O MILÊNIO - PARTE VI
O CONCEITO DO REINO NO NOVO TESTAMENTO - PARTE II
INTRODUÇÃO:
Estamos estudando a concepção que se tinha do Reino de Deus a partir do Novo Testamento. Já vimos que nos dias de Jesus a esperança do Reino Messiânico era a mesma dos dos tempos anteriores. E que o Reino que Jesus ofereceu foi nos mesmos moldes dAquele profetizado no Antigo Testamento sem trata-lo com algo espiritualizado, considerando os aspectos políticos e nacionais de um reino teocrático.
O reconhecimento do Messias era a chave para a oferta ser aceita ou não. Tal reconhecimento começou em Seu nascimento quando o anjo anunciou a Maria e esclarecendo o trabalho de Seu Filho. Quando Maria entoou seu cântico em ação de graças mostra que ela entendeu a proclamação do anjo, assim também foi com Isabel, com Simeão, com a profetiza Ana, os pastores de Belém, e o reconhecimento dos gentios pelos magos. É necessário que tenhamos mais luz sobre esse tema, e assim o faremos a partir de agora.
I- O PRECURSOR DO MESSIAS:
O Messias não se apresentou por Si mesmo, Seu reino foi precedido pelo precursor. De acordo com as próprias palavras do Mestre, o ministério de João Batista foi predito por Malaquias (Mateus 11.13,14; 17.10-13), que anunciaria a vinda do Rei de Israel. ''Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus'' foi a mensagem do precursor (Mateus 3.2).
Batista não definia em sua mente o conceito do Reino, apenas anunciou Sua teocracia. Com administração do seu batismo como ritual de purificação com a aplicação de água, com a confissão de pecados que remetia já para a Vinda do Messias. Isso era feito por alguém que tinha a linhagem sacerdotal. O convertido confessava sua pecaminosidade com a necessidade e expectativa de que viria Aquele que, de acordo com as Escrituras, iria satisfazer completamente aquela necessidade. O batismo administrado por João identificava os que com ele esperavam o Messias.
II- O REINO TEOCRÁTICO OFERECIDO POR JESUS:
Em Seu ministério público e em particular com Seus discípulos, Jesus anunciava que o Reino Teocrático estava próximo, assim que o ministério de João Batista terminou (Mateus 4.12), Jesus faz Sua aparição pública de Seu ministério (Mateus 4.17). Depois Ele envia os doze discípulos ordenando-os a pregar que esse Reino estava próximo (Mateus 10.7) e em sequencia os setenta com a mesma mensagem (Lucas 10.9,11). A tais mensageiros foi lhes dita tais palavras:
''Bem-aventurados os olhos que vêem as coisas que vós vedes. Pois eu vos afirmo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não viram, e ouvir o que ouvis e não ouviram'' (Lucas 10.23,24).
O termo ''próximo'' faz-se a proclamação de que o Reino devia ser esperado iminentemente. Não sendo uma garantia de que o Reino fosse estabelecido imediatamente, mas que todos os acontecimentos que estavam pendentes tivessem sido retirados, e agora o Reino é iminente.
O Reino Teocrático foi a princípio anunciado apenas para a nação israelita (Mateus 10.5-7; 15.24).
Paulo chamou Cristo ''ministro da circuncisão'' para que as promessas fossem confirmadas (Romanos 15.8). Sem isso não poderia haver nenhuma benção universal da aliança abraâmica aos gentios até que os judeus tivessem experimentado a realização desse Reino, em qual Reino, o Rei abençoariam as nações
III- A MENSAGEM TEOCRÁTICA FOI CONFIRMADA PELOS SINAIS:
Os sinais foram a marca que autenticou a oferta do Reino. Ao perguntar se Jesus era o Cristo que eles haviam de esperar ou esperariam outro (Mateus 11.3), João Batista entendia que Jesus não seria recebido, uma vez que o precursor foi rejeitado, a essa questão o próprio Cristo respondeu:
''Ide e anunciai a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de tropeço.'' (Mateus 11.4-6).
Esses sinais eram a evidência do poder que estaria no Reino Teocrático com suas manifestações de bênçãos que existentes do Reino. Encerraremos esse artigo com o argumento de Peters:
''[Os milagres] são tão relacionados ao reino que não podem ser separados deles sem desfigurar ambos. Assim, esse fato é apresentado pelo próprio Jesus (Mt 12.28): ''Se, porém, eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós''. Aqui nós temos: 1. O relacionamento existente entre o reino e os milagres; sem estes, aquele não podia ser revelado. 2. Que os milagres são uma manifestação do poder que Jesus possuía e exercerá quando estabelecer Seu reino. 3. Que a expulsão milagrosa de demônios, ou de Satanás, é um acontecimento ligado ao reino, e sua realização por meio de Cristo é assim demonstrada como previsto, e.g., em Ap 20.1-6. 4. Que a expulsão milagrosa de demônios por Jesus é um prenuncio, uma demonstração prévia ou prefiguração [...] como foi a transfiguração, do próprio reino. Os milagres então são confirmações previamente concedidas de que o reino virá como previsto.
Os milagres de Jesus são tão variados e importantes á luz do reino que se pode perceber prontamente como eles nos dão a confiança necessária em suas várias exigências em seus vários aspectos. A ressurreição dos mortos está ligada ao reino; o fato de que as chaves da morte estão penduradas no cinto de Cristo é demonstrado nos milagres de [ressurreição dos mortos] [...] Doença e morte são banidas dentre os herdeiros do reino; os numerosos milagres de curar várias doenças e restaurar os moribundos estabelecem o poder de realizá-los. A plena perfeição do corpo será desfrutada no reino; isso é previsto pela eliminação de cegueira, da paralisia, da surdez e mudes. Fome, sede, jejum etc. são substituídos por uma abundância no reino; os milagres de alimentação de milhares comprovam o poder previsto que os realizará. O mundo natural estará sob o controle do Messias nesse reino; os milagres da pesca de peixes, da tempestade acalmada, do barco conduzido ao seu destino, da caminhada sobre o mar, do peixe que abrigou o imposto, da figueira infrutífera destruída e da muito ridicularizada transformação da água em vinho mostram que Aquele que estabelece esse reino realmente tem poder sobre a natureza. O mundo espiritual, misterioso, invisível estará como previsto, em contato e em comunicação com esse reino; e Jesus prova isso pelos milagres da transfiguração, da cura do endemoninhado, da expulsão da legião de demônios, da passagem pela multidão sem ser visto e pelos milagres da Sua própria morte, ressurreição e ascensão. Realmente, não há quase nenhuma característica desse reino previsto que será instituído por obra especial do Divino que também não nos tenha sido confirmada por alguns vislumbres do Poder que as realizará. O reino - o fim - tem como propósito desfazer a maldição do homem e da natureza e conceder as bênçãos mais extraordinárias ao homem e á natureza renovada; tudo isso, porém será feito por Aquele que, dizem as Escrituras, exercerá poder sobrenatural para realizá-lo. Então é lógico esperar, como parte do desenvolvimento do próprio plano, que quando chegar Aquele por meio de quem o homem e a natureza serão regenerados, seja exibida uma manifestação de poder - mais abundante e superior a tudo que a precedera - sobre o homem e sobre a natureza, para confirmar nossa fé Nele e em Seu reino.''
Os milagres realizados por Jesus não apenas demonstrou o poder do Reino Teocrático, mas também mostra como serão as condições que irão existir quando esse Reino for estabelecido.
No próximo artigo continuaremos tratando desse assunto, abordando com mais precisão a oferta do Reino.
FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: J. D. Pentecost
EDITORA: Vida.
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