ALIANÇA DAVÍDICA - II

 O CARÁTER DA ALIANÇA DAVÍDICA


INTRODUÇÃO:

Antes de entrar no ponto principal, convido o leitor (a) a ler nosso artigo 1 desta abordagem.

Feito isso, podemos continuar dando sequência ao nosso estudo sobre esta aliança, mas é importante antes de tudo destacar certos pontos:

Como nas alianças anteriores, o fator determinante é o caráter da própria aliança. 
Ela é condicional e temporária ou incondicional e eterna?
O amilenarista é forçado a defender uma aliança condicional e um cumprimento espiritualizado, para que o trono em que Cristo agora está assentado à destra do Pai se torne o "trono" da aliança, para que a
família da fé se torne a "casa" da aliança e para que a igreja se torne o "reino" da aliança.

Uma opinião neutra nos é apresentada por Murray:

''A aliança davídica, a respeito da qual muito foi dito, mostrou que sua descendência sentaria sobre seu trono e teve seu cumprimento natural no reinado de Salomão. Seus aspectos eternos incluem o Senhor Jesus Cristo da descendência de Davi; e, no livro de Atos, Pedro insiste em que a ressurreição e a
ascensão de Cristo cumpriram a promessa de Deus de que a descendência de Davi sentaria sobre seu trono. (V. Atos 2.30.) Por que insistir, então, no cumprimento literal de uma promessa que as Escrituras comprovam ter um cumprimento espiritual?''
(George MURRAY, Millennial studies, p. 44)

Para Murray os aspectos terrenos desta Aliança foram cumpridos por Salomão, mas os espirituais e eternos são cumpridos por Cristo e pela Igreja, tornando a Igreja como ''descendente'' e ''reino'' desta aliança.  Neste caso o reino é celestial e não terreno, e o reino de Davi se torna o governo celestial de Cristo sobre a Igreja. Mas tal posição é somente aceita por uma considerável alegorização.

A ALIANÇA DAVÍDICA É INCONDICIONAL EM SEU CARÁTER:


É importante notar que o  único elemento condicional na aliança era se os descendentes de Davi
ocupariam continuamente o trono ou não. A desobediência poderia trazer castigo, mas jamais ab-rogar a aliança.

Assim Peters nos esclarece:

''Alguns [...] erroneamente concluem que toda a promessa é condicional, indo contra as afirmações mais claras do contrário em relação ao mais Distinto dos filhos de Davi, o Descendente preeminente. Ela era, na verdade, condicional quanto à descendência ordinária de Davi (cf. Sl 89.30-34, e ver a força de
"mas" etc.) e, se sua descendência tivesse obedecido, o trono de Davi jamais teria vagado até a vinda do Descendente por excelência; no entanto, por terem sido desobedientes, o trono foi derrubado, e permanecerá então "um tabernáculo caído", "uma casa desolada", até ser reconstruída e restaurada pelo Descendente. O leitor não deixará de observar que, se cumpridas em Salomão e não relacionadas ao Descendente, quão incoerentes e irrelevantes seriam as profecias dadas mais tarde, como, por exemplo, Jeremias 33.17-26 etc.''

Enquanto de uma sucessão direta de reis, Davi não havia previsto, mas o caráter eterno da Aliança permaneceria. Nos Salmos Davi previu a derrubada do seu reino (v. 38-45) antes da realização do que
tinha sido prometido (v. 20-29). Mas previu o cumprimento da promessa (v. 46-52) e abençoou o Senhor.

A fé de Davi estava apoiada por essas três razões:

1) Primeiro, como as outras alianças de Israel, ela é chamada eterna em 2 Samuel 7.13,16; 23.5; Isaías 55.3 e Ezequiel 37.25. A única maneira pela qual ela pode ser eterna é se for incondicional e baseada na fidelidade de Deus para sua execução.

2) Aqui também essa aliança apenas amplia as promessas da "descendência" da aliança abraâmica original, que demonstrou ser incondicional, e assim compartilhará do caráter da aliança
original.

3) Além disso, essa aliança foi reafirmada após repetidos atos de desobediência por parte da nação. Cristo, o Filho de Davi, veio oferecer o reino de Davi após gerações de apostasia. Essas
reafirmações não se fariam nem poderiam ser feitas se a aliança fosse condicionada a qualquer reação por parte de Israel.


No próximo artigo falaremos como esta Aliança deve ser interpretada.

FONTE: Manual de Escatologia
AUTOR: John Dwight Pentecost
EDITORA: Vida.


Comentários

Postagens mais visitadas