A SEGUNDA VINDA DE CRISTO - PARTE XI

 OS JULGAMENTOS DA SEGUNDA VINDA- PARTE 2


INTRODUÇÃO:


Faz-se necessário uma recapitulação dos assuntos que estamos tratando. A Segunda Vinda está associada com o retorno pessoal de Jesus Cristo para reinar com seus santos. Ela acontecerá dando fim a Grande Tribulação destruindo o Anticristo e seus exércitos. Por ocasião da Segunda Vinda haverá a conclusão da Primeira Ressurreição com os santos do Antigo Testamento e os mártires da Grande Tribulação. Lembrando que essa Ressurreição é a da Vida, ela iniciou com Jesus sendo ressuscitado dentre os mortos, seguida pelos mortos da Igreja que ressuscitarão no Arrebatamento antes da Tribulação.

Alguns juízos estão associados á Segunda Vinda, vimos que há quatro julgamentos ligados ao retorno pessoal de Jesus Cristo á terra, começamos pelo julgamento da nação de Israel. O Israel vivo no fim da Tribulação será levado ao julgamento para determinar quem será que entrará ou não no Reino com Cristo. Os santos do Antigo Testamento também serão julgados na ocasião, mas não para determinar quem entrará ou não no Milênio, uma vez que todos eles foram alcançados pelo sacrifício de Cristo. Esses serão julgados para serem galardoados no Reino.

Com esse pequeno resumo feito daremos continuidade ao assunto dos julgamentos da Segunda Vinda.

O JULGAMENTO DAS NAÇÕES:


Já estamos cientes de que há uma cronologia nos acontecimentos registrados em Mateus 24 e25, esse julgamento é previsto logo após o julgamento de Israel (Mateus 25.31-46).

O profeta Joel revela que o julgamento sobre as nações acontecerá ao mesmo tempo que a nação de Israel será restaurada á sua terra, que é na Segunda Vinda. Assim, esse julgamento acontecerá após o ajuntamento de Israel, precedendo a inauguração do Milênio, uma vez que os aceitos nesse julgamento serão levados para o reino milenar (Joel 3.1,2; Mateus 25.34).

Tal julgamento ocorrerá na terra, não na eternidade. Esse assunto foi abordado por Peters dessa forma:

''Como não há nenhuma afirmação de que alguma dessas nações ressurgiu dos mortos, igualmente não há indicação de que alguma parte delas tenha descido do céu para ser julgada; a linguagem, desde que nenhuma teoria prévia seja levantada para influenciá-la, simplesmente refere-se a nações aqui na terra, de certa forma reunidas na segunda vinda.''

Joel 3.2 garante que esse julgamento será no ''vale de Josafá'', um local que não é fácil de ser identificado. Uns creem que seja sinônimo de ''vale da benção'' (2 Crônicas 20.26), quando Josafá venceu os moabitas e amonitas, cuja vitória deu ao lugar um novo nome. Vejamos o que Bewer diz:

''É certo que nosso autor não tinha em mente o vale da Benção que está ligado á vitória sobre os moabitas, amonitas e meunitas, 2 Crônicas 20.20-28. Não só seu nome, mas também a distância está contra ele. Não se sabe se havia um vale perto de Jerusalém como o nome do rei Josafá em tempos antigos.''

Já outros acreditam que esse vale é o vale de Cedrom que fica nos arredores de Jerusalém. No entanto, sabe-se bem que há uma ravina profunda que agora leva esse nome nos arredores de Jerusalém, separando a cidade santa do monte das Oliveiras. Mas é possível que o nome tenha sido aplicado a ela apenas por causa dessa profecia - não que ela tivesse esse nome quando Joel falou, nem por séculos depois, já que temos de chegar ao quarto século da era cristã antes de ele ser designado dessa maneira.

Uma solução é sugerida quanto ao local em questão é apresentada em Zacarias 14.4, em que o retorno do Senhor fará abrir o monte das Oliveiras em um grande vale.
Esse vale ainda não existe hoje, aparecerá no tempo da Segunda Vinda. Uma vez que o nome Josafá significa ''Jeová Julga'', provavelmente o recém vale aberto fora de Jerusalém receba esse nome devido por causa do grande acontecimento que ali acontecerá.

Embora que esse julgamento está ligado com as nações, mas será os indivíduos vivos e não os mortos que serão levados ao julgamento. Temos o argumento de Peters dizendo:

''A pergunta diante de nós é a seguinte: Todas as nações incluem ''os mortos'', ou apenas nações viventes? Ao responder essa questão, temos o seguinte: 1) Nada é dito sobre os ''mortos''. Dizer que eles são indicados depreende-se do fato de que essa passagem é - erroneamente- sincronizada com Apocalipse 20.11-15. 2) A palavra traduzida por ''nações'' nunca é, de acordo com o testemunho uniforme de críticos e estudiosos, empregada para designar ''os mortos'', a não ser que seja uma exceção solitária [...] 3) A palavra é empregada para denotar nações vivas e existentes e quase exclusivamente para as nações dos ''gentios''. 4) O Espírito nos dá testemunho abundante de que precisamente tal reunião de nações acontecerá logo antes de começar o milênio, e que haverá uma vinda e também um julgamento [...] 6) Julgamentos nacionais são derramados apenas sobre nações vivas e existentes, e não sobre os mortos que não possuem nenhuma organização ligada á idéia de nação ou estado [...] 7) Como não há afirmação de que alguma dessas nações tenha ressuscitado dos mortos, também não há indicação de que alguma parte delas tenha descido do céu para ser julgada...''

De acordo com Strong [relacionada á versão inglesa da Bíblia] , a palavra nação (ethenos) é traduzida por ''povo'' duas vezes, ''pagão'' cinco vezes, ''nação'' 64 vezes e ''gentios'' 93 vezes. Esse deve ser, então, considerado um julgamento sobre os gentios vivos na Segunda Vinda de Cristo.

Esse julgamento terá como base o tratamento dado aqueles que são chamados de ''meus irmãos'' (Mateus 25.40,45).
Voltamos para Joel 3.2, vejamos que Israel é centro de todo o plano de julgamento: ''congregarei todas as nações [...] e ali entrarei em juízo contra elas por causa do meu povo e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam por entre os povos, repartindo a minha terra entre si.'''
Isaías profetiza, parecendo reduzir tal referência a Israel apenas ás testemunhas crentes, indicando o ministério daquele grupo específico, uma vez que ele escreve (Isaías 66.19,20).

Vimos nessa Série que um remanescente será selado, os 144 mil, no começo da Tribulação. Serão um remanescente de testemunhas durante todo o período, e os frutos do seu ministério são descritos em Apocalipse 7.9-17, onde grande multidão é vista redimida. Esses são os ''irmãos, as testemunhas fieis do período tribulacional.

A condição espiritual dos réus será determinada nesse julgamento, definindo quem será ou não salvo. Não é um julgamento de obras, somente um descuido pode levar a essa conclusão, mas cuidadosamente podemos analisar que tal posição não é apoiada:

1) Primeiro lugar, o princípio aceito nas Escrituras é que ninguém é salvo por obras, pois a salvação nunca é oferecida com base em obras. Em Mateus 25.46 vemos que o destino eterno colocado sob julgamento está sendo decidido. Uma vez que o destino eterno nunca é decidido em base de obras, por isso que não será um julgamento de obras, mas com base na aceitação ou rejeição da obra de Cristo por nós.

2) Além disso, os que alimentaram, deram de beber, vestiram e visitaram os ''irmãos'' foram chamados justos. Se esse um julgamento de obras, eles devem ser considerados justos com base no que fizeram. Assim, isso se tornaria contrário aos ensinamentos das Escrituras sobre salvação.

O que acontecerá é que no período da Grande Tribulação os ''irmãos'' irão exercer o ministério de pregar ''este evangelho do reino por todo mundo, para testemunho a todas as nações'' (Mateus 24.14). Já vimos que o Evangelho do Reino implica a pregação da morte de Cristo e do sangue de Cristo, como o caminho para a salvação. Esse será o Evangelho pregado pelos ''meus irmãos''. Por esse motivo é que as nações irão participar desse julgamento e serão aceitos ou rejeitados com base em sua aceitação ou rejeição do Evangelho pregado pelos ''irmãos''. Quem aceitar o Evangelho aceitará o mensageiro, e quem rejeitar o Evangelho, rejeitará o mensageiro. O Evangelho pregado na Tribulação exigirá fé pessoal e um novo nascimento, mais bem reconhecido pelas obras que produz  (Mateus 18.3). Recorremos a Peters sobre esse aspecto:

''O Salvador, então, de acordo com a analogia geral das Escrituras sobre o assunto, declara que, quando Ele vier com os Seus santos em glória para estabelecer Seu reino, aqueles que, dentre as nações demonstrarem fé viva por meio de obras ativas de compaixão e auxílio herdarão (i,e., serão reis e sobre)_ com aqueles que os precedera, - um reino.''

Gaebelein ainda completa:

''Algumas das nações receberão seu testemunho. Elas crerão no evangelho do reino, esse último grande testemunho. Manifestarão a verdade de sua fé pelas obras. Os pregadores que saem são acusados publicamente e odiados por outros, e, assim, sofrem, famintos, e alguns são aprisionados. As nações que crêem no seu testemunho demonstrarão sua fé ao dar-lhes de comer, ao visitá-los, ao visitá-los na prisão e ao demonstrar-lhes amor. O caso de Raabe pode ser visto como uma predição tipológica. Ela creu, e isso numa época em que o julgamento cercava Jericó (o tipo do mundo).
''Pela fé Raabe, a meretriz, não foi destruída com os desobedientes, porque acolheu com paz os espias."
E novamente foi escrito sobre ela: ''De igual modo, não foi também justificada por obras a meretriz Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por outro caminho?'' Ela tinha fé e a manifestou em obras. E assim essas nações crêem nos mensageiros e os tratam com gentileza. A graça então os cobres porque eles creram.''

Concluímos que os gentios serão julgados  com bases em suas obras para verificar se são salvos ou incrédulos pelo fato de terem recebido ou rejeitado o Evangelho pregado pelo Remanescente durante o período Tribulacional.

Outro ponto controverso é se esse julgamento será individual  ou nacional. Algumas considerações parecem apoiar a teoria de que esse julgamento será individual, e não por sua identidade nacional:

1) As nações serão julgadas com base na recepção ou rejeição da mensagem do Evangelho do Reino. Qualquer mensagem apresentada é oferecida esperando uma resposta pessoal. Já que essa mensagem exige a fé e o novo nascimento que daí resulta, os que são julgados devem ser julgados pessoalmente, quanto á reação que tiveram com indivíduos para com a mensagem. Está revelado em Apocalipse 7.9-17 que sairá da Grande Tribulação grande multidão dos que ''lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro''. Eles são poderiam ser salvos como indivíduos

2) Se esse julgamento fosse feito em bases nacionais, nações inteiras precisariam ser admitidas no Milênio. Logo, já que a nação alguma é composta só por pessoas salvas, incrédulos entrariam no Milênio. (João 3.3; Mateus 18.3; Jeremias 31.33,34; Ezequiel 20.37,38; Zacarias 13.9; Mateus 25.30,46). Logo, deve ser um julgamento individual para verificar a salvação.

3) Se fosse um julgamento nacional, deveria ser feito com bases em obras, já que as nações não podem crer. Isso introduziria nas Escrituras um novo método de salvação com base nas obras. Já que as Escrituras não mostra em nenhum lugar que uma pessoa receba a vida eterna por causa de suas obras, esse deve ser um julgamento individual.

4) Todos os outros julgamentos no plano de julgamento divino são julgamentos individuais. Nenhuma outra parte desse plano jamais é interpretada de outra forma que não seja individual, portanto essa interpretação estaria estaria em harmonia com o plano inteiro.

5) Referências paralelas ao julgamento na consumação do século junto com a Segunda Vinda parecem tratar de julgamentos de indivíduos.

Veja Mateus 13.30, 47-50; Judas 1.14,15.

Cada um desses casos, que retratam esse mesmo processo de julgamento na separação dos justos antes do Milênio, é um julgamento individual. Ninguém interpreta essa passagem nacionalmente. Concluímos que Mateus 25, semelhantemente, retrata esse mesmo julgamento individual.

Uma questão que poderia ser levantada é o termo as nações teria os justos para indivíduos. A palavra é aplicada a indivíduos em Mateus 6.31,32; 12.21; 20,19; 28.19; Atos 11.18; 15.3; 26.20. Uma vez que o termo é usado em outras passagens, poderia também ser usada em Mateus 25.31.

Para finalizar esse assunto vamos entender qual será o resultado desse julgamento, que será um resultado duplo sobre os gentios vivos:

1) Aos que foram destinados á direita do Rei é feito ao convite: ''Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo'' (Mateus 25.34).

2) Os que serão destinados á esquerda do Pai será pronunciado o juízo: ''Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparados para o diabo e seus anjos''(Mateus 25.41).

Um grupo é levado para o reino para torna-se súditos do Rei, enquanto outros serão excluídos do Reino e enviados ao lago de fogo.
Esse grupo de gentios levados ao Reino irá cumprir as profecias de Daniel 7.14; Isaías 55.5; Miquéias 4.2, que afirmam que grande grupo de gentios será colocado sob o governo do Rei, mesmo que esse seja o Reino de Israel.

Próximo artigo iremos concluir todos os acontecimentos da Segunda Vinda com o fim do plano dos julgamentos da Segunda Vinda com os julgamentos dos anjos caídos e o grande trono branco.

FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: J. Dwight Pentecost.
EDITORA: Vida.




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