A RELAÇÃO ENTRE O ESPÍRITO SANTO E A TRIBULAÇÃO - INTRODUÇÃO
A IDENTIDADE DO DETENTOR
No último artigo abordamos o juízo divino contra o império gentílico que se reerguerá nos Últimos Dias sob o domínio de um líder mundial que as Escrituras comumente tem chamado de Anticristo. Como também mostramos qual será a relação dos judeus no período tribulacional e a relação dos gentios no mesmo período. Voltando aos juízos divinos que serão derramados durante os sete anos finais da Septuagésima Semana de Daniel, as três sequencias sétuplas dos selos, trombetas e taças.
A partir deste artigo, embora que o foco continua sendo a Grande Tribulação, nosso objetivo é mostrar qual será o papel do Espírito Santo depois que a Igreja for arrebatada da terra. Nosso material de pesquisa continua sendo o Manual de Escatologia de John Dwight Pentecost, e outros materiais de pesquisas que poderão nos ajudar a compreender esse aspecto como disse Pentecost:
''Uma das considerações importantes que acompanham o estudo do período tribulacional é a relação do Espírito Santo com esse período e o trabalho que Ele realizará.''
Em primeira mão, o assunto que abriremos dentro dessa temática é a questão de 2 Tessalonicenses 2.7,8, onde o apóstolo Paulo trata do detentor que impede o surgimento do Anticristo antes do tempo determinado.
John Pentecost entra nesse aspecto dizendo:
''A relação entre o Espírito e a tribulação é em grande parte apurada pela interpretação de 2 Tessalonicenses 2.7,8. Alguém afirmara erroneamente que os tessalonicenses já estavam no dia do Senhor. Para corrigir essa interpretação equivocada, Paulo afirma que eles não podiam estar no dia do Senhor, pois aquele dia não viria até que o dia não viria até que o iníquo fosse revelado. Sua manifestação era impedida pela obra de detenção dAquele cujo o ministério permaneceria. Após a retirada desse detentor é que o iníquo será revelado e o dia do Senhor começaria.''
Há uma verdade central nessa passagem, satanás está tentando executar seu plano maligno para o mundo, isso envolve introduzir seu último governante humano, ele não consegue porque há um Detentor que o impede essa manifestação, e o plano satânico seja impedido de se desenvolver antes do tempo designado por Deus.
Em 1 João 4.3 o plano de introduzir o anticristo já havia começado a operar em sua época. Tal plano se estendeu, mas tem sido controlado pelo detentor.
I - QUEM É O DETENTOR:
Bom, muitas respostas podemos encontrar quando se trata da identidade de quem está impedindo o Anticristo surgir até que o tempo determinado se cumpra. Podemos enumerar as repostas que muitos acreditam que seja uma delas o Detentor.
1. Alguns acreditam que era o Império Romano, nos dias de Paulo.
Uma interpretação melhor e mais antiga diz que Paulo hesitou em descrever com palavras o que queria dizer, porque tinha em mente o Império Romano. A influência impessoal era o sistema magnífico de lei e de justiça em todo o mundo romano; isso controlava a iniquidade do iníquo. Então a linhagem de imperadores, a despeito de seus indivíduos ímpios, tinha a mesma influência.
2. Outros acreditam que sejam o governo e a lei humana.
Hogg e Vine concordam com essa interpretação ao escreverem:
''No devido tempo o império babilônico, a cujo rei as palavras foram ditas, foi substituído pelo persa, e este pelo grego, e este, por sua vez, pelo romano, que floresceu na época do apóstolo [...] As leis sob as quais esses estados subsistem foram herdadas de Roma, da mesma forma que Roma as herdou dos impérios que a precederam. Assim, as autoridades existentes são instituídas por Deus [...] a autoridade constituída deve agir para deter a iniquidade.''
Mesmo que as autoridades foram instituídas por Deus (Romanos 13.11), mas não são elas que podem nos fornecer uma reposta satisfatória quando se trata da identidade do Detentor, pois estas autoridades são apenas poderes humanos.
Walvoord escreveu sobre a questão do governo humano:
''O governo humano, no entanto, continua durante o período tribulacional no qual o iniquo é revelado. Embora todas as forças da lei e ordem tendam a deter o pecado, elas não fazem por seu próprio caráter, mas á medida que são usadas para alcançar esse fim por Deus. Parece uma interpretação preferível entender que toda a detenção do pecado, independentemente dos meios, procede de Deus como ministério do Espírito Santo.
Como Thiessem escreve: ''Mas quem é o detentor? Denney , Findlay, Alford, Moffat afirmam que isso se refere á lei e á ordem, especialmente como incorporadas no Império Romano. Mas, conquanto governos humanos possam ser agentes no trabalho de detenção do Espirito, cremos que eles, por sua vez, são influenciados pela igreja. E, ainda, atrás do governo humano está Deus que o constituiu (Gênesis 9.5,6; Romanos 13.1-7) e o controla (Salmos 75.5-7). Então é Deus, pelo Seu Espírito, que o detém o desenvolvimento da iniquidade''.''
3. Uma terceira opinião é a que satanás é o detentor. Um defensor dessa opinião escreve:
''Por que todo mundo deveria concluir que esse detentor deve ser algo bom? Esse poder de detenção não poderia ser o próprio satanás? Ele não tem um plano para a manifestação do filho da perdição, assim como Deus tinha uma hora designada para a encarnação de Seu Filho divino?''
Jesus respondeu aqueles que disseram que Ele fazia sinais pelo poder satânico: ''Se uma casa estiver dividida contra si mesma, tal casa não poderá subsistir'' (Marcos 3.25). Podemos usar como resposta aos defensores dessa opinião. Além disso, a retirada desse detentor não libertará o mundo da atividade satânica, se ocorresse de satanás fosse o detentor, mas lançará no mundo como uma fúria descontrolada (Apocalipse 12.12). Voltamos á Walvoord diz:
''Essa idéia dificilmente é compatível com a revelação de satanás nas Escrituras. Satanás jamais recebe poder universal sobre o mundo, apesar de sua influência ser incurável. Um estudo de 2 Tessalonicenses 2.3-10 mostra que aquele que detém sai de cena antes que o iniquo seja revelado. Isso não poderia ser dito sobre satanás. Pelo contrário, é no período tribulacional que o trabalho de satanás é mais evidente. As Escrituras o apresentam lançado na terra e liberado a sua fúria nesses dias trágicos (Apocalipse 12.9). A teoria de que satanás é o grande detentor da iniquidade é, consequentemente, impossível.''
4. Uma quarta interpretação é a de que o detentor é a igreja.
Os crentes são comparados como sal, um conservante, e luz, agentes purificador, dissipador de trevas. Isso é reconhecido, e é concordado de que a igreja poderia ser um dos meios pelos os quais a detenção é sentida, mas o canal não poderia agir ao mesmo tempo como agente. Isso está claro nas palavras de Stanton:
''... a igreja, é, no máximo um organismo imperfeito, perfeito em posição diante de Deus, com certeza, mas experimentalmente, diante dos homens, nem sempre pura e livre de acusação. Como o governo humano, a igreja é usada por Deus para impedir a manifestação total do iníquo no presente século, mas o que o detém efetivamente não é o crente, mas Aquele que dá poder ao crente, o Espírito Santo que vive nele (João 16.7; 1 Coríntios 6.19). Sem Sua presença, nem a igreja, nem o governo humano teriam habilidade de impedir o plano e o poder de satanás.''
5. A quinta interpretação é que afirma que o detentor é o Espírito Santo.
O autor mencionado anteriormente nos dá razões para que apoiamos essa conclusão:
1) Por mera eliminação, o Espírito Santo deve ser o detentor. Qualquer outra hipótese deixa de preencher as exigências [...]
2) O iníquo é uma pessoa, e suas operações abrangem o reino espiritual. O detentor deve, da mesma forma, ser uma pessoa e um ser espiritual [...] para deter o Anticristo até a hora de sua revelação. Meros agentes ou forças espirituais impessoais seriam insatisfatórias.
3) Para alcançar tudo o que deve ser realizado, o detentor deve ser um membro da Trindade. Deve ser mais forte do que iníquo e mais forte que satanás, que energiza o iníquo. Para deter o mal no decorrer dos séculos, o detentor deve ser eterno. [...] O campo de ação do pecado é o mundo inteiro; logo, é imperativo que o detentor seja alguém não limitado pelo tempo e espaço [...]
4. Essa era de certa forma a ''dispensação do Espírito, pois Ele trabalha agora de maneira diferente de outros séculos como uma Presença residente nos filhos de Deus [...] A era da igreja começou com o advento do Espírito Santo no Pentecostes e terminará com o inverso do Pentecostes, a retirada do Espírito Santo. Isso não significa que Ele não estará operando - apenas que não será mais residente.
5. O trabalho do Espírito Santo desde Seu advento incluiu a detenção do mal [...] João 16,7-11 [...] 1 João 4.4. Como será diferente na tribulação [...]
6. [...] apesar de o Espírito não ter residido na terra durante os dias do Antigo Testamento, assim mesmo exerceu influência detentora [...] Isaías 59.19b.''
II- O TRABALHO DO ESPÍRITO SANTO COM OS CRENTES NA TRIBULAÇÃO:
Não podemos confundir pelo fato de que o Espírito Santo é o agente detentor que será retirado da terra antes do começo da Grande Tribulação, isso ser interpretado como uma negação que o Espírito Santo seja onipresente, ou que Ele não estará operando no período da Tribulação.
O Espírito Santo continuará trabalhando dentro e por meio de homens. Mas, quanto aos ministérios do Espírito Santo exclusivos ao crente nos dias anterior ao arrebatamento (batismo 1 Coríntios 12.12,13; habitação 1 Coríntios 6.29,30; selo Efésios 4:30; enchimento Efésios 5.18) terminarão com o arrebatamento.
As palavras de Walvoord escreveu sobre a questão:
''Há pouca evidência de que os crentes serão habitados pelo Espírito durante a tribulação [...] O período tribulacional [...] parece voltar as condições do Antigo Testamento de várias maneiras; e, no período do Antigo Testamento, os santos jamais foram habitados permanentemente exceto em casos isolados, apesar de serem encontrados vários casos de plenitude do Espírito de capacitação para o serviço. Considerando todos os fatores, não há evidência da presença habitadora do Espírito Santo nos crentes durante a tribulação, no entanto, segue-se que serão selados ´pelo Espírito, pois o selo é a Sua própria presença neles.''
Uma vez que que todos os ministérios do Espírito Santo para os crentes na atualidade dependem da Sua presença habitando neles, todos os ministérios dela dependentes estarão ausentes em relação aos santos da tribulação.
No próximo artigo iremos desenvolver como será o processo da Salvação no período da Grande Tribulação.
FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: John Dwight Pentecost
EDITORA: Vida.
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