A RELAÇÃO ENTRE O ESPÍRITO SANTO E A GRANDE TRIBULAÇÃO - PARTE I

 A SALVAÇÃO NO PERÍODO TRIBULACIONAL

INTRODUÇÃO:

Depois de considerarmos a questão do agente detentor no artigo anterior, assunto que abriu nosso tema sobre a relação do Espírito Santo na terra após o arrebatamento da Igreja, Agora, vamos começar entender um dos assuntos mais controverso na escatologia, a questão da salvação na grande tribulação. Vários ataques são direcionados ao dispensacionalismo  por defender essa posição. Uma vez que o próprio dispensacionalismo defende que o Espírito Santo é o agente detentor que será retirado da terra, como seria alguém salvo na grande tribulação sem o Espírito Santo?

Nesse combate de posições escatológicas, temos a posição de Allis em sua pergunta:
''Se a igreja se constitui apenas daqueles que foram redimidos no intervalo entre o Pentecoste e o arrebatamento, e se toda igreja deve ser arrebatada, então não haverá crentes na terra no período entre o arrebatamento e aparição. Mas, durante o período, 144 mil em Israel e uma multidão inumerável de gentios (Ap 7) serão salvos. Como isso pode acontecer, se a igreja for arrebatada e o Espírito Santo for retirado da terra?''

Na mente de Allis, ele pensou que eliminou toda a posição dispensacionalista quando fez tal pergunta, pois, em sua visão, não pode haver salvação sem a presença e ministério da igreja. Ainda esse mesmo autor continuou:
''... a objeção mais séria á afirmação dos dispensacionalistas, segundo a qual a declaração ''o reino dos céus está próximo'' significava que ele poderia ser estabelecido ''a qualquer momento'', era o fato de que isso implicaria desprezar o ensinamento inequívoco de Jesus de que ''Cristo deve sofrer entrar na sua glória''. Essa declaração tornava a cruz desnecessária ao sugerir que o reino glorioso do Messias poderia ser estabelecido imediatamente. Ela não dava espaço para cruz, já que o reino do Messias deveria ser sem fim. Ela levava á conclusão de que, se Israel tivesse aceito a Jesus como Messias, o ritual de sacrifícios do Antigo Testamento seria suficiente para o pecado [...] A única conclusão  a que se pode chegar com base em tal afirmação é que a igreja exigia a cruz, enquanto o reino não;  que o evangelho do reino não incluía a cruz , enquanto o evangelho da graça de Deus a incluía.
[...]
[...] é a questão [...] se o remanescente judeu ''piedoso'' do fim dos tempos aceitará a pregação da cruz ou não.
[...]

O ''evangelho do reino'' foi pregado antes da cruz, antes da era da igreja, durante o qual o evangelho da cruz deve ser pregado; e a sua pregação deverá ser retomada, aparentemente sem mudança ou adição, após a era da igreja. A interferência natural é esta: se ele não envolveu a cruz quando foi pregado no primeiro advento, ele não incluí quando for pregado após o arrebatamento. Tal conclusão é por mais inevitável se ele for pregado por um remanescente judeu...''

O pós-tribulacionista está de total acordo com essa posição. Tais acusações faz necessário estabelecer o ensinamento das Escrituras sobre essa questão da Salvação no período tribulacional.

I- A NATUREZA DA SALVAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO:

Quando tratamos sobre a questão da salvação no Antigo Testamento, é necessário entende-la em dois aspectos distintos, ela é individual e nacional.

1. O primeiro aspecto é o individual. Com a esse respeito a esse assunto, Chafer escreve:

''Os santos do Antigo Testamento tinham um relacionamento correto e aceitável com Deus [...] Quanto á condição do judeu na antiga dispensação, podemos observar: a) Nasciam como participantes de um relacionamento pactual com Deus no qual não havia limitações impostas sobre sua fé ou sobre sua comunhão com Ele [...] b) Em caso de não conseguirem alcançar as obrigações morais e espirituais impostas por sua posição na aliança, os sacrifícios eram oferecidos como base de restauração dos privilégios pactuais [...] c) Como indivíduo, o judeu poderia de tal modo fracassar em sua conduta e de tal modo negligenciar os sacrifícios, que, no final, seria desonrado por Deus e lançado fora [...] d) A salvação e o perdão nacional de Israel ainda são uma expectativa futura, e sua ocorrência é prometida para quando o Libertador vier de Sião (Rm 11.26,27)
[...] Uma parte muita clara e abrangente das Escrituras fala sobre a vida eterna relacionada ao judaísmo. No entanto, ela é contemplada ali como uma herança. a) Isaías 55.3 [...] b) Daniel 12.2 [...] c) Mateus 7.13,14 [...] d) Lucas 10.25-29 [...] e) Lucas 18.18,27 [...] f) Mateus 18.8,9... A dádiva da vida eterna será para os israelitas, como no caso dos crentes, uma característica da salvação em si; e a salvação para Israel é apresentada em Romanos 11.26-32 como algo que ocorre após o cumprimento do propósito do presente século, a plenitude dos gentios; esse cumprimento trará o fim da cegueira de Israel  (v.25), na época em que vier ''de Sião o Libertador'', que ''apartará de Jacó as impiedades''.''

A Salvação no Antigo Testamento era oferecida individualmente, e aceita pela fé, baseada em sacrifício de sangue, que apontava para o verdadeiro sacrifício que estava por vir - Jesus. Tal salvação foi apresentada como herança a ser recebida em tempo futuro, e não uma posse presente. Cada israelita que acreditasse em Deus era verdadeiramente salvo, mas aguardava uma expectativa futura de plenitude daquela salvação. Novamente recorremos  a Chafer:

''Ao apresentar um sacrifício e o colocar a mão sobre a cabeça da vítima, o transgressor reconhecia seu pecado diante de Deus e entrava relacionalmente num acordo em que um substituto morria no lugar do pecador. Embora seja afirmado em Hebreus 10.4 - ''porque é impossível que o sangue de touros e bodes remova pecados'' -, Deus concedia perdão ao transgressor, porém com a expectativa de que uma base justa para tal perdão seria por fim assegurada pela morte sacrificial incomparável de Seu Filho, exemplificada pelo sacrifício animal [...] Em Romanos 3.25 o objetivo divino da morte de Cristo é declarado assim: ''para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos''.''

Dessa forma a Salvação era oferecida ao indivíduo.

2. O outro aspecto da Salvação oferecida no Antigo Testamento era o nacional:

Para este aspecto, voltaremos para Chafer que escreve:

''As Escrituras testemunham sobre o fato de que Israel como nação deverá ser salvo de seu pecado e liberto de seus inimigos pelo Messias quando Ele retornar á terra [...] É óbvio que Israel como nação não está salvo agora, e nenhuma das características das alianças eternas de Jeová com aquele povo estão evidentes agora [...] A nação, com exceção de certos rebeldes que serão expulsos (Ez 20.37,38), será salva, e isso pelo seu próprio Messias quando Ele vier de Sião (cf. Is 59.20,21; Mt 27:37-39; At 15.16).
''Todo o Israel'' de Romanos 11.26 é evidentemente aquele Israel separado e aceito que terá passado pelos julgamentos que ainda cairão sobre aquela nação (cf. Mt 24.37-25.13). O apóstolo diferencia claramente a nação Israel de um Israel espiritual (cf. Rm 9.6; 11.1-36).
[...] Jeová vai, junto com o segundo advento de Cristo e como parte da salvação de Israel, ''tirar os seus pecados''. Isso, Jeová declara, é Sua aliança com eles (Rm 11.27). Observa-se que, em tempos passados, Jeová lidava com os pecados de Israel [...] apenas com uma cobertura temporária daqueles pecados, e que Cristo na Sua morte levou sobre Si o julgamento daqueles pecados que Jeová já havia perdoado; mas a aplicação final do valor da morte de Cristo por Israel espera o momento de sua conversão nacional [...] É então que, de acordo com Sua aliança, Jeová vai ''tirar'' seus pecados. Hebreus 10.4 afirma-se  que é impossível que o sangue de touros e de bodes ''remova'' pecados, e em Romanos 11.27 está prometido que os pecados de Israel serão retirados [...] A inferência a ser feita a partir dessas e de outras partes das Escrituras é que ainda no futuro, no mais breve espaço de tempo, e como parte da salvação de Israel, Jeová retirará seus pecados [...] Concluímos, então, que a nação de Israel ainda será salva e seus pecados serão retirados para sempre por meio do sangue de Cristo.''

Um israelita quando crer em Deus é  salvo, e tal salvação lhe era assegurada com base numa obra futura que Deus fará para toda a nação na Segunda Vinda, quando o Messias irá tratar para sempre dos pecados do povo. Um israelita salvo pode se alegrar por sua própria salvação e ainda ao mesmo tempo esperar pela salvação de sua nação. O fato de que a nação de Israel não esteja salva ainda, isso não anula a salvação do indivíduo judeu que crer (Romanos 1.16,17).

As criticas á posição pré-tribulacionista , conforme foram mencionadas anteriormente, não tem fundamento. Os indivíduos salvos na grande tribulação irão conhecer a experiência da salvação, olhando ainda para o futuro com expectativa pela conclusão da salvação nacional quando o Redentor aparecer. Depois que os judeus experimentar a salvação individual, eles ainda aguardarão com nova alegria a vinda do Redentor e Sua redenção para completar aquilo cujo no início eles mesmos experimentaram.

II- QUAIS ERAM AS PROMESSAS ESPECÍFICAS DE SALVAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO:

Muitas passagens no Antigo Testamento prometem a salvação a Israel. Mesmo que a ênfase seja dada á salvação nacional, esta é precedida pela salvação individual. Paulo, por sua vez, em Romanos 9.6 restringe o ''todo Israel'' de Romanos11.26 a indivíduos salvos. No Antigo Testamento, os dois aspectos da salvação, individual e nacional deve ser incluídos.

Passagens no Antigo Testamento  sobre a salvação de Israel:

1. Jeremias 30.7.
2. Ezequiel 20.37,38.
3. Daniel 12.1.
4. Joel 2.31.32.
5. Zacarias 13.1,8-9.

Aquele dia é o dia em que está prometido a salvação para Israel no Antigo Testamento, conhecido também como o dia do Senhor. Tal salvação ainda não foi experimentada por Israel, mas no tempo determinado por Deus, onde Ele lidará novamente com Israel como nação, isso é, na grande tribulação. E aquelas promessas que não foram cumpridas do Antigo Testamento os levam a esperar que a salvação seja experimentada também após o arrebatamento da Igreja.

Além do Antigo Testamento prevê a salvação dos israelitas, ainda também prevê de uma multidão de gentios no período tribulacional (Isaías 2.2,4; 60.3,5; 62.2).

Tais promessas foram reiteradas por Jesus durante Seu ministério (Mateus 13.47-50; 24.13 e João 3.1-21.

Continuaremos desenvolver esse assunto no próximo artigo, onde iremos tratar sobre o cumprimento da salvação prometida e a base da salvação na grande tribulação.

FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: J.D. Pentecost.
EDITORA: Vida.



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