homens.
As cinco grandes alianças estão contidas nas Escrituras, estas foram feitas por Deus com relação aos homens. Sobre elas Lincoln resume:
"As quatro alianças incondicionais, feitas com juramentos, são encontradas em 1) Gênesis 12.1-3, em formula é encontrada, expressa ou subentendida sete vezes; 2) Deuteronômio 30.1-10, em que é encontrada, expressa ou entendida doze vezes; 3) Samuel 7.10-16, em que é encontrada 7 vezes e 4) Jeremias 31.31-40, em que é encontrada sete vezes. A aliança condicional, como formula ''se'', é encontrada 5) em Êxodo 19.5ss, e também em Deuteronômio 28.1-68; v.1-14 [...] ''Se atentamente ouvires... bênçãos'; v.15-68: ''Se não deres ouvidos [...] maldições''.''
Certo de que o estudo da escatologia não se preocupa com as alianças menores feitas entre homens, nem com a aliança Mosaica feita por Deus com o homem, já que todas essas são passageiras e não são determinantes as coisas futuras; apenas com as quatro alianças eternas dadas por Deus, por meio das quais Ele se comprometeu com o Plano Profético.
III- DEFINIÇÃO DE ALIANÇA:
Podemos definir uma aliança nos seguintes termos:
1. Uma disposição soberana de Deus, mediante a qual Ele estabelece um contrato incondicional ou declarativo com o homem, obrigando-Se em graça, por juramento irrestrito, a conceder, de Sua própria iniciativa, bênçãos definidas para aqueles com quem compactua ou.
2. Uma proposta de Deus, em que Ele promete, num contrato condicional mútuo com o homem, segundo condições pré-estabelecidas, conceder bênçãos especiais ao homem desde que este cumpra perfeitamente certas condições, bem como executar punições precisas em caso de não cumprimento.
Deve-se observar que essa definição não se afasta da definição e do emprego costumeiro da palavra como contrato legal, do qual o indivíduo toma parte e pelo qual seu comportamento é dirigido.
III- TIPOS DE ALIANÇAS:
Com o povo judeu foi feito dois tipos de alianças: condicional e incondicional.
Na condicional, a aliança tem seu cumprimento como foi acordado entre Deus e Israel, dependendo do receptor da mesma, não de quem outorga. Com algumas obrigações e condições que o receptor deve satisfazer antes que o outorgador possa se cumprir o que prometeu.
Esse tipo de aliança se faz presente o termo ''se''. A Aliança Mosaica, entre Deus e Israel, é uma dessas alianças.
Já na aliança incondicional, o que for cumprido do que se acordou depende unicamente de quem faz a aliança. O que é prometido é soberanamente concedido ao receptor com base na autoridade e na integridade daquele que fez a aliança, á parte do mérito ou resposta do receptor. Essa aliança não tem nenhum ''se'' vinculado a ela.
Vamos pontuar nossa linha de pensamento ao observar que deve-se observar que uma aliança incondicional, a que sujeita aquele que nela entrou a determinado procedimento, pode haver bênçãos condicionadas á reação do receptor da aliança; essas bênçãos surgem da aliança original, mas a existência de tais bênçãos não altera o caráter incondicional da aliança. Não observar que uma aliança incondicional pode ter certas bênçãos condicionais vinculadas tem conduzido muitos á posição de que bênçãos condicionais obrigam uma aliança a ser condicional, pervertendo assim a essência natural das alianças determinantes para Israel.
IV- A NATUREZA DAS ALIANÇAS:
Temos certos pontos de devemos examinar com respeito as alianças que são firmadas por Deus:
1. Primeiramente elas são alianças literais e devem ser interpretadas literalmente. Como Peters apresenta:
''Em todas as transações terrenas, quando se estabelece uma promessa, um acordo ou contrato em que uma parte faz uma promessa valiosa a outra parte, é de costume universal explicar tal relacionamento e suas promessas pelas bem conhecidas leis de linguagem contidas na nossa gramática ou em nosso uso comum. Seria absurdo que fosse de outra maneira.
[...]
[...] a própria natureza da aliança exige que seja ela formulada a expressão tão claramente que comunique um significado decisivo, e não um significado oculto ou místico que exija a passagem de centenas de anos para desenvolver.''
Essa interpretação é harmoniosa ao sistema literal de interpretação estabelecido.
2. Em segundo lugar, pelas Escrituras, as alianças são eternas:
''Todas as alianças de Israel são chamadas eternas, com exceção da aliança mosaica, que é declarada temporal, i.e; deveria continuar até a vinda da Semente Prometida. Quanto a esse detalhe, observe o seguinte: 1) a aliança abraâmica é chamada ''eterna'' em Gênesis 17.7,,13,19; 1 Crônicas 16.17; Salmos 105.10; 2) a aliança palestina é chamada ''eterna'' em 2 Samuel 23.5, em Isaías 55.3 e em Ezequiel 37.25 e 4) a nova aliança é chamada ''eterna'' em Isaías 24.5, 61.8, em Jeremias 32.40, 50.5 e em Hebreus 13.20.
3. Terceiro lugar, visto que essa aliança são literais, eternas e dependem solenemente da integridade de Deus para o seu cumprimento, devem ser incondicionais em caráter. Depois veremos isso detalhadamente.
4. E por último, tais alianças foram estabelecidas com um povo pactual, Israel. Em Romanos 9.4 foi declarado pelo apóstolo Paulo que a nação israelita recebeu as alianças de Deus. Lemos em Efésios 2.11,12 nos é declarado pelo mesmo apóstolo que os gentios, ao contrário, não possuíam nenhuma aliança e por conta disso não gozavam de nenhum relacionamento pactual com Deus. Tais passagens mostram, de um modo negativo, que os gentios não tinham relacionamentos de aliança e, de modo positivo, que Deus tinha firmado um relacionamento de aliança com os judeus.
Veremos no próximo artigo iniciaremos nossa exposição sobre as quatro alianças escatológicas, iniciando pela Aliança Abraâmica.
FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: J. Dwight Pentecost.
EDITORA: Vida.
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