O MILÊNIO- PARTE XXVI

 OS SACRIFÍCIOS NO MILÊNIO


INTRODUÇÃO:


Os textos em Ezequiel 43.18-46.24; Zacarias 14.6; Isaías 56.6-8; 66.21; Jeremias 33.15-18 e ainda em Ezequiel 20.40-41 têm sido alvos de problemas que acompanham o método de interpretação literal do Milênio no Antigo Testamento. Tais textos ensinam a restauração do sacerdócio e a restituição dos sacrifícios com sangue no Reino Teocrático. A incoerência alegada entre essa interpretação com a doutrina do Novo Testamento que apresenta a Obra completa de Cristo abolindo todo o sistema sacrificial do Antigo Testamento, tem sido usada pelos amilenaristas pra tentar reduzir o sistema pré-milenarista a um absurdo e tentar confirmar a falácia do método literal de interpretação. Sobre isso, Allis apresenta como um obstáculo insuperável do pré-milenarismo:

''...Sua ênfase no sentido literal e no Antigo Testamento leva quase inevitavelmente a uma doutrina do milênio que o torna definitivamente judeu e representa o retorno da glória do evangelho, aos rituais e cerimônias típicos que prepararam o caminho para ele, e, tendo servido àquele propósito necessário, perderam para sempre sua validade e adequação.''

Esse confronto com os pré-milenaristas é a necessidade de conciliar a doutrina do Antigo Testamento de que tais sacrifícios com sangue serão oferecidos no Milênio com a doutrina do Novo Testamento da abolição destes sacrifícios por causa do sacrifício de Cristo. Se um literalismo coerente conduz á adoção adoção dos sacrifícios de fato durante o Milênio, tornando-se necessário explicar por que o sistema deveria ser reinstituído. 

I - A ORDEM MOSAICA SERÁ RESTABELECIDA?

Uma questão com que se defrontam os defensores dos sacrifícios animais durante o milênio é o relacionamento existente entre os antigo sistema mosaico e o sistema operativo durante o milênio. Novamente Allis fala:

''O ponto crucial de toda a questão é, sem dúvida, o restabelecimento do ritual levítico de sacrifício. Isso é referido ou inserido várias vezes. Em Ezequiel 46 são mencionados holocaustos e ofertas pelo pecado. São oferecidos novilhos, bodes e carneiros. O sangue será aspergido no altar. Os sacerdotes, que são levitas da descendência de Zadoque, oficiarão os rituais. Interpretando literalmente, isso significa a restauração do sacerdócio de Arão e do ritual mosaico de sacrifícios essencialmente inalterados.''

Allis ainda declara:

''Já que os retratos do milênio são encontrados por dispensacionalistas nas profecias referentes ao reino no Antigo Testamento e são, consequentemente, de caráter judeu, segue-se que a questão do restabelecimento da economia mosaica, suas instituições e ordenanças, deve ser encarada por eles.''

Há um grave erro na observação e conclusão dele. Toda expectativa do Reino está baseada na Aliança Abraâmica, na Davídica e na Palestina, mas nunca na Aliança Mosaica. Insiste-se que as Alianças serão cumpridas durante o Reino. Contudo, isso não vincula necessariamente a Mosaica no Reino. Logo, é falacioso sustentar que, pelo fato de alguém crer no cumprimento das Alianças determinativas, também precisaria crer na restauração da ordem mosaica, que era uma Aliança condicional, sem intenção determinativa ou escatológica, mas que foi dada para governar a vida do povo em sua relação com Deus na antiga dispensação. A pedra de tropeço que impede a aceitação dos sacrifícios literais no Milênio é eliminada ao observar de que, mesmo haja muitas similaridades entre os sistemas Arõnico e Milenar, existem também entre elas muitas diferenças que tornariam impossível sua identidade.

II- OS SISTEMA ARÔNICO E MILENAR:

Certas semelhanças entre os dois sistemas. No sistema Milenar temos o centro de adoração num altar (Ezequiel 43.13-17), onde o sangue será aspergido (43.18) e serão oferecidos holocaustos, ofertas pelo pecado e pela culpa (40.39). A ordem levítica será restituída, uma vez que os filhos de Zadoque serão escolhidos para o sacerdócio (43.19). A oferta de manjares será incorporada no ritual (42.13). Ainda as ofertas prescritas para a purificação do altar (43.20-27), dos levitas que ministrarão (44.25-27) e do santuário (45.18). As luas e os sábados serão observados (46.1). Diariamente serão ofertados sacrifícios pelas manhãs (46.13). As heranças perpétuas serão reconhecidas (46.16-18). A observação da Páscoa novamente (45.21-25) e a festa dos Tabernáculos será um evento anual (45.25). O Ano do Jubileu também será observado (46.17).

As semelhanças nos regulamentos dados para governar o modo de vida, o vestuário e o sustento da ordem sacerdotal (44.15-31).
O Templo onde será executado o Ministério tornará novamente o local de onde se manifestará a Glória de Jeová (43.4,5). Assim, podemos perceber que o sistema de Adoração na Era Milenar terá grande semelhança com a antiga ordem Arônica.

Pelo fato de Deus ter instituído notadamente uma ordem semelhante com a antiga torna-se um dos melhores argumentos de que o Milênio não está sendo cumprido na Era da Igreja, que é composta por gentios e judeus nessa Era. Esse sistema de adoração foi particularmente preparada para um Israel redimido. Kelly observa isso ao escrever:

''Israel retornará á sua terra e certamente será convertido e abençoado sob a autoridade de Jeová, seu Deus, mas como Israel, não como cristãos, no qual se transformam todos os crentes agora, quer gentios, quer judeus. Eles pertencem a Cristo no céu, onde tais diferenças são desconhecidas, e consequentemente uma das maiores características do cristianismo é que tais distinções desaparecem enquanto Cristo é o Cabeça celestial, e Seu corpo está sendo formado na terra pelo Espírito Santo enviado do céu. Quando a visão de Ezequiel for cumprida, será o reino de Jeová-Jesus na terra, a distinção entre Israel e os gentios serão novamente retomada, embora para a benção, sob a nova aliança, e não mais para maldição, sob a lei [...] O povo celestial descansa sobre um sacrifício e adentra o santo dos santos, onde Cristo está a direita de Deus. Mas para o povo da terra terá um santuário bem como a terra adaptada, essas são todas as ordenanças de sua adoração.''

Em Hebreus temos a afirmação de que Israel buscou acesso a Deus na antiga Dispensação por uma ordem organizada pelo sacerdócio Arônico, porém nós somos levados a Deus por meio de Cristo, já que O mesmo inaugurou uma Nova Ordem ou organização, o sacerdócio de Melquisedeque. Em Hebreus 7.15 ressalta particularmente que Cristo veio ministrando por uma nova ordem sacerdotal. As exigências ou rituais das duas ordens não necessitam variar demais para que se tornam duas ordens diferentes. Uma vez que elas rementem para Cristo, deve-se esperar que haja semelhanças.

Trataremos mais sobre esse assunto no próximo artigo. Onde iniciaremos tratando das diferenças básicas entre as duas ordens.

FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: John D. Pentecost.
EDITORA: Vida.





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