O MILÊNIO - PARTE FINAL
EXAMINANDO OS TEXTOS BÍBLICOS RELACIONADOS
INTRODUÇÃO:
Chegamos ao artigo final de toda nossa série do Milenarismo e com ele estamos concluindo a questão da Relação entre os santos vivos com os santos ressurrectos durante o período milenar. Esse tema vem sido abordado desde o artigo XXX. E vimos que a dificuldade apresentada pelos amilenaristas é dissipada quando os fundamentos da Escatologia em relação a distinção do Plano para Israel e o Plano da Igreja é levado em consideração. Há promessas para a Igreja e para o Israel Nacional nesse período.
E agora iremos analisar aquelas passagens que parecem indicar que não haverá grande divisão entre os salvos de Israel e os salvos da Era da Igreja, mas esses terão um relacionamento direto com aqueles no seu estado final.
I- PASSAGENS ANALISADAS:
''Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouviram a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor'' (João 10.16).
Olhando em primeira mão, essa passagem parece indicar uma relação mútua entre todos os salvos por estarem ligados ao mesmo Pastor. Todos redimidos parecem ser considerados unidos num só rebanho sob um pastor.
''Então, lhe falou Pedro: Eis que nós tudo deixamos e te seguimos: que será, pois de nós? Jesus lhe respondeu: Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel'' (Mateus 19.27,28).
''Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo?'' (1 Coríntios 6.2).
Aqui vemos nessa passagem que os santos incluídos na Igreja não estarão completamente separados do Milênio. Se eles estão totalmente separados, a única forma pela qual os Doze poderiam exercer o privilégio prometido seria perder sua posição no Corpo de Cristo. Isso implica que terá uma sustentada relação entre os santos vivos na terra e os santos ressuscitados na Jerusalém Celestial. Esses santos irão exercer o ministério que agora é executado pelos anjos (Hebreus 2.5,6).
''Tinha grande e alta muralha, doze portas, e junto ás portas doze anjos, e sobre elas nomes inscritos que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel.''
''A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.'' (Apocalipse 21.12,14).
Nos parece que os habitantes dessa \Cidade são os da época do Antigo Testamento, e ainda da época do Novo Testamento, e os santos anjos.
''Bem-aventurado e santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a a segunda morte não tem autoridade; pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com eles mil anos.'' (Apocalipse 20.6).
Sabemos que a Primeira Ressurreição não será composta somente pelos santos da Igreja, mas por qualquer indivíduo de qualquer Era que será ressuscitado para a vida eterna. Mesmo que essa Ressurreição acontecerá em momentos diferentes com grupos diferentes, o resultado será o mesmo em todos os casos - a Ressurreição para a Vida. Os ressurrectos serão considerados sacerdotes e reinarão com Cristo. A Primeira Ressurreição apresentada em Apocalipse 20.6 não pode ser aplicada aos que passarão pela Tribulação e logo não estarão incluídos no Corpo de Cristo, uma vez que a Ressurreição da Igreja será antes disso. No entanto, eles estarão na Primeira Ressurreição e irão reinar com Cristo. Podemos entender que isso pode significar que todos os que participarem da Primeira Ressurreição terão um destino comum, a Nova Jerusalém, onde eles estarão associados com Cristo em Seu Reino, não importando se eles serão os santos do Antigo ou do Novo Testamento.
''Disse-lhe o senhor: Muito bem, serve bom e fiel; fostes fiel no pouco, sobre o muito de colocarei: entra no gozo do teu senhor'' (Mateus 25.21).
Essa parábola esta relacionada com o Julgamento e a Recompensa de Israel, notamos que ao mesmo tempo que as recompensas estão relacionadas com posições de privilégio e de responsabilidade no Milênio, o indivíduo não será colocado no Milênio em si, mas exercerá sua autoridade durante o Milênio.
''Então ouvi grande voz vinda do trono dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles'' (Apocalipse 21.3).
Comparando essa passagem com Ezequiel 37.37, onde Deus prometeu a Israel que o tabernáculo divino estaria entre os homens, e outras passagens como Isaías 65.19 e 25.8, onde Deus prometeu a libertação de tristeza, do choro e da morte, mostrará que o que é prometido aqui será o cumprimento da Esperança dos santos do Antigo Testamento. Ainda que podemos sustentar semelhantes promessas para a Igreja, Apocalipse 21.3, possa ser que seja o cumprimento destas promessas, e não fazendo referência ao cumprimento delas para Israel, o paralelismo nos parece bem significativo para afirmar que Israel não estará incluído nessa benção de Apocalipse.
Não podemos negar que Israel receberá também o cumprimento dessas promessas no Milênio, mas entendemos que o Israel ressurrecto poderá experimentar tais promessas na Jerusalém Celestial, juntamente com os santos da Igreja. Temos que observar que a palavra traduzida por ''povos'' é plural: ''eles serão povos de Deus''.
''Os que forem sábios pois, resplandecerão com o fulgor do firmamento; os que a muitos conduzirem á justiça, como as estrelas, sempre e eternamente.'' (Daniel 12.3).
Comparando esse texto com Apocalipse 21.11,18 em cujo contexto Israel é mencionado (v.12), mostraria que a glória refletida de Cristo, fonte de toda luz, era a esperança dos santos do Antigo Testamento. Essa Esperança será realizada na Cidade Celestial onde o santo do Antigo Testamento terá parte e experimentará o cumprimento dessa promessa.
''Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa, por haver Deus provido cousa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados'' (Hebreus 11.39,40).
Esse texto indica que Israel não pode ser aperfeiçoado até que a Igreja seja aperfeiçoada. Isso teria significado adicional se o lugar da perfeição dos santos de Israel e o lugar do aperfeiçoamento dos crentes dessa Era fosse o mesmo.
Ao argumento de que tal opinião tiraria a Herança Celestial da Igreja ao uni-la com o Israel ressurrecto e trazê-la para uma relação com a terra durante o Milênio e a Nova Terra seguinte, contrapomos com a observação que Ottman faz:
''A igreja deve localizar-se em algum lugar na eternidade e, se Deus decretou fazer do cenário do Seu conflito o lugar da sua glória eterna, quem anulará o Seu propósito? Uma idéia concreta, como a de que a Igreja se liga eternamente á cidade literal que desce do céu, pode ser estigmatizada como materialista e sensual, mas é melhor que a névoa vaga que constitui a idéia de eternidade imaginada por tantos. Essa cidade não pode ser o céu, pois ela é descrita descendo dele. O céu não perde nada com a perda da cidade, e a igreja não perde sua herança celestial em sua associação com Ele, que agora veio para encher a terra com Sua glória.''
II- ANALISANDO O ARGUMENTO QUE TAL OPINIÃO ESVAZIARIA O CÉU E TIRARIA DEUS DO SEU LAR:
Podemos deduzir com Newell que:
''Várias considerações nos levam á conclusão de que a Nova Jerusalém é um dos lugares de descanso de Deus.
1. Imediatamente vemos novo céu, e a nova terra, e a Nova Jerusalém descendo para a nova terra (21.1,2), lemos ''Eis que o tabernáculo de Deus com os homens'' [...] O objetivo do novo céu e da nova terra é realizar isso - que Deus terá Seu lar eternamente na capital da nova criação!
2.Nenhuma outra habitação eterna de Deus é vista além da capital da nova criação [...]
3. Essa cidade celestial tem a glória de Deus (21.11,23; 22.5) [...]
4. Ela também é o trono de Deus, e o ''serviço'' de 22.3, apropriadamente chamado de serviço sacerdotal, ou de adoração espiritual [...]
5. Eles verão sua face [...] Esse, então, deve ser o lugar do descanso de Deus para sempre.
6. Só precisamos lembrar que os habitantes na Nova Jerusalém ''reinarão pelos séculos dos séculos'' (22.5). Isso não poderia ser escrito sobre outros além dos habitantes da capital da nova criação.''
CONCLUSÃO DO TEMA DO RELACIONAMENTO ENTRE OS SANTOS VIVOS COM OS SANTOS RESSURRECTOS NO MILÊNIO:
Podemos concluir que no Antigo Testamento é apresentada uma Esperança Nacional, que se realizará completamente no Milênio. A Esperança do santo indivíduo do Antigo Testamento por uma Cidade Eterna será realizada pela Ressurreição na Jerusalém Celestial, onde, sem perder distinção ou identidade, Israel irá reunir aos ressurrectos e transladados da Era da Igreja para compartilhar a glória do Seu reinado para sempre.
A natureza do Milênio, como período de teste para a humanidade caída sob o Governo Justo do rei, impede a participação de indivíduos ressurrectos.
Logo, no Milênio se preocupará com homens que foram salvos, mas estarão vivendo em corpos naturais. A Cidade Celestial será levada a uma relação com a terra no início do Milênio, e talvez seja visível acima da terra. É da Cidade Celestial que o Filho Primogênito de Davi exercerá o Seu reinado Messiânico, no qual a Noiva reina a partir do qual os santos recompensados do Antigo Testamento exercerão autoridade em Governo.
Se essa interpretação for a correta, poderemos ter uma solução para a confusão que surge ao colocar os santos ressuscitados na terra para se misturarem abertamente com os santos vivos durante o Milênio.
O cumprimento das promessas nacionais de Israel seria realizado não aos indivíduos ressurrectos, mas ao Israel natural salvo vivo na Segunda Vinda.
A união dos propósitos redentores de Deus em Cristo seria preservada ao reunir o grupo da Primeira Ressurreição em lugar, onde a Noiva irá compartilhar o Seu reinado e os Seus servos O serviram para sempre (Apocalipse 22.3). Essa opinião está em harmonia com as Escrituras e soluciona alguns dos problemas inerentes ao método pré-milenar de interpretação.
FINALIZAÇÃO DE SESSÃO:
Com esse artigo encerramos nossa abordagem sobre o Milenarismo.
Os temas pertinentes da Escatologia Bíblica estão sendo apresentados nesse portal, os mesmos estão divididos em categorias.
Ainda falta abordarmos o assunto sobre as Alianças Bíblicas e a Escatologia, quais delas estão relacionadas aos Últimos Dias. E nos falta falar sobre o Estado Eterno.
Iremos trabalhar nesses dois temas simultaneamente a partir do próximo artigo.
FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: J. Dwight Pentecost
EDITORA: Vida.
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