A SEGUNDA VINDA DE CRISTO - PARTE IV
A HISTÓRIA DO SEGUNDO ADVENTO - PARTE V
INTRODUÇÃO:
Com a ascensão agostiniana e o abandono ao método literal de interpretação, o pré-milenarismo foi deixado de lado pela maioria dos grandes mestres a partir de Agostinho. A Igreja sendo entendida com o Reino de Deus na terra, a crença de que já se estaria no milênio, e que as promessas e alianças para Israel foram remetidas á Igreja ou para os céus, isso pelo método alegórico de intepretação, levou a mudança na visão escatológica na História da Igreja.
Nesse artigo trataremos sobre a questão do Milênio a partir da Reforma Protestante.
I- O MILENARISMO DESDE A REFORMA:
Os reformadores tiveram o interesse centralizado nas questões soteriológicas e pouquíssima atenção nas escatológicas. Eles permaneceram, em sua sua maioria na posição de Agostino, porque a escatologia na época não estava em discussão. Mas eles lançaram alguns fundamentos que abriram o caminho para a ascensão do pré-milenarismo.
Peters tratou desse fato ao escrever:
''...cada um [dos reformadores] registrou sua crença no fato de todo crente deve estar constantemente ansiando pela segunda vinda, uma vinda rápida, dada a ausência da futura glória milenar antes da vinda de Jesus, na permanência da igreja num estado mesclado até o fim, no desígnio divino para a presente dispensação, no princípio de interpretação adotado, na expansão e na ampliação da incredulidade antes da segunda vinda, na renovação da terra etc - doutrinas em concordâncias com o quiliasmo.
A simples verdade em referência a eles era esta: que eles não eram quiliástico, apesar de ensinarem vários tópicos que materialmente ajudavam sustentar o quiliasmo.''
O movimento da Reforma foi o retorno ao método literal de interpretação, de certa forma a base para a fé pré-milenarista foi ressurgindo.
II- O PÓS-MILENARISMO E SUA ASCENSÃO:
A pós-Reforma fez surgir a conhecida interpretação pós-milenarismo, e suplantou em grande parte, o amilenarismo agostiniano na Igreja Protestante. O amilenarismo em sua incapacidade, como era interpretado por Agostinho, de satisfazer os fatos históricos levaram a um novo exame da sua doutrina. Tendo o seu primeiro defensor - que Cristo retornaria depois do milênio trazendo o juízo e a ressureição e o estado final, foi Joaquim de Flora, escritor católico romano do século XII, segundo Kromminga. Walwoord fez um comentário ao seu respeito:
''Seu ponto de vista é que o milênio começa e continua como o reinado do Espírito Santo. Ele tinha em vista três dispensações: a primeira de Adão até João Batista, a segunda começando com João e a terceira com Benedito (480-543), fundador do mosteiro ao qual pertencia. As três repartições eram respectivamente do Pai, do Filho, do Espírito Santo. Joaquim previu que em cerca de 1260 o desenvolvimento final ocorreria e a justiça trunfaria''.
Os séculos XVI e XVIII na Holanda, muitos defenderam que o Milênio era futuro. Coccejus, Alting, os dois Kitringas, d'Outrein, Witsius, Hoornbeek, Koelman e Brakel foram citados por Berkhof como pré-milenaristas. Já o pós-milenarismo como sistema foi normalmente atribuído a Daniel Whitby (1638-1726).
Segundo Walwoord, Whitby era um unitário, e seus escrito, particularmente os que tratavam da divindade, foram queimados em público e ele foi declarado herege. Sendo liberal e livre-pensador, não se confundia pelas tradições ou conceitos passados da igreja. Suas opiniões sobre o milênio, Walwoord diz que provavelmente, nunca teriam sido perpetuadas se não tivessem encaixado tão bem no pensamento da época. Com a crescente maré de liberdade intelectual, da ciência e da filosofia, junto com o humanismo, tinham aumentado o conceito do progresso humano e retratado um belo quadro do futuro. Whitby tinha a opinião da áurea da igreja era justamente a que o povo queria ouvir. Se ajustava ao pensamento da época. Não era estranho que os teólogos, buscando reajustar-se a um mundo em transformação, encontraram em Whitby a chave para suas necessidades. Walwoord diz ainda que a doutrina de Whitby era atraente para todos os tipos de teologia. Fornecia para os conservadores um princípio que era aparentemente bem mais operacional de intepretação das Escrituras.
Uma vez que os profetas do Antigo Testamento sabiam do que estavam falando quando previam uma época de paz e de justiça. O conhecimento crescente do homem sobre o mundo e as melhorias científicas que viriam que poderiam se encaixar nesse cenário. Já por outro lado, o conceito veio também agradar os liberais e aos céticos. Se estes não acreditassem nos profetas, pelo menos acreditaram que o homem seria capaz de melhorar a si mesmo seu ambiente. Já que eles acreditavam que uma nova era estava por vir.
Os dois grupos para os quais o pós-milenarismo era atraente - os liberais e os conservadores - dois ensinos foram desenvolvidos:
1- Um tipo de pós-milenarismo bíblico, que encontraram seu material nas Escrituras e seu poder em Deus.
2- Um tipo de teologia evolucionista ou liberal, que baseava suas evidências na confiança de que o homem atingiria o progresso por meios naturais.
Esses dois sistemas de crença que é amplamente distintos têm uma coisa em comum, a idéia do progresso e da solução definitiva para as presentes dificuldades.
O pós-milenarismo tornou-se a posição escatológica daqueles que dominaram o pensamento teológico pelos últimos séculos. Podemos resumir suas características dessa maneira:
O pós-milenarismo está baseado na interpretação figurada da profecia, que dá permissão a uma grande liberdade em encontrar o significado de trechos difíceis - uma amplitude hermenêutica refletida na falta de uniformidade da exegese pós-milenarista. As profecias do Antigo Testamento que estão relacionadas ao reino e a justiça na terra serão cumpridas na terra no Reino de Deus no período entre os adventos. O Reino é espiritual e invisível em vez de material e politico. O poder divino do Reino é o Espírito Santo. O trono no qual Cristo sentará é o trono do Pai no céu. O Reino de Deus no mundo crescerá rapidamente, mas em tempos de crises. Todos os meios são usados para apressar o Reino de Deus, sendo o centro da ação providencial de Deus. A pregação do Evangelho e a divulgação dos princípios cristãos particularmente sinalizam seu progresso. A Vinda de Jesus é considerada uma série de acontecimentos. Qualquer que seja uma intervenção providencial de Deus na situação humana é uma vinda do Senhor. A Vinda final do Senhor é auge e reside no futuro muito remoto. Não há esperança do retorno do Senhor um um futuro previsível, não nesta geração. O pós-milenarismo, assim como amilenarismo, acredita que todos os julgamentos finais dos homens e anjos ocorrerão em um único julgamento que acontecerá na ressurreição de todos os homens antes do estado eterno.
O pós-milenarismo é distinto do pré-milenarismo no respeito ao Milênio como futuro e posterior á Segunda Vinda. Já em relação ao amilenarismo pelo seu otimismo, por sua confiança de um máximo triunfo do Reino de Deus no mundo e por seu cumprimento relativo da idéia milenar na terra. Alguns teólogos como Hodge encontram cumprimento bastante literal para várias profecias, incluindo a conversão e a restauração de Israel como nação. Já outros como Snowden acreditam que o milênio de Apocalipse 20 será no céu.
Fica evidente que o pós-milenarismo não é mais um tema relevante na teologia. Com a Segunda Guerra Mundial o sistema sofreu um colapso. Pentecost atribuiu a sua queda aos seguintes fatores:
1) Á própria fraqueza do pós-milenarismo que, baseado no princípio de interpretação espiritualista, não era coerente.
2) À tendência ao liberalismo, que o pós-milenarismo não podia enfrentar por causa do princípio de interpretação espiritualista.
3) À incapacidade de acomodar os fatos da história.
4) À nova tendência para o realismo na teologia e na filosofia vista, por exemplo, na neo-ortodoxia, que admite que o homem é pecador e não pode trazer a nova era prevista pelo pós-milenarismo.
5) E á nova tendência ao amilenarismo, que nasceu do retorno á teologia reformada como base da doutrina.
Não é encontrado defensores do pós-milenarismo nas presentes questões quiliástica do mundo teológico,.
Continuaremos com esse assunto no próximo artigo tratando sobre a recente ascensão do amilenarismo.
FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: J.D.Pentecost.
EDITORA: Vida.
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