O REINO ETERNO - IV
O DESTINO DOS ÍMPIOS
INTRODUÇÃO:
Estamos estudando essa série dentro da Escatologia que é o Estado Eterno. Depois de ser concluído todo o Propósito do Reino que iniciou com a criação e com o homem, os redimidos desfrutarão na Eternidade de todas as benevolências prometidas.
Mas nosso tema agora é qual será o destino dos ímpios? Na última seção tratamos sobre o seu julgamento, e agora o que ocorre com os ímpios julgados e sentenciados no Grande Trono Branco.
I- A RECOMPENSA DOS ÍMPIOS:
Categoricamente seu destino é no Lago de fogo (Apocalipse 19.20; 20.10,14,15;21.8), esse lugar é descrito como fogo eterno (Mateus 25.41; 18.8), como fogo que não se apaga (Marcos 9.43,44,46,48), indicando o caráter eterno de recompensa dos ímpios.
A observação de Chafer é relevante:
''Ao tentar escrever uma declaração abrangente da doutrina mais solene da Bíblia, o termo retribuição é escolhido para substituir a palavra mais familiar punição, já que esta implica disciplina e correção, idéia totalmente ausente da verdade que sela o trato divino final com os que estão eternamente perdidos. Reconhece-se que, no seu significado primitivo e amplo, o termo retribuir era usado para alguma recompensa, boa ou má. A palavra era usada [...] sobre a doutrina do inferno apenas quando se faz referência á perdição eterna dos perdidos.''
O Lago de fogo como recompensa dos perdidos, não pode ser visto apenas como um conceito envolvendo um estado mas ainda como um lugar assim como os Céus é um lugar e não como um mero estado mental. Os ímpios irão para um lugar. Uma veracidade bíblica que foi indicada pelas palavras hades em Mateus 5.22,29,30;10.28; Tiago 3.6 - lugar de ''tormento'' em Lucas 16.28. Essa condição miserável indescritível é ainda indicado na Bíblia pelos termos figurados usados para relatar seus sofrimentos - ''fogo eterno'' em Mateus 25.41, ''onde não lhes morre o verme nem o fogo se apaga'' em Marcos 9.44; ''lago que arde com fogo e enxofre'' em Apocalipse 21.8; ''o poço do abismo'' em Apocalipse 9.2; ''fora, nas trevas'', um lugar de ''choro e ranger de dentes'' em Mateus 8.12; ''fogo inextinguível'' em Lucas 3.17, ''fornalha acessa'' em Mateus 13.42; ''negridão das trevas'' em Judas 13 e ´´a fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não tem descanso alguns, nem de dia e nem de noite'' em Apocalipse 14.11.
Uma metáfora não pode ser uma desculpa para modificar o pensamento que ela expressa; deve-se, sim, reconhecer que uma metáfora nas passagens citadas, é uma fraca tentativa de declarar em linguagem o que está acima do poder de descrição das palavras.
É importante notar também que quase todas as expressões saíram dos lábios de Jesus. Sozinho, Cristo revelou quase tudo o que se sabe sobre esse lugar de retribuição. Como se nenhum autor humano fosse confiável para pronunciar tudo sobre essa verdade terrível.
II- OS TERMOS APLICADOS NAS ESCRITURAS:
São quatro diferentes palavras usadas nas Escrituras referindo-se ao lugar dos mortos até o Dia da Ressurreição.
Tais palavras, em nenhum caso está descrevendo o estado eterno, mas como um lugar provisório no qual os mortos estão esperando a ressurreição:
Sheol é a primeira palavra usada, ela aparece 65 vezes no AT, traduzida para ''inferno'' 31 vezes cf Deuteronômio 32.22; Salmos 9.17; 18.5; Isaías 14.9, 31 vezes por ''sepultura'' cf 2 Samuel 2.6; Jó 7.9; 14.13 e ''abismo'', 3 vezes cf Números 16.30,33; Jó 17.16. Esse termo era usado no Antigo Testamento em referência á morada dos mortos, sendo apresentado não apenas como um estado de existência, como um lugar de existência consciente em Deuteronômio 18.11; 1 Samuel 28.11-15; Isaías 14.9. Deus era soberano sobre esse lugar em Deuteronômio 32.22; Jó 26.6. Era visto como temporário, e os justos antecipavam a ressureição saindo dele para o Reino Milenar Jó 14.13,14; 19.25,27; Salmos 16.9-11; 17.15; 49.15; 73.24.
Devemos fazer algumas considerações em relação ao termo:
1. Na maioria das vezes sheol foi traduzido por ''a sepultura''.
2. Sepultura se destaca como uma tradução melhor e mais comum.
3. A palavra ''abismo'' nos três casos citados, é sugerido ''sepultura'' tão claramente, que pode ser usada em substituição de ''abismo''.
4. A tradução para ''inferno'', pelo uso coloquial, ''inferno'' significa o lugar de punição maior, por isso não representa sheol. Já que o sheol não significa esse lugar de punição, mas o lugar presente da morte.
5. Sepultura é, portanto a tradução muito mais apropriada, porque visivelmente nos sugere o que é invisível á mente, ou seja, o estado da morte. A palavra indica tanto literal quanto figuradamente cumpre todas as exigências do termo hebraico sheol, não que o termo especificamente signifique uma sepultura, quanto genericamente a sepultura.
6. As Escrituras são suficientemente para nos explicar a palavra sheol.
7. As ocorrências nos indicam que sheol indicam:
a) Sua direção é para baixo.
b) Seu lugar é na terra.
c) Sua natureza é de morte.
7. Sheol então significa o estado da morte, ou estado dos mortos, do qual a sepultura é uma evidência tangível e está relacionada aos mortos.
8. Contrasta com o estado dos vivos em Deuteronômio 30.15,19 e I Samuel 2.6-8, não se relaciona nenhuma vez com os vivos, menos por contraste.
9. Tem vínculo com com lamentação em Gênesis 37.34,35, angustia em Gênesis 42.38; 2 Samuel 22.6; Salmos 18.5; 116.3, medo e terror em Números 16.27-34; choro em Isaías 38.3, 10,15,20; silêncio em Salmos 31.17; 6.5; Eclesiastes 9.10; nenhum conhecimento em Eclesiastes 9.5,6,10; punição em Números 16.27-34; 1 Reis 2.6,9; Jó 24.19.
10. A duração, o reino Sheol ou a sepultura continuará até a Ressurreição terminar e terminará somente com ela, que é a sua única saída em Oséias 13.14; Salmos 16.10; Atos 2.27,31; 13.15.
A segunda palavra que descreve o lugar dos mortos é Hades.
No Novo Testamento é o equivalente a sheol, praticamente traduzida por ''inferno'', com exceção em 1 Coríntios 15.55 onde foi traduzida por ''morte''. A palavra tem em vista os mortos incrédulos, que estão em agonia, esperando a ressurreição para o Grande Trono Branco.
Os teólogos enxergam o Hades como um lugar provisório até a Ressurreição. É comum entre os dispensacionalistas e pré-tribulacionistas uma mudança nesse lugar após a Ascensão de Cristo, apenas para os justos, o estado dos incrédulos nesse lugar fica inalterado até o Juízo Final (Apocalipse 20.5).
Por fim o próprio Hades será lançado no Lago de fogo (Apocalipse 20.13,14).
Tártaros é a terceira palavra, e foi usada somente em 2 Pedro 2.4 para descrever o julgamento dos anjos caídos, descreve a morada eterna dos anjos.
Não é nem o Hades e nem o Sheol onde todos os homens vão quando morrem, nem tão pouco onde os ímpios são consumidos e destruídos, que é o Geena. Não é a morada dos homens em qualquer condição. Ela é usada somente em relação ''aos anjos, os que não guardaram o seu estado original'' (Judas 6). Denota o limite desse mundo físico. A extremidade desse ''ar inferior'' - onde satanás é o ''príncipe'' (Efésios 2.2) que é descrito nas Escrituras o lugar dos ''principados das trevas desse mundo'' e ''os espíritos malignos nas regiões celestiais''. O lugar é assim também chamado por causa de sua frieza.
Agora observaremos o último dos quatros termos empregados para a morada dos mortos. Geena, palavra usada doze vezes no Novo Testamento, Mateus 5.22,29,30; 10.28; 18.9; 23.15,33; Marcos 9.43,45,47; Lucas 12.5; Tiago 3.6. Sempre usada como termo geográfico tendo em vista o estado final dos ímpios. O lugar resultante do Julgamento como o destino dos incrédulos.
A sentença proferida por Jesus em Mateus 25.41 ''preparado'' literalmente é ''tendo sido preparado'', sugerindo que esse lugar já existia e espera seus residentes.
O corpo ressurrecto dos ímpios, evidentemente, será de tal caráter que se revelará indestrutível mesmo a tal Lago de fogo.
Próximo artigo ''A Criação do Novo Céu e da Nova Terra''.
Fonte: Manual de Escatologia.
Autor: J.D.Pentecost.
Editora: Vida
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