O MILÊNIO - PARTE XXV

 O SISTEMA DE ADORAÇÃO NO MILÊNIO


INTRODUÇÃO:


O Reino Teocrático será restaurado também pela adoração ao Rei, Senhor Jesus Cristo (Isaías 12.1-6; 25.1-26.19; 56.7; 61.10,11; 66.23; Jeremias 33.11,18,21,22; Ezequiel 20.40,41; 40.1-46.24; Zacarias 6.12-15; 8.20-23; 14.16-21). ''E será que [...] virá toda a carne e adorar perante mim, diz o Senhor'' (Isaías 66.23).

Estamos iniciando a penúltima seção do nosso estudo escatológico sobre o Milênio, e a partir desse artigo, adoração no Milênio é o nosso foco de estudos. Muito temos que conhecer sobre o sistema que irá conduzir no Reino Teocrático. E uma porção das Escrituras cobrem esse assunto que iremos estudar a partir de agora.

I- O TEMPLO MILENAR:


Os capítulos 40.1-46.24 do Livro de Ezequiel estão dedicados ao Templo, sua estrutura, seu culto, seu sacerdócio e seus ministério. Antes de entrarmos nesse assunto vamos analisar um comentário de Gray com as seguintes opiniões:

''Existem cinco interpretações desses capítulos:
1) Alguns acham que essas passagens se referem ao templo de Jerusalém antes do cativeiro babilônico, e o propósito é preservar a sua memória. Mas a objeção é de que tal memória é desnecessária em razão dos relatos de Reis e de Crônicas, além disso, a menção não é verdadeira porque não está de acordo com os registros dos livros citados.
2) Alguns pensam que os capítulos dizem respeito ao templo em Jerusalém depois do retorno dos setenta anos na Babilônia, mas isso não pode ser verdade, porque existem mais contrastes do que semelhanças entre o templo aqui mencionado e aqueles.
3) Alguns acreditam que os capítulos se referem ao templo ideal que os judeus deveriam ter construído depois dos setenta anos de cativeiro, mas que nunca realizaram. Mas isso rebaixa o caráter da Palavra divina. Por que essa profecia de Ezequiel seria dada se ela nunca viria a ser cumprida?
4) Alguns consideram que o templo de Ezequiel simbolizam as bênçãos espirituais da igreja no presente. Mas isso é impossível, porque mesmo os que defendem essa teoria não consegue explicar o simbolismo do qual estão falando. Além do mais, mesmo como simbolismo, ficam de lado vários aspectos importantes do cristianismo, como a expiação e a intercessão do sumo sacerdote.
5) A última opinião é que temos aqui uma previsão do templo construído na era milenar. Essa parece ser uma sequência adequada e inteligente ás profecias precedentes.''

Mesmo que as declarações de Gray já vem com seguidas contestações, mas é Gaebelein que responde ás antileterais opiniões de forma mais completa. Sobre a perspectiva desses capítulos de Ezequiel sendo cumpridos no retorno dos judeus da Babilônia. Gaebelein escreve:

''O templo que o remanescente construiu não corresponde de maneira nenhuma á magnífica estrutura que Ezequiel observou em sua visão. O fato é que, se esse templo for uma construção literal (como é assegurado), ele nunca foi erguido. Além disso, é expressamente declarado que a glória do Senhor retornou ao templo e Ele ali habitou; a mesma glória que Ezequiel tinha visto partindo do templo e de Jerusalém. Mas a glória não retornou ao segundo templo. Nenhuma nuvem de glória encheu aquela casa. Além disso, não se menciona nenhum sumo sacerdote na adoração do templo descrito por Ezequiel, mas depois do retorno da Babilônia os judeus tiveram sumos sacerdotes novamente. O rio das águas curativas que flui do templo conforme visto por Ezequiel não pode ser de forma alguma se aplicado á restauração do cativeiro babilônico.''

Gaebelein rejeita ser indigna a explicação que tenta dizer que a visão foi fruto da imaginação do profeta, contestando a idéia de que o trecho deve ser simbolicamente aplicado á Igreja:

''Esse é a mais fraca e, contundo, a mais aceita das explicações. Mas sua teoria não fornece uma exposição do texto; é vaga e rica em aplicações extravagantes, enquanto maior parte dessa visão não é explicada mesmo no seu significado alegórico, pois ela evidentemente não tem tal significado."

Ele conclui o assunto sobre o método adequado de interpretação das palavras da referida profecia:

''A verdadeira interpretação é a literal, que encara os capítulos como uma profecia ainda não realizada, por cumprir-se quando Israel for restaurado pelo Pastor e Sua glória for mais uma vez manifestada em meio ao povo.
A grande construção revelada nessa visão profética passará a existir, e tudo será cumprido.''

Ainda, Unger traz sua conclusão: ''O templo de Ezequiel é um santuário literal e futuro a ser construído na Palestina como esboçado durante o milênio.''

A localização do Templo está explicitamente apresentada nas Escrituras.

''O templo em si será localizado no meio desse quadrado [a região sagrada] (e não na cidade de Jerusalém), sobre uma montanha alta, que será miraculosamente preparada para esse propósito quando o templo for erguido. Esse será o ''monte da casa de Jeová'', estabelecido no ''topo dos montes, ''exaltado acima dos montes'', ao qual afluirão todas as nações (Is 2.4; Mq 4.1-4; Ez 37.26). Ezequiel retrata isso no capítulo 37, versículo 27: ''O meu tabernáculo estará com [''acima'' ou ''sobre''] eles... ''. O profeta vê a magnifica estrutura numa grande elevação que contém majestosa visão de toda a nação ao seu redor.''

II- OS DETALHES DO TEMPLO MILENAR:


Ezequiel dá-nos inúmeros detalhes a respeito do Templo que irá ser o centro da Terra Milenar.
Seus portões e seus pátios que cercarão o Templo são os primeiros sendo descritos (40.5-47). A área será cercada por um muro (40.5) que isolará daquilo que venha profaná-lo. O pátio exterior é descrito (40.6-27) como o local onde o povo se reunirá. Três portões de acesso ao pátio, um dos quais, construídos como todos os outros, é o portão oriental (40.6-16), uma estrutura de 25 por 50 côvados (40.21), por meio do qual a glória Shekinah entra no templo (43.1-6), que se mantém fechado (44.2-3). Haverá o portão ao norte (40.20,23) e outro ao sul (40.24-27); com sete degraus na entrada de cada um (40.26), não haverá degrau ao leste (40.24). No pátio externo, ao seu redor existirá trinta câmaras, cinco de cada lado dos portões, organizadas em torno dos muros norte, leste e sul (40.17-19). Haverá um pavimento antes dessas câmaras (40.17-18) que se estenderá em torno dos três lados da área.

Em seguida o profeta descreve o pátio interior (40.28-47), uma área de cem côvados de cada lado (40.47), onde ministrarão os sacerdotes. Com três portões, sendo cada um diretamente ao contrário dos portões do muro exterior com cem côvados para dentro da muralha externa, por meio dos quais terá acesso ao pátio interior; um portão ao sul (40.28-31) a leste, e ao norte (40.32-37). Com oito degraus se chegará a essa área do pátio interno (40.37), isso fará com que fica elevado em relação ao pátio exterior. Adjacente ao portão norte existirá oito mesas para a preparação do sacrifício (40.40-43). Dentro do pátio externo, porém fora do pátio interno, existirá câmaras para os sacerdotes ministrarem (40.44-46). A área central dessa área será ocupada por um altar (40.47; 43.13-17) em que os sacrifícios serão oferecidos.

O próprio Templo foi descrito por Ezequiel (40.48-41.4). Descrevendo primeiramente o alpendre ou o vestíbulo do Templo (40.48,49), medindo 20 por 11 côvados. O vestíbulo com dois grandes pilares (40.49), com acesso feito por uma escada (40.49), de modo que essa área é elevada em relação ás outras. Esse vestíbulo conduz para dentro do ''Templo'', onde ficará o Lugar Santo, numa área de 40 por 20 côvados (41.2), onde terá uma mesa de madeira (41.22). Existirá ainda a parte interior do Templo, o Santíssimo Lugar , uma câmara de 20 por 20 côvados (41.3-4). Cercando a parede externa do edifício haverá câmaras , com três andares de altura (41.5-11), trinta câmaras por andar. O uso de tais câmaras não foi descrito por Ezequiel. O Templo também será cercado por uma área de 20 a 100 côvados, que será a área separada (41.12-14), que circundará o Templo por todos os lados, com exceção ao lado leste, onde ficará localizado o vestíbulo. Em seguida o profeta descreve o Templo propriamente dito (41.15-26). Será apainelado com madeira (41.16) e ornamentado com palmeiras e querubins (41.18). Haverá duas portas dentro do Santuário (41.23-26).

A arca não é mencionada na descrição, e nem o propiciatório, nem ao véu, nem aos querubins sobre o propiciatório ou as tábuas de pedra. O altar ou a mesa, o altar de madeira (41.22) correspondendo á mesa dos pães da proposição que estará perante o Senhor.

Uma construção separada também será incluída na área do Templo, ao lado oeste do claustro (41.12), onde serão preparados os sacrifícios (46.19,20) e nas áreas nos quatro cantos onde haverá um pátio em que serão preparados os sacrifícios para o povo (46.21-24).

A profecia também descreve extensamente o Trono (43.7-12), provavelmente onde será o centro da Autoridade. O altar também é descrito detalhadamente (43.12-18), seguido pelo relato das ofertas que serão oferecidas (43.19-27). Teremos também o ministério dos sacerdotes como esboçado na profecia (44.9-31), como todo ritual de adoração (45.13-18).

O auge da visão chega descrevendo o rio que fluirá do Santuário (47.1-12; Isaías 33.20,21; Joel 3.18 e Zacarias 14.8). O rio fluirá do sul do Templo através da cidade de Jerusalém e depois se dividirá em direção ao mar Morto e do Mediterrâneo, levando vida ao longo das margens.

III- QUAL O PROPÓSITO DE TEMPLO MILENAR:


Cinco propósitos são denotados por Unger á respeito do Templo:

''1) Para demonstrar a santidade de Deus.
[...] (a) infinita santidade da natureza e do governo de Jeová [...] tinha sido ultrajada e questionada pela idolatria e rebelião do povo [...]
Isso provocou a completa exposição, acusação e julgamento da pecaminosa nação de Israel [...] juntamente com os pronunciamentos de juízo sobre as perversas nações vizinhas [...] Isso foi seguido pela demonstração da graça de Deus em restaurar a Si mesmo a nação pródiga [...]

2) Para prover uma habitação para a glória divina.
[...] ''Este é o lugar do meu trono, e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre'' (43.7) [...]

3) Para perpetuar o memorial do sacrifício.
Não é o sacrifício, é claro, com o propósito de se obter a salvação, mas o sacrifício comemorativo de uma salvação já plenamente realizada, oferecido na presença da glória revelada de Jeová [...]

4) Para prover o centro do governo divino.
Quando a glória divina passa a habitar no templo, a proclamação não se resume ao fato de que o templo é a habitação de Deus e a sede da adoração, mas que é o centro radiante do governo divino. ''Este é o lugar do meu trono...'' (43.7) [...]

5) Para prover vitória sobre a maldição (47.1-12).
Por baixo do limiar do templo, o profeta vê um rio maravilhoso que flui na direção leste, aumentando seu volume de água refrescante até desaguar sua plenitude no mar Morto, cuja as águas venenosas são curadas [...] Atravessando a corrente dessas águas maravilhosas, o profeta encontra ambas as margens cobertas com enorme quantidade de árvores exuberantes, cujas folhas e frutos são perenes, fornecendo ao mesmo tempo remédio e alimento.''

No próximo artigo iremos tratar sobre se os sacrifícios mencionados por Ezequiel serão literais ou não no Milênio.

FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: J. D. Pentecost.
EDITORA: Vida.

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