O MILÊNIO - PARTE XII
O PLANO DO REINO NA PRESENTE ERA - PARTE I
INTRODUÇÃO:
Se a oferta do Reino para Israel foi retirada devido a sua rejeição, como fica agora a situação dos judeus após sua rejeição deliberada com respeito a Cristo e a oferta do Reino? Um dos pontos controversos entre os dispensacionalistas e os não dispensacionalistas reside justamente na questão da nação de Israel nos dias atuais.
Neste artigo iremos tratar sobre qual o Plano Divino depois da rejeição judaica do Reino Teocrático trazido por Jesus na Sua Primeira Vinda.
Como base ao nosso estudo continuaremos com o material do Dr. Pentecost e com citações de outros comentaristas.
I - DEUS CONTINUA DESENVOLVENDO SEU PLANO GERAL PARA O REINO TEOCRÁTICO:
Foi apresentado no estudo das parábolas em Mateus 13 o fato de que o Programa do Reino Teocrático continua em desenvolvimento. Isso era desconhecido do Antigo Testamento que haveria um grande intervalo de tempo que separaria a Segunda Vinda da Primeira, e a recepção da Oferta do Reino do Messias.
Essas Parábolas nos revelam todo esse desenvolvimento do Reino Teocrático que vai desde a rejeição do Rei pelos judeus na Primeira Vinda até a Sua aceitação como Messias por eles no Segundo Advento.
O comentário de Peters sobre Lucas 19.11-27 nos dá mais luz sobre esse Plano desenvolvido:
''Jesus contou essa parábola porque eles achavam ''que o reino de Deus havia de manifestar-se imediatamente''. Na Sua resposta não há nenhuma insinuação [...] de que os judeus estivesses errados em sua idéia do reino, nem de que, se os conceitos modernos estão corretos, o reino já tivesse vindo e sido estabelecido. Se assim fosse, então a resposta de Jesus teria sido de cruel impertinência; mas. com o conceito correto do reino, ela é coerente e vigorosamente expressa. Pois não há (como não poderia haver) nenhuma declaração de que eles estivessem errados em acreditar que o reino que esperavam, o messiânico, ainda fosse futuro. Eles estavam apenas errados na opinião, cuidadosamente anunciada, de que ''o reino de Deus havia de manifestar-se imediatamente''. Agora lhes é dada uma parábola para corrigir a crença no estabelecimento imediato do reino, o qual, no entanto, só viria depois de um período indefinido de tempo tivesse passado. Pois Ele se apresenta como um nobre, que, tendo direito ao reino, vi ''para uma terra distante, com fim de tomar posse'' (para confirmar Seu titulo) ''de um reino e voltar''. Durante a Sua ausência, Seus servos negociam até que Ele volte. Então, após um intervalo de tempo não claramente fixado, chegada a hora de entrar na posse do Seu reino, tendo recebido, Ele retorna. Segue-se o juízo, e aqueles que O rejeitaram (dizendo, ''não queremos que esse reine sobre nós'') são destruídos. Aqui temos: 1) os judeus pensavam que o reino apareceria de imediato; 2) mas não estava próximo, pois a) Ele partiria, b) eles recusariam Seu reino proferido, c) aqueles, no entanto, que eram dedicados a Ele deveriam ''negociar'' até que Ele voltasse, d) durante Sua ausência não haveria nenhum reino, pois Ele se ausentaria para receber o poder para reinar; 3) Ele voltaria e então manifestaria Seu poder adquirido [...] no estabelecimento do Seu reino. Logo temos a ausência e, depois, ''a aparição e o reino'' de Cristo.''
II- A RELAÇÃO DO REINO TEOCRÁTICO COM O POVO DO REINO TEOCRÁTICO NA PRESETE ERA:
Romanos 11delenia essa relação, onde o apóstolo Paulo fez certas afirmações que tratam sobre o tratamento divino com o povo de Israel:
1. Deus não abandonou Israel (v.1,2).
2. Deus sempre manteve um remanescente para Si (v. 3,4).
3. Há um contínuo remanescente conforme a eleição da graça (v.5).
4. Israel foi legalmente cegado (v.7).
5. Tal cegueira foi prevista no Antigo Testamento (v. 8-10).
6. Tal cegueira, foi instituído um Plano para os gentios (v.11.12).
7. Onde os ramos naturais seriam retirados do lugar da benção (v.13-16).
8. Agora, os galhos selvagens, isto é, os gentios, foram enxertados (v.17-24).
9. Quando a plenitude dos gentios chegar, quando o Plano para os gentios for concluído, Deus trará Israel de volta ao lugar da benção (v.25-29).
10. Providenciando Salvação á Nação (v.26).
11. Devido Sua aliança irrevogável (v.27-29).
12. Tal Salvação foi prometida no Antigo Testamento e seria realizada quando o Messias instituísse o Reino Milenar (v.26).
Logo, Paulo nos mostra que, após a rejeição de Israel, por causa da rejeição do Reino oferecido, Deus trouxe os gentios para o lugar da benção, cujo o Plano continua na presente Era. Sendo esse Plano concluído, ai Deus estará iniciando o Reino Teocrático na Volta de Cristo, cumprindo assim as bênçãos prometidas.
Em todo o Novo Testamento, o Reino não é pregado como estabelecido, mas como esperado. Vemos em Atos 1.6 que os discípulos não foram repreendidos devido suas expectativas de um reino ainda futuro, como se fosse errada, mas apenas Jesus afirmou que o tempo daquele reino, embora sendo futuro, mas não era conhecido por eles.
Alguns acreditam que o Plano do Reino Teocrático fora oferecido a Israel após a instituição da Igreja no Pentecostes e a inauguração da Era da Graça.
O comentário de Atos 3.19-21 por Scofield nos situam:
''O apelo aqui é a nação judaica, não individual como o primeiro sermão de Pedro (At 2.38,39). Ali os que foram compungidos no coração foram exortados a salvar-se de entre a nação rebelde; aqui Pedro se dirige a todo o povo, e a promessa é que ao arrependimento nacional se seguirá a salvação nacional: ''e Ele enviará o Cristo'' para trazer os tempos que os profetas previram [...] A reação oficial foi a prisão dos apóstolos e a proibição de pregar, cumprindo assim Lucas 19.14.''
Adicionando também Pettingill:
''Teria Cristo dado á nação judaica, nos primeiros capítulos de Atos, outra chance para o estabelecimento do reino? Em Atos 3.17-21 é encontrada a oferta''.
III- ISRAEL RECEBEU OUTRA OFERTA APÓS TER REJEITADO AQUELA OFERECIDA POR JESUS?
Excelentes estudiosos compartilham tal opinião. Mas há razões de que depois da rejeição da Oferta por Cristo não poderia haver e nem houve outra oferta do Reino até que o Evangelho do Reino for pregado antes da Segunda Vinda. As razões que nos levam a crer são:
1. Todos os sinais mencionados por Cristo em Mateus 24 e em Lucas 21 que precederiam o estabelecimento do Reino, não haviam sido cumpridos, impedindo assim outra oferta em Atos.
2) Pedro demonstrou o princípio divino de que Cristo não podia restituir o Reino na época, pois ele diz a respeito de Jesus: ''o qual é necessário que o céu receba até aos tempos da restauração de todas as cousas'' (Atos 3.21).
3. A instituição da Igreja no dia de Pentecostes e todo o Plano em causa impediam qualquer Oferta do Reino naquele momento.
4. A nova ordem de Cristo, ''E sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém, como toda Judéia e Samaria, e até os confins da terra'' (Atos 1.8), não coincide com o Evangelho do Reino que deve preceder a instituição do Reino.
5. Nenhuma Oferta do Reino poderia ser feita corretamente sem a presença do Rei. Uma vez que, na Sua ascensão, Ele iniciou uma obra voltada para a Igreja, a qual Ele deve continuar até a conclusão do Plano, o Reino, que necessitava da Sua presença, não poderia ser oferecido.
6. O batismo ordenado por Pedro (Atos 2.38) não poderia estar relacionado com a Oferta do Reino como outro exemplo do batismo de João, visto que esse batismo é ''em nome de Jesus Cristo''. Isso está relacionado á nova etapa, não á antiga.
Por citar a passagem de Joel que promete a plenitude do Espírito no tempo do Milênio, alguns insistem que Pedro oferece novamente o Reino á Israel no capítulo 2 de Atos.
Mas será melhor nos entender que o apóstolo não identifica a experiência que eles haviam testemunhado como se a profecia estivesse sendo cumprida, a fim de que eles se considerassem no Reino, mas para que fosse consubstanciado o fato de que os judeus sabiam, através das Escrituras que tal Experiência do Espírito fosse possível.
O ponto chave da citação de Joel é visto na expressão: ''todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo'' (Atos 2.21). Tal Salvação que Pedro proclamou por meio do Cristo ressurreto: '' o Jesus, que vós crucificaste'' foi feito ''Senhor e Cristo'' (Atos 2.36). O arrependimento e o batismo proclamado por Pedro são comentados por Ironside:
'' Então Pedro diz: ''Mudem a sua atitude'' [...] Ele os chama a fazer algo que os separará visivelmente dessa nação sob condenação: ''E cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados''.
Tal batismo tirava um individuo judeu da comunidade de Israel e o relacionava com a comunidade Cristã. Isso exigia completa mudança de pensamento em relação á sua atitude para com Cristo antes de poder fazer esse ato.
IV- O QUE MAIS PEDRO FALOU EM RELAÇÃO Á OFERTA DO REINO Á ISRAEL:
O discurso de Pedro em Atos 3.19-21 é outra passagem usada para ser provada uma nova oferta do Reino. Essa passagem, por causa do impacto da cura do paralítico, Pedro teve a oportunidade de fazer uma outra declaração a Israel relativa a Jesus Cristo. Deus glorificando ''a seu Servo Jesus'' (Atos 3.13) foi o fato de que Pedro conclamou a Nação a ter uma mudança de opinião em relação á Jesus, isto é o arrependimento, para que ''a fim de que da presença do Senhor venham tempos de refrigério''. Tais tempos devem ser relacionados ao reconhecimento do Reinado do Messias devido a ênfase na Segunda Vinda no versículo 20.
O princípio no Antigo Testamento também é valido no Novo Testamento de que as bênçãos do Milênio não são separadas do Retorno de Cristo, e isso seria acompanhado pela Salvação e pelo arrependimento da nação de Israel. Foi nesses pontos que Pedro baseou o seu apelo aos judeus.
Portanto na pregação de Pedro não trouxe uma nova oferta do Reino, mas sublinhou a responsabilidade da Nação em mudar sua opinião com respeito a Cristo que foi crucificado por Cristo. Voltamos novamente para Ironside quando diz:
''...se Israel se voltar ao Senhor, adiantará o tempo em que o Senhor Jesus voltará e trará Consigo refrigério para o mundo. Isso ainda é válido. A benção final desse pobre mundo depende do arrependimento de Israel.
Quando o povo de Israel se arrepender e se voltar para Deus, se tornará agente de bênção para toda a terra.''
Assim, Pedro os chamou individualmente a fazer aquilo que a Nação sempre teve que fazer antes de receber bênçãos de qualquer espécie - voltar-se para Deus.
CONCLUSÃO:
Portanto, o Rei está ausente durante a Presente Era, e enquanto Ele estiver ausente, o Reino Teocrático está suspenso no que concerne ao seu estabelecimento na terra. Porém, ele permanece como o Propósito determinante de Deus. Isso foi declarado por Paulo ao pregar sobre o Reino (Atos 20.25). Os crentes já passaram para o ''Reino do Filho do Seu amor'' (Colossenses 1.13) pelo novo nascimento. Já os incrédulos que não fazem parte desse Reino (1 Coríntios 6.9,10; Gálatas 5.21; Efésios 5.5) são advertidos. Outros trabalham com Paulo ''pelo Reino de Deus'' (Colossenses 4.11). Aos crentes foi ordenado sofrer para que ''sejam considerados dignos do Reino de Deus'' (2 Tessalonicenses 1.5).
Paulo tinha a esperança de ser preservado ''para o seu Reino celestial'' (2 Timóteo 4.18). Essas referências, sem dúvida, estão relacionadas com o Reino Eterno e revelam a participação do crente Nele. Isso faz com que não forçamos o apoio á teoria de que a Igreja é o reino terrestre que está cumprindo as profecias da Palavra.
O Reino Teocrático é Oferecido Novamente a Israel será nosso próximo assunto.
FONTE; Manual de Escatologia.
AUTOR: John. Dwight Pentecost.
EDITORA: Vida.
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