A SEGUNDA VINDA DE CRISTO - PARTE VII
O PLANO DAS RESSURREIÇÕES NA SEGUNDA VINDA - PARTE I
INTRODUÇÃO:
A esperança da ressurreição estava associada á esperança messiânica do Dia do Senhor por todo o Antigo Testamento. Textos como Daniel 12.2 revela que a ressurreição ocorreria posteriormente á Grande Tribulação e sob o desolador (Daniel 12.1). O profeta Isaías apresenta como referência á ''indignação'' (Isaías 26.20,21). João, em seus escritos associou que a ressurreição como uma esperança associada ao Último Dia, ou o Dia do Senhor (João 11.24). Isso faz necessário analisar a Segunda Vinda em relação com o plano da Ressurreição. Não examinaremos toda a doutrina da Ressureição apresentada nas Escrituras, limitaremos ao estudo escatológico ou proféticos da doutrina.
Se o leitor ou a leitora desejar entender mais sobre os aspectos da Ressurreição poderá acessar nosso artigo:
https://prwagneroleiro.blogspot.com/2014/10/serie-prosseguindo-para-aquilo-que-e_30.html
A Ressurreição dos mortos é uma doutrina fundamental das Escrituras. Essa doutrina dominou os ensinos e as pregações dos apóstolos após a Ascensão de Cristo, a ponto de quase exclui Sua morte. Mais de quarenta referências á ressurreição do Novo Testamento, todas elas estão se referindo a uma ressurreição literal, provavelmente a única referência em exceção esteja em Lucas 2.34, nunca no sentido espiritual ou não literal, ela está relacionada ao soerguimento do corpo físico.
I- OS TIPOS DE RESSURREIÇÃO:
Nas Escrituras vemos dois tipos de Ressurreição estão previstos pelo plano das Ressurreições: a Ressurreição da Vida e a Ressurreição do Juízo.
Quanto á Ressurreição da Vida temos uma série de escritos que nos ensinam sobre essa parte do plano das Ressurreições (Lucas 14.13,14; Filipenses 3.10-14; Hebreus 11.35; João 5.28,29; Apocalipse 20.6).
Tais referências nos mostram que dentro do plano das Ressurreições há uma parte denominada ''a Ressurreição dos justos'', ''a ressurreição da vida'', ''a ressurreição dentre os mortos'', ''uma superior ressurreição'' e ''a primeira ressurreição''. Essas expressões nos levam a crer que existe uma separação; a ressurreição da parte dos que estão mortos, a qual deixa inalterada a condição de alguns mortos, enquanto vivificados sofrem uma transformação completa. Vejamos o que Blackstone fala sobre:
''Se Cristo está vindo ressuscitar os justos mil antes dos injustos, seria natural e imperativo que essa primeira ressurreição fosse chamada ressurreição dos ou dentre os mortos, já que o restante dos mortos serão deixados [...] isso é justamente o que é feito com extremo cuidado na Palavra [...] Ele consiste no uso que se faz no texto grego das palavras [...] [eknekron].
Essas palavras significam ''dos mortos'' ou ''dentre os mortos'', o que implica que os outros mortos serão deixados para trás.
A ressurreição [...] ]nekron ou ek nekron] ([...] dos mortos) é aplicada a ambas as classes porque todos serão vivificados. Mas a ressurreição [...] (ek nekron - dentre os mortos) não é aplicada nenhuma vez aos injustos.
A última expressão é usada ao todo 49 vezes, a saber: 34 vezes para expressar a ressurreição de Cristo, que sabemos ter sido ressuscitado dentre os mortos ; três vezes para expressar a suposta ressurreição de João Batista, que, como Herodes pensava, fora ressurrecto dentre os mortos; três vezes para expressar a ressurreição de Lázaro, que também foi ressurrecto dentre os mortos; em três ocasiões , ela é usada figuradamente para expressar a vida espiritual que surge da morte causada pelo pecado (Rm 6.13;11.15; Ef 5.14). Ela é empregada em Lucas 16.31 [...] ''anda que ressuscite alguém dentre os mortos''. Em Hebreus 11.19 temos a fé de Abraão de que Deus ressuscitaria Isaque dentre os mortos.
E nas quatro vezes restantes ela é usada para expressar uma ressureição futura dentre os mortos, isto é em Marcos 12.25: ''quando ressuscitarem de entre os mortos...''; Lucas 20.35,36: ''... a ressurreição dentre os mortos''; Atos 4.1,2: ''a ressurreição dentre os mortos'' [...]
E em Filipenses 3.11 [...] a tradução literal é a ressurreição para fora dos mortos, em que a construção especial da linguagem dá uma ênfase especial á idéia de que essa ressurreição para fora do meio dos mortos.
Essas passagens mostram claramente que ainda haverá uma ressurreição dentre os mortos; isto é, que parte dos mortos será ressuscitada, antes de todos serem vivificados. Olshausen afirma que a ''expressão seria inexplicável caso não derivasse da idéia de que, dentre a multidão de mortos, alguns ressuscitarão primeiro.''''
Tal Ressurreição é composta de várias partes, geralmente chamada a Primeira Ressurreição , podendo ser chamada também com maior clareza a Ressurreição para a Vida (João 5.29). Isso faz parte do plano das Ressurreições, onde indivíduos são vivificados para a vida eterna. O destino, não o tempo, determina que a parte do plano da Ressurreição algum acontecimento deve ser atribuído.
No plano das Ressurreições temos ainda a Ressurreição para a Condenação, chamada também da Ressurreição do Juízo. Nela estarão participando todos os incrédulos desde da primeira dispensação até o fim do Milênio. Todos aqueles que rejeitaram a oferta de Salvação em todas as épocas que Deus tratou com a humanidade. Essa Ressurreição é chamada ainda de a Segunda.
Alguns textos das Escrituras tratam dessa Ressureição (João 5.29) '' ressurreição do juízo'', (Apocalipse 20.5) ''o restante dos mortos não reviveram até que se completasse os mil anos'', (Apocalipse 20.11-13) ''Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono''.
A Primeira Ressureição se completa ante de iniciar o Reino Milenar (Apocalipse 20.5), esses ''mortos'' mencionados nos versículos 11,12, não restam dúvidas que serão aqueles que não ressuscitaram anteriormente, e serão os mesmos que ressuscitarão para a Condenação. Essa Ressurreição diz respeito a todos os que irão ressuscitar para o julgamento eterno em contraste com aqueles que ressuscitarão mil anos antes para a Vida. O que determina quem participa da Segunda Ressurreição não é a cronologia, mas sim o destino de quem será ressuscitado.
II- O TEMPO DA RESSURREIÇÃO:
Pentecost afirma que a introdução de uma distinção no elemento tempo nas diferentes partes do Plano das Ressurreições trouxe consternação aos discípulos. Na transfiguração de Jesus temos o ek nekron - dentre os mortos (Marcos 9.9,10).
''... vemos [...] por que os três discípulos favorecidos estavam ''perguntando uns aos outros que seria ressuscitar dentre os mortos''. Eles entendiam perfeitamente o que significa a ressurreição dos mortos, pois essa era uma doutrina comumente aceita pelos judeus [Hb 6.2]. Mas a ressurreição dentre os mortos era uma nova revelação para eles.'' (Blackstone).
Esse ensino vem desde o Antigo Testamento, o fato da Ressurreição (Hebreus 11.17,18; Jó 14.1-13; 19.25,26; Salmos 16.10; 49.15; Oséias 5.15-6.2; 13.14; Isaías 25.8; 26.19; Daniel 12.2; João 5.28,29; 11.24), mas não foi dada nenhuma revelação em relação ao elemento do tempo da Ressurreição. Se não houvesse a revelação do Novo Testamento sobre a Ressurreição, teríamos uma Ressurreição Geral, onde os salvos e não salvos ressuscitariam conjuntamente para serem separados para o destino eterno, como ensinam os amilenistas. Mas temos no Novo Testamento uma revelação claramente contrária a isso.
Muitas passagens são usadas para ensinar a doutrina falsa de uma Ressurreição Geral, a primeira é em Daniel 12.2,3 onde o profeta descreve que ''muitos que estão no pó da terra ressuscitarão, ''uns para a vida eterna, e outros para a vergonha e o horror eterno...'' Parece que não há alguma distinção de tempo feita aqui, e uma Ressurreição Geral esteja sendo ensinada. Tregelles é citado por Pentecost nessa questão:
''Não duvido que a tradução correta desse versículo seja [...] ''Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão - esses para a vida eterna, mas aqueles [o resto dos que dormem, os que não ressuscitam nessa hora ] para o horror eterno''. O paralelismo da nossa versão - ''uns [...] outros''- não ocorre em nenhum outro trecho da Bíblia hebraica, no sentido de tratar distributivamente qualquer classe geral que tenha sido previamente mencionada; isto é suficiente, creio eu, para autorizar nossa aplicação de sua primeira ocorrência aqui s todos os muitos que ressuscitam, e a segunda á multidão dos que dormem, os que não ressuscitam nessa hora. Claramente essa não é uma ressurreição geral; ela aponta para ''muitos dentre''; e somente usando as palavras nesse sentido que podemos obter qualquer informação sobre o que acontece aos que continuam dormindo no pó da terra.
Essa passagem foi interpretada pelos comentadores judeus no sentindo que mencionei. É claro que esses homens com o véu no coração não são guias confiáveis quanto ao uso do Antigo Testamento; mas servem de auxílio quanto a um valor gramatical e lexicográfico das frases e das palavras. Dois dos rabinos que comentaram esses profetas são Saadiah Haggaon (no século X da nossa era) e Aben Ezra (no século XII); este último era um escritor de habilidade e precisão mental inigualáveis. Ele explica o versículo da seguinte maneira:
'[...] sua interpretação é: os que acordarem ressuscitarão para a vida eterna, e os que não acordarem ressuscitarão para a vergonha e horror eterno.''
Podemos concluir que o profeta está afirmando o fato da Ressurreição e a sua universalidade sem dizer a hora especifica em que as partes da Ressurreição acontecerão.
Outra passagem que é usada para apoiar uma Ressurreição Geral está em João 5.28,29, quando Jesus diz que ''vem a hora em que todos os que acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão [...] para a ressurreição da vida; [...] para a ressurreição do juízo.''
Afirma-se que o uso da palavra ''hora'' deve exigir uma Ressurreição Geral tanto dos salvos quanto dos ímpios. Mas não é necessário fazer aplicação dessa palavra num plano de uma Ressurreição Geral.
Vejamos o que Harrisom descreve:
''Devemos considerar, no entanto, que a linguagem não exige coincidência das ressurreições. O uso da palavra hora [...] em João 5.23 permite sua extensão por longo período. O mesmo se aplica a 4.21,23, Jesus está falando da mesma maneira que os profetas do Antigo Testamento, que agrupavam sem diferenciação de tempo os acontecimentos que viam no horizonte afastado da história. A mesma característica é vista nos discursos escatológicos de Jesus nos evangelhos sinópticos, em que a destruição iminente de Jerusalém com os sofrimentos que a acompanham dificilmente pode ser separada da descrição do acontecimento longínquo associado á grande tribulação. Um tanto paralela, apesar de estar numa categoria diferente, é a maneira abrangente em que Jesus fala sobre a ressurreição espiritual e física numa só afirmação. Um exemplo é João 5.21.''
Mais uma vez vemos nessa passagem o ensino da universalidade do plano das Ressurreições e as diferenças dentro desse plano, mas não fale sobre o momento em que as ressurreições ocorrerão. Tentar fazer com que essa passagem interprete uma Ressurreição Geral é perverter o sentido original na intenção do autor sacro.
Vemos claramente em Apocalipse 20 que as duas partes do plano das Ressurreições estão separadas por um intervalo de mil anos (Apocalipse 20.4-6). Observamos que no versículo 5, em sua primeira parte: ''os restantes dos mortos que não reviveram até que completassem os mil anos'', isso fala de uma separação que explica o que acontece aos que ficam para trás no reino da morte, quando a Primeira Ressurreição for concluída na Segunda Vinda de Cristo. Temos aqui o ensinamento claro que haverá uma separação de tempo de mil anos entre a Primeira e a Segunda Ressurreição. Uma é a Ressurreição da Vida, e a outra é a Ressurreição da Condenação, nela estão incluído o restante dos mortos de Apocalipse 20.11-13.
Apenas com a espiritualização dessa passagem que tenta eliminar o ensinamento inequívoco, para que ela não fale sobre a ressurreição física, mas sobre a benção das almas que estão na presença do Senhor.
Sobre essa interpretação temos o pensamento de Alford:
''... não posso consentir em distorcer as palavras em relação ao seu sentido simples e ao seu lugar cronológico na profecia, por conta de qualquer consideração de dificuldade ou qualquer risco de abusos que a doutrina do milênio possa trazer consigo. Os que viveram ao lado dos apóstolos e toda a igreja durante os trezentos anos interpretaram-na no sentido simples e literal; é uma visão estranha nos dias de hoje ver expositores, que estão entre os primeiros em reverência á antiguidade, descartando com desdém o exemplo mais claro de unanimidade que a antiguidade primitiva apresenta. Com relação ao texto em si, nenhum tratamento legítimo extrairá dele o que é conhecido como a interpretação espiritual, agora tão popular. Se, numa passagem em que as duas ressurreições são mencionadas, em que certas almas que viveram no começo, e o restante dos mortos viveu no fim de um período especifico após o primeiro, se em tal passagem, a primeira ressurreição pode ser interpretada como a ressurreição espiritual com Cristo, enquanto a segunda significa ressurreição literal do túmulo, então há um fim de todo o sentido na língua, e as Escrituras são eliminadas como testemunho, definitivo de qualquer coisa. Se a primeira ressurreição é espiritual, então a segunda é também, o que suponho que ninguém terá a coragem de defender. Mas, se a segunda é literal, então a primeira também o é, o que juntamente com a igreja primitiva e muitos dos melhores expositores modernos, defendo e recebo como artigo de fé e esperança.
Concluímos esse artigo, embora não havendo uma revelação clara no Antigo Testamento sobre a relação cronológica entre as partes do plano das Ressurreições, porém essa clareza é vista perfeitamente no Novo Testamento com a Ressurreição da Vida e a Ressurreição da Condenação, sendo separadas por tempo de mil anos.
Próximo artigo continuaremos nossa Série Escatológica tratando sobre a Segunda Vinda de Cristo, tratando sobre a Ressurreição. Trataremos sobre o plano das Ressurreições.
FONTE: Manual de Escatologia
AUTOR: John Dwight Pentecost
EDITORA: Vida.
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