O REINO ETERNO - VII

 EM RELAÇÃO AS NAÇÕES E OS ANJOS


INTRODUÇÃO:


Ainda em relação á Cidade Santa, a Nova Jerusalém e as linhas de interpretação do trecho de Apocalipse 21.9 a 22.7, daremos continuidade tratando a questão das nações, se elas estão dentro da perspectivas eternas ou se elas estão dentro do contexto milenar.

I - A CURA DAS NAÇÕES:

Há uma argumentação de que a necessidade da cura como registrado em Apocalipse 22.2 obriga que tal passagem seja vista no período milenar. ''A cura é aplicável as consequências inevitáveis daquele princípio maligno, o pecado, ainda existe entre nós, tal como existirá, naquela época, entre as nações; compaixão e graça podem suprir essas com cura.'' (Jennings). Consoante a isso, Kelly amplia:
''... na eternidade as nações não existem dessa maneira; e nenhuma delas terá necessidade de cura nessa época.'' Já Scott faz um paralelismo entre essa passagem com a de Ezequiel 47.12:

''As nações milenares dependem da cidade acima para luz, governo, cura.
Tudo isso tem seu equivalente no notável capítulo de Ezequiel 47. ''O seu fruto servirá de alimento, e a sua folha, de remédio'' 9v.12). Tanto a cena acima (Ap 22) quanto a cena abaixo (Ez 47) são milenares, e ambas existem ao mesmo tempo, mas a bênção da primeira transcende infinitamente a da segunda. A árvore da vida sustenta; o rio da vida alegra.''

Já Ottman traz um comentário sobre essa linha de pensamento:

''Mas as duas visões não são a mesma. A amplitude da profecia de Ezequiel não se estende além do milênio, enquanto o alcance da de João é a eternidade. A de Ezequiel, no entanto, é uma do tipo de Apocalipse [...] Devemos lembrar que o milênio representa o céu apenas tipicamente e, apesar de seus termos descritivos parecerem harmoniosos aqui, não podemos confundir os dois. A cura das nações aqui mencionadas não envolve necessariamente um retorno ás condições milenares. As nações que existirem no fim dos mil anos do reinado de Cristo precisam de cura para a bênção total e final que será introduzida depois.''

Além disso é observável que a cura, muitas vezes nos profetas também é vista no sentido espiritual além de física.  Uma referência algum pecado específico ou alguma enfermidade específica que precisa de uma interpretação milenar não necessita ser inferida.

Podemos observar também que no jardim do Éden havia uma árvores da vida para sustentar Adão em seu estado antes da queda. E não temos uma referência ao pecado ou doença, como aqui também não é necessário ter.

II- A EXISTÊNCIA DAS NAÇÕES:

Para Kelly a menção ás nações nessa passagem exige uma referência ao Milênio:

''No estado eterno Deus lidará com os homens como indivíduos. Diferenças históricas chegam ao fim. Então não haverá nada como reis e nações [...] se analisarmos a última parte do capítulo, temos de lidar novamente com as nações e reis terrenos [...] Quando a eternidade começar, Deus terá acabado de lidar com as coisas pertinentes á ordem do mundo - reis e nações, e provisões semelhantes de natureza temporária. Tudo isso implica governo, pois o governo sugere que existe um mal a ser suprimido. Consequentemente, o que temos na última parte de nosso capítulo não é a condição eterna, mas um estado prévio...'''

Ottman faz objeção a esse argumento:

''Embora a terra seja dissolvida pela fogo, Israel não deixa de ser objeto do amor de Deus, mas, como nação, sobreviverá a esse julgamento. Isso é perfeitamente evidente a partir da passagem em Isaías que vai além do reino milenar e declara a continuação de Israel em relação ao novo céu e á nova terra (Is 66.22). A idéia de que nenhuma outra nação milenar sobrevive á dissolução da terra é da mesma forma quase inconcebível [...] Logo, elas também terão a sua conexão com a nova terra, mas distintamente da igreja e de Israel.''

Em grande parte desse argumento, provavelmente baseia-se na interpretação da preposição ''eis'' em Apocalipse 21.26. Como um diligente estudioso do grego, Kelly afirma: ''não para dentro dela, mas até ela, para as quais só há uma palavra grega, ''eis''. Essa tradução faz com ele prove sua teoria de que o cenário de Apocalipse 21.26 é milenar e as nações chegarão até a cidade.

Já Ottman permanece na tradução para dentro dela:

''Tanto no fim quanto durante o milênio, haverá nações. Não há dificuldade nesse conceito, como também não há problema no fato de elas terem acesso á santa cidade, á qual trarão glória e honra.
Alford diz [...] ''Se os reis da terra e as nações trazem sua glória e os seus tesouros para dentro da cidade, e ninguém jamais entrará nela que não esteja inscrito no livro da vida, segue-se que esses reis e nações estão inscritos no livro da vida [...] Pode haver [...] os que foram salvos por Cristo sem jamais fazer parte de Sua igreja organizada visível.''

III- O MINISTÉRIO DOS ANJOS:

Temos a argumentação de Scott que diz que isso deve ser no Milênio, porque ''não há ministrações angelicais no cenário da eternidade. e aqui elas são proeminentes''. Esse ministério, Scott acredita que exige uma interpretação milenar.

O estado eterno descrito em Apocalipse 21.1-8 é muito breve. Nesse caso está fazendo uso do argumento do silêncio para concluir que não teremos o ministério angelical na eternidade. Vemos que em Hebreus 12.22 os anjos são descritos como habitantes da Jerusalém celestial, a cidade do Deus vivo. Não precisamos excluir os anjos da eternidade devido o silêncio de Apocalipse 21.8.

Kelly que é um forte defensor da posição que essa passagem supracitada destaca o período milenar, deixa-nos um adendo:

''Mas há certas características nessa passagem que são eternamente verdadeiras.''

No próximo artigo iremos trabalhar com os argumentos que a passagem de 21.9 a 22.7 de Apocalipse é relacionada ao estado eterno.

FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR; John Dwight Pentecost.
EDITORA: Vida.





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