A SEGUNDA VINDA DE CRISTO - PARTE IX

 O PLANO DAS RESSURREIÇÕES NA SEGUNDA VINDA - FINAL
A RESSURREIÇÃO DOS SANTOS DO ANTIGO TESTAMENTO


INTRODUÇÃO:


Anteriormente estávamos analisando o plano das Ressurreições para a Igreja. Destacamos a Ressurreição de Cristo como o modelo da Primeira Ressurreição, sendo Ele as primícias dos que dormem.  A Ressurreição da Igreja ocorrerá no Arrebatamento, mas o plano da Primeira Ressurreição continuará após o Arrebatamento. E é sobre essa continuidade que passaremos a estudar a partir deste artigo, é a Ressurreição dos santos do Antigo Testamento ou a Ressurreição de Israel que teremos em vista.

I- A RESSURREIÇÃO DE ISRAEL:


O momento em que os fiéis do Antigo Testamento irão ressuscitar é um ponto divergente até mesmo entre os dispensacionalistas. O momento dela precisa ser visto corretamente dentro do plano das Ressurreições, o momento dessa Ressurreição é visto por parte dos dispensacionalistas no Arrebatamento junto com a Ressurreição da Igreja em 1 Tessalonicenses 4.16, e esses seriam os argumentos:

1) A redenção de Israel depende da obra de Cristo, assim como a redenção da Igreja, nesse caso, pode-se afirmar que os santos do Antigo Testamento estão ''em Cristo'', portanto eles ressuscitam junto.

2) A ''voz do arcanjo'' mencionada na passagem por Paulo tem um significado especial para Israel, como a ''trombeta de Deus'' tem para a Igreja, dessa forma ambos estão incluídos. 

3) Os 24 anciãos de Apocalipse incluem os santos do Novo e do Antigo Testamentos, ai todos, devem ter ressuscitado.

4) Daniel 12.2,3 não fala da ressurreição literal, mas sobre a restauração nacional de Israel, por isso que a passagem não indica a hora da Ressurreição de Israel, mas sim a hora da sua restauração.

O grande problema dessa posição reside em desprezar a distinção essencial no plano para Israel e Igreja. No nosso estudo sobre os fundamentos do pré-tribulacionismo publicado nesse blog tratamos pelo menos 24 distinções entre Israel e a Igreja que ambos estão em posições diferentes no plano divino das profecias. (https://prwagneroleiro.blogspot.com/2017/03/serie-escatologica-pre-tribulacionismo_28.html).

Vamos olhar para os argumentos acima citados por parte dos dispensacionalistas que veem Israel e Igreja ressuscitando juntos e fazer algumas observações:

1) Embora que Israel seja redimido pelo Sangue de Jesus , porém Israel jamais experimentou o batismo do Espírito Santo para colocá-lo no ''Corpo de Cristo'', isso só está relacionado com a Igreja, e somente ela pode relacionar-se com Cristo dessa forma.

2) Sobre a menção do ''arcanjo'' na passagem de 1 Tessalonicenses, seja necessário inclui Israel, uma vez que há ministérios especiais dos anjos para aquela nação (Daniel 12.1), porém, deve-se considerar o fato de que em Apocalipse ministérios dos anjos são relatados no tocante aos julgamentos que antecedem a Segunda Vinda, e até mesmo á Vinda em si. Mas não somente em relação a Israel, também quando isso está relacionado com as outras nações.

3) Em relação a inclusão de Israel entre os 24 anciãos, já estudamos esse ponto e vimos que Israel não é incluído nessa lista. Veja o artigo (https://prwagneroleiro.blogspot.com/2021/03/serie-escatologica-relacao-da-igreja.html) e (https://prwagneroleiro.blogspot.com/2021/03/serie-escatologica-relacao-da-igreja_9.html).

4) Já em relação a passagem de Daniel 12.2,3 não pode ser vista figuradamente sem violar o princípio da interpretação literal que é a base do dispensacionalismo.

Temos o comentário de West:

''A verdadeira tradução de Daniel 12.2,3, em relação ao contexto, é ''e (naquela hora) muitos (do seu povo) dos que dormem no pó da terra ressuscitarão (ou serão separados), uns (que ressuscitam) para a vida eterna, e outros (que não ressuscitam naquela hora) para a vergonha e horror eterno''. É assim que traduzem os melhores doutores em hebraicos e os melhores exegetas cristãos; e esse é um dos defeitos da Versão revisada [em inglês] que [...] permitiu que a impressão errada que a Versão autorizada [em inglês] dá sobre o texto continue.''

Ainda sobre essa passagem, Gaebelein diz:

''A ressurreição física não é ensinada no segundo versículo desse capítulo; se fosse, a passagem estaria em conflito com a revelação relativa á ressurreição no Novo Testamento. Não existe uma ressurreição geral, mas haverá a primeira ressurreição, da qual apenas os justos participam, e a segunda ressurreição, que significa a ressurreição dos mortos incrédulos para seu castigo eterno e consciente [...]
Repetimos que a mensagem não tem nada que ver com ressurreição física. A ressurreição física é usada, no entanto, como metáfora do reavivamento nacional de Israel naqueles dias.''

Nessa linha parece que Israel e a Igreja ressuscitarão juntos, e que interpretando a passagem literalmente, Daniel 12.2 estaria tratando de uma ressureição geral, nesse caso seria necessário espiritualizar a passagem. Porém , tal espiritualização não surge por causa da intepretação da passagem, mas de uma tentativa de atenuar certas discrepâncias, que como já foi visto, não existem. È melhor entender essa passagem como um ensinamento da ressurreição física literal.

II- PASSAGENS PARALELAS SOBRE A RESSURREIÇÃO DE ISRAEL:


Outra passagem relacionada com a Ressurreição dos santos do Antigo Testamento está em Isaías 26.19. Nela, Kelly novamente espiritualiza para defender a restauração de Israel ao dizer:

''Mas no capítulo 16, a alusão á ressurreição é empregada como metáfora, porque o contexto prova que ela não pode referir-se ao fato literal; pois, se o fizesse, negaria que os incrédulos ressuscitarão''.

A passagem não aponta para a ressurreição dos incrédulos. Harrison olha para essa passagem da seguinte forma:

''Embora possa parecer que o versículo 14 ensine que não há ressurreição para os senhores que exercem domínio sobre Israel, e portanto não há ressurreição para os injustos, faltam provas de que o versículo se refira a eles. Os dois termos, ''mortos'' e ''sombras'' (''falecidos'' na Versão Revisada) [em inglês] não possuem o artigo definido. Aparentemente tudo o que está incluído aqui é uma observação  de que, considerando-se a experiência, a morte continua tendo domínio sobre os que estão debaixo do seu poder. Então no versículo 19 vem uma grande exceção. Parece que não há no contexto nenhuma alusão a uma não-ressurreição dos injustos.''

A passagem deve ser vista como a de Daniel 12.2,3 como referências á Ressurreição literal de Israel.

Olhando para a passagem em Ezequiel 37, a visão do vale dos ossos secos. Alguns acreditam que a palavra ''sepulturas'' nos versículos 13,14 pode demonstrar que está em vista aqui a ressurreição, pois não parece significar ''um lugar entre as nações'', mas sim ''um lugar de sepultamento''. No entanto, os ossos não são vistos numa sepultura, mas espalhados sobre o vale. O profeta deveria estar usando uma metáfora nesta passagem para ensinar uma restauração e não uma ressurreição (Ezequiel 37.11-14,21,22).

A explicação da visão na própria passagem nos versículos 21 e 22 é mostrada claramente o que está em vista é a Restauração de Israel. Podemos concluir aqui que Ezequiel está falando de restauração, e não sobre ressurreição. Gaebelein olha para ela assim:

''Nessa visão dos ossos secos, a ressurreição física é usada como metáfora da restauração nacional de Israel [...] Quando lemos em Ezequiel a respeito das sepulturas, devemos considerar o significado literal de sepulturas, mas as sepulturas são símbolos da nação sendo enterrada entre os gentios. Se os os ossos secos significam os mortos físicos da nação, como explicar que eles falem: ''Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança?''

III- A HORA DA RESSURREIÇÃO DE ISRAEL: 


É visto que a Ressurreição dos santos da Antiga Aliança não ocorrerá no momento do Arrebatamento da Igreja, porque essa Ressurreição inclui somente aqueles que estão ''em Cristo'' (1 Tessalonicenses 4.16), já que Israel não está nessa posição. Já estudamos que a Igreja era um mistério no Antigo Testamento, quando o plano de Deus para a Igreja for concluído, Deus irá concluir Seu plano com Israel.

A ressurreição é vista como um acontecimento final, e a ressurreição de Israel não deve vir até a conclusão do seu plano. Nisso é impossível espiritualizar Daniel 12.2 e Isaías 26.19 para fazer ter um sentindo de restauração nacional de Israel. A Ressurreição da Igreja e a Ressurreição de Israel ocorrerão em horas distintas.

Ao olharmos para as referências do Antigo Testamento que foram citadas nos mostram que a Ressurreição de Israel acontecerá na Segunda Vinda de Cristo. Daniel 12.1,2 revela que ela acontecerá ''naquele tempo'', que deve ser o tempo descrito anteriormente, ou no tempo dos acontecimentos finais da Última Semana de Daniel, quando chegará o fim para o Anticristo. Uma promessa de livramento (Daniel 12.1) e de uma ressurreição (Daniel 12.2). Parece nos indicar que a Ressurreição acontecerá ao ato do livramento da Besta na Segunda Vinda. Assim também é o que indica a profecia de Isaías do capítulo 26.19 mostra que a dádiva da Ressurreição que foi prometida não ocorrerá até que a ''ira passe'' (Isaías 26.20). Tal ira é o período da Grande Tribulação, e a Ressurreição dos santos do Antigo Testamento vai acontecer no fim desse período. Seria até um erro tentar incluir a Ressurreição de Israel no Arrebatamento, já que as profecias bíblicas revelam que Israel ressuscitará no final da Tribulação, e a Igreja ressuscitará antes dela começar.

IV- A ORDEM DO PLANO DAS RESSURREIÇÕES:


Temos uma ordem nos acontecimentos do plano das Ressurreições, e ele segue:

1) A Ressurreição de Cristo como o Primeiro da Primeira Ressurreição (1 Coríntios 15.23).

2) A Ressurreição dos santos da Era da Igreja no Arrebatamento (1 Tessalonicenses 4.16).

3) A Ressurreição dos mártires da Grande Tribulação na Segunda Vinda (Apocalipse 20.3-5).

4) A Ressurreição dos santos do Antigo Testamento na Segunda Vinda (Daniel 12.2; Isaías 26.19)

5) E a Ressurreição dos não salvos de todas as Eras depois do Milênio, a Segunda Ressurreição, a Ressurreição do Juízo (Apocalipse 20.5,11-14).

A partir do próximo artigo iremos finalizar esse tema da Segunda Vinda estudando os juízos que estão relacionados á Ela.

FONTE: Manual de Escatologia
AUTOR: J. D. Pentecost.
EDITORA: Vida.




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