O REINO ETERNO - VI
A NOVA JERUSALÉM, A CIDADE CELESTIAL
INTRODUÇÃO:
Existem algumas passagens das Escrituras que despertam grande divergência de opinião entre pré-milenaristas dispensacionalistas, feito Apocalipse 21.9 a 22.7. Alguns enxergam essa passagem como uma descrição do estado eterno, já outros enxergam como uma referência á igreja em relação á Cristo, e outros a enxergam como uma descrição do milênio, enquanto outros a enxergam como uma referência á Israel na sua relação com Cristo. Outros irão interpretar como cidade literal, outros como uma representação simbólica. Temos muitas e variadas interpretações dessa passagem das Escrituras.
ONDE ESSA PASSAGEM SE ENCAIXA NO PLANO PROFÉTICO:
Devemos examinar as principais características das grandes interpretações dessas passagens para estabelecemos uma harmonia com toda a revelação da Palavra de Deus.
Darby, Gabebelein, Grant, Ironside, Jennings, Kelly, Pettingill. Seiss, Scott e outros têm a opinião de que, depois que o estado eterno é descrito em Apocalipse 21.1-8, João faz uma recapitulação do milênio em 21.1-9 a 22.7, com a finalidade de descrever com mais detalhes o período. Eles apresentam esses argumentos para apoiar essa interpretação:
1. Uso da retrospectiva no Apocalipse:
Kelly, sendo um dos maiores apoiadores dessa opinião, escreveu:
''... o método de Deus nesse livro é fazer retrospectivas. Eu digo isso para mostrar que não estou defendendo uma posição sem precedentes [...] Considere-se, por exemplo, o capítulo 14. Ali temos uma série normal de sete acontecimentos, na qual a queda da Babilônia ocupa o terceiro lugar [...] Babilônia tem ali seu lugar claramente designado [...] Mas, muito depois disso na profecia, quando o Espírito Santo nos apresenta as sete taças da ira de Deus, temos a Babilônia novamente [...] Nesse caso, o Espírito Santo nos levou, no capítulo 14, aos acontecimentos subsequentes á queda da Babilônia e até a vinda do Senhor em juízo; e depois ele volta a nos mostrar detalhes sobre a Babilônia e sua ligação com a besta e os reis da terra, nos capítulos 17-18.
Parece-me que isso responde exatamente á questão da ordem dos acontecimentos no capítulo 21.''
Já Ottman replica essa posição, quando escreveu:
''Essa visão expandida da Nova Jerusalém não exige, para a sua interpretação, um retorno ás condições existentes durante o milênio. O milênio é realmente o tema das profecias do Antigo Testamento, e essas profecias raramente vão além desse período. Existem apenas duas passagens - e ambas em Isaías - que dão uma breve descrição do que se espera além do reino milenar de Cristo [...] Esse é o caráter geral da profecia do Antigo Testamento, que não contempla nada além do reino terreno do Messias.
Tal limitação, no entanto, não é encontrada em nenhum lugar no Novo Testamento, e um retorno á terra milenar nessa visão de João seria impróprio e confuso.''
Ainda temos a questão que as duas passagens mencionadas por Kelly não são paralelas, já que na primeira retrospectiva temos um retorno a um acontecimento, mas na segunda seria uma retrospectiva da eternidade de volta ao tempo. Logo, o paralelismo é destruído.
2. O ministério dos anjos das taças:
Muitos apoiam a posição de Darby quando identificam essa passagem como milenar por causa dos cenários que o narrador apresenta em Apocalipse 17.1 e 21.19, Darby diz:
''Ao comparar o versículo 9 com o capítulo 17.1, você descobrirá essa semelhança, que é um dos sete anjos que têm as sete taças com a descrição da Babilônia, e que um deles também descreve a noiva do Cordeiro, a cidade santa, com toda a profecia a partir do versículo 9 [...]''
O que temos nos capítulos 21.9 e 22.1-5 não forma uma continuação, seja histórica, seja profética, do que precede. É uma descrição da Nova Jerusalém, e há muitas circunstâncias que precedem o que está no começo do capítulo. O anjo, da mesma forma, descreve a Babilônia após apresentar sua vitória.
Com isso podemos responder que não encontramos um real paralelismo relacionado entre a revelação do anjo nas duas passagens. A Babilônia foi introduzida no capítulo 16.19, e a retrospectiva segue imediatamente nos 17 e 18. Porém, ao revelar os acontecimentos no fim do capítulo 20, nos quais 21.9-22.5 estariam associados, no caso de uma referência ao milênio, a eternidade interveria entre a afirmação e a retrospectiva e explicação. Nesse caso, também é destruído esse paralelismo.
3. Os nomes dispensacionais que são usados:
Devemos observar também que na parte relativa ao milênio (do versículo 9 do capítulo 21) temos nomes dispensacionais, tais como Senhor Todo-Poderoso e Cordeiro; o que não aparece no capítulo 21.1-8, e que revela a eternidade, quando Deus será tudo em todos.
Tais nomes não são necessariamente dispensacionalistas em sua conotação. O título Cordeiro, como é aplicado a Cristo, antecede ao tempo, pois já estava sendo usado em 1 Pedro 1.19, foi usado por João ainda nos tempos da Lei, em João 1.29, aparecendo no tempo da Graça em Atos 8.32, e depois no período da Grande Tribulação em Apocalipse 7.14. Cordeiro é um nome eterno dado a Cristo visando Seu sacrifício completo e de Sua eterna redenção, não podendo ser limitado a uma era ou um povo.
O nome Todo- Poderoso é usado mais de trinta vezes no livro pré-patriarcal de Jó, e portanto, não se pode limitar a um povo ou era, Esse nome tomará novo significado por se provar mediante a destruição do último inimigo, que Deus é Todo - Poderoso.
No próximo artigo daremos sequência sobre essas questões.
FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: J. D. Pentecost.
EDITORA: Vida;
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