O MILÊNIO - PARTE IV
O CONCEITO DO REINO NO ANTIGO TESTAMENTO - PARTE FINAL
INTRODUÇÃO:
As profecias dos tempos do fim devem ser conhecidas e entendidas. Elas são um guia para o estudante das Escrituras, as mesmas são partes do plano divino, cada uma está inserida num todo. Uma profecia está relacionada as demais. Grande parte delas tem ocupado o plano divino do Reino. É necessário identificá-las uma vez que somente as profecias tem autoridade sobre o assunto acima de todos os conceitos que podemos ter sobre o Reino.
Identificamos que o Reino é Eterno com seus aspectos atemporal, universal, milagroso. Esse Reino foi desafiado no seu aspecto universal quando Lúcifer tentou usurpar o direito de ser o rei do universo.
Até a consumação do plano divino quando a soberania será reconhecia, Deus estabeleceu um plano que desenvolve o Reino em várias fases dentro de uma Teocracia, onde Deus reinaria sobre Seu povo por meio de seus agentes escolhidos por Ele. Essa teocracia iniciou-se no Éden e foi se desenvolvendo a partir de então.
Vamos encerrar a forma que o Reino foi concebido no Antigo Testamento falando do seu desenvolvendo no tempo dos profetas.
I- A TEOCRACIA DO REINO NA ERA DOS PROFETAS:
A nação de Israel declinou-se quando os reis que sucederam Salomão, o último rei que foi escolhido de forma divina, assumiram o trono. A partir daí a importância do oficio do profeta começa ser reconhecido. Os profetas eram porta-vozes de Deus, divinamente, escolhidos, que transmitiram a mensagem divina aos reis. Os reis ás vezes obedeciam, mas com grande frequência desobedeciam. É o que nos diz Peters: ''Rei e sacerdote deviam sujeitar-se á autoridade do profeta, simplesmente porque este último revelava a vontade do Rei Supremo.''
Ezequiel descreveu a saída da Glória de Deus, que no Antigo Testamento simbolizava a presença divina. Com a partida desta Glória [Shekinah] do templo (Ezequiel 8.4; 9.3; 10.4, 18; 11.22,23). O fim do Reino Teocrático foi marcado por Deus na antiga história de Israel, e essa nação e os seus reis que tinham a responsabilidade manifestar o Reino foram espalhados para longe de sua terra. Foi ai que os ''tempos dos gentios'' começaram, durante esse tempo Israel é colocado de lado até a Vinda do Messias.
O Reino Teocrático no futuro se tornou o tema principal da mensagem profética do Antigo Testamento.
Essa linha de revelação que começara como um pequeno riacho, tornou-se um grande rio com o conhecimento do Reino enchendo a Palavra no que refere ao Reino em seu estabelecimento em sua forma final. Isso foi mencionado por quase todos os profetas do Antigo Testamento (Isaías 2.1-4; 4.2-6; 9.6,7; 11.1-13; 24.1-23; 32.1-5, 14-20; 33.17-24; 35.1-10; 40.1-11; 42.1-4; 52.7-10; 60.1-61.6; 65.17-25; 66.15-23; Jeremias 23.1-18; 31.1-37; 33.14-26; Ezequiel 20.33-42; 34.20-31; 36.22-36; 37.1-28; 39.21-29; 43.1-7; Daniel 2.31-45; 7.1-28; 9.1-3; 20-27; 12.1-4; Oséias 3.4,5; Joel 2.28-3.2, 9-21; Amós 9.9-15; Obadias 1.15-21; Miqueias 4.1-5.5; Sofonias 3.8-20; Ageu 2.1-9; Zacarias 2.1-13; 6.11-13; 8.1-8, 20-23; 9.9-10; 12.1-10; 14.1-21; Malaquias 3.1-5; 4.1-6.
Também foi citado nos Salmos muitas vezes (Salmos 2.1-12; 22.1-21,27-31; 24.1-10; 45.1-17; 46.1-11; 48.1-14; 67.1-7; 72.1-17; 89.1-50; 96.1-13; 98.1-9; 110.1-7).
Estudaremos com mais afinco essas profecias em outro momento, mas podemos observar certos fatos que os profetas nos deixaram quanto ao Reino Teocrático. Chafer resumiu esse estudo mostrando como o Reino será:
'' a. Teocrático. O Rei será ''Emanuel [...] Deus conosco'', pois Ele é, por nascimento humano, herdeiro legítimo do trono de Davi, nascido de uma virgem em Belém [...] Isaías 7.14 [...] Mateus 1.22,23 [...] Isaías 11.1-5 [..] Jeremias 23.5 [...] Ezequiel 34.23; 37.24 [...] Oséias 3.4,5 [...] Miquéias 5.2.
b. Celestial em caráter [...] Isaías 2.4 [...] Isaías 11.4,5 [...] Jeremias 33.14-17 [...] Oséias 2.18.
c. Sediado em Jerusalém e de alcance mundial. Em primeiro lugar, o reino de Emanuel será na terra [...] Salmos 2.8 [...] Isaías 11.9 [...] Isaías 42.4 [...] Jeremias 23.5 [...] Zacarias 14.9. Em segundo lugar, o reino de Emanuel estará sediado em Jerusalém [...] Isaías 2.1-3 [...] Isaías 62.1-7 [...] Zacarias 8.20-23. Em terceiro lugar, o reino de Emanuel será sobre o Israel reunido e convertido [...] Deuteronômio 30.3-6 [...] Isaias 11.11,12 [...] Isaías 14.1,2 [...] Jeremias 23.6-8 [...] Jeremias 32.37,38 [...] Jeremias 33.7-9 [...] Ezequiel 37.21-25 [...] Miquéias 4.6-8. Em quarto lugar, o reino de Emanuel se estenderá ás nações da terra [...] Salmos 72.11,17 [...] Salmos 86.9 [...] Isaías 55.5 [...] Daniel 7.13,14 [...] Miquéias 4.2 [...] Zacarias 8.22 [...]
d. Estabelecido pelo rei que virá. Deuteronômio 30.3 [...] Salmos 50.3-5 [...] Salmos 96.13 [...] Zacarias 2.10-13 [...] Malaquias 3.1-4.
e. Espiritual. O reino não é incorpóreo nem separado do que é material, mas mesmo assim é espiritual pelo fato de a vontade de Deus ser diretamente efetiva em todos os assuntos de governo e conduta. O gozo e a benção da comunhão com Deus serão experimentados por todos. O reino universal e temporal será conduzido em perfeita justiça e verdadeira santidade. O reino de Deus estará novamente ''no meio'' (Lc 17.21, cf. NVI ''entre'') na pessoa do Rei Messias e Ele reinará na graça e no poder da plenitude do Espírito Santo (Is 11.2-5)''
II- A PREVISÃO PROFÉTICA DO REINO TEOCRÁTICO:
Esse aspecto foi resumido por McClain:
''Em primeiro lugar, quanto a sua literalidade, o reino futuro não será simplesmente um reino ideal [...] Será tão literal quanto o reino histórico de Israel [...] Toda a profecia, do princípio ao fim, afirma e implica tal literalidade; em detalhes como local, natureza, rei, cidadãos e nações em jogo; no fato de que ele estruirá e suplantará reinos literais; em sua conexão direta como uma restauração e continuação do reino histórico e davídico.
Em segundo lugar, o tempo do seu estabelecimento geralmente parece estar próximo; ele virá ''em breve''. Outras afirmações , porém, indicam que ele está num futuro após ''muitos dias'' [...]
Em terceiro lugar, o Rei desse reino futuro será humano e divino. Ele é chamado ''um Homem'', ''um Filho do Homem'', o Filho de Deus, um Ramo da Raiz de Jessé, um Ramo Justo de Davi, Deus, o Senhor Jeová, Maravilhoso-Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz [...]
Em quarto lugar, o [...] reino previsto nas profecias do Antigo Testamento é monárquico em sua forma. O rei se assenta no ''trono'' e o governo está ''sobre os seus ombros''. Ele recebe sua autoridade e a mantém por doação divina. Isaías O vê e O nomeia como ''Juiz'', ''Legislador'' e ''Rei'' [...]
Em quinto lugar, quanto á sua organização externa, os profetas retratam o reino como o Rei-Mediador como cabeça, associado a Ele estão ''príncipes'', os ''santos'' possuem o reino; a nação de Israel recebe o lugar de prioridade; e os súditos incluem todas as tribos e nações [...]
Em sexto lugar, quanto á natureza do reino e seu efeito no mundo, todos os profetas concordam em que seu estabelecimento completo causará uma mudança tão radical em todos os aspectos da vida humana que o resultado é descrito como ''um novo céu e uma nova terra'' [...]
Os profetas do Antigo Testamento descrevem o reino mediador antes de mais nada como um assunto espiritual. Ele traz perdão do pecado, purificação espiritual, provisão da justiça divina, novo coração e novo espirito, conhecimento direto de Deus, harmonia interior com as leis de Deus, derramamento do Espírito sobre toda a carne e restauração da alegria á vida humana [Jr 31.24; 23.5,6; Ez 36.24-28; Zc 8.20-23; Jr 31.33; Jl 2.28; Is 35.10].
O reino também será ético em seus efeitos [...] uma estimativa apropriada de valores morais [...] Um ajuste das desigualdades morais passará todos os aspectos das relações humanas [...] [Is 32.5; 40.4; Jr 31.28-30].
O estabelecimento desse reino também produzirá grandes mudanças sociais e econômicas [...] a guerra será eliminada [...] as artes e ciências serão voltadas a usos econômicos [...] a paz mundial será introduzida [...] justiça social para todos [...] [Zc 9.10;Is 2.4; 9.7; 42.3; 65.21,22; Sl 72.1-4,12-14; Sf 3.9].
Os aspectos mais inteiramente físicos da vida também sentirão os efeitos desse reino mediador. A doença será eliminada. A longevidade será restaurada [...] somente morrerão os indivíduos duros e incorrigíveis que se rebelarem contra as leis do reino. Os perigos comuns da vida física estarão sob controle sobrenatural [...] A terra estará sob o controle direto dAquele e cuja a voz até os ventos e as ondas obedecem [...] mudanças geológicas [...] mudanças climáticas [...] grande aumento na fertilidade e produtividade do solo [...] [Is 32.14; 35.5,6; 65.20-22; Zc 14.3,4; Am 9.13; Is 11.6-9; 32.15,16].
No que pode ser chamado no âmbito político [...] Uma autoridade central é estabelecida para resolver disputas internacionais [...] ''De Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém'' [...] [Is 2.4; 32.18; Am 9.14,15; Ez 37.1ss; Is 60.1-4]
No reino mediador também será um aspecto eclesiástico. O Rei supremo combina Sua Pessoa os cargos de Rei e Sacerdote. Igreja e Estado se tornam um em objetivo e ação [...] [Sl 110.1-7; Ez 37.26-28; 43.1-7; 61.6; 66.23; Zc 14.16-19].
Tal é a natureza do [...] reino conforme apresentado na profecia do Antigo Testamento. Eu gostaria de afirmar aqui que ela satisfaz e concilia todas as posições legitimas. O reino é espiritual, ético, social, físico, político e eclesiástico. Separar qualquer um desses aspectos e negar os outros é diminuir a abrangência da visão profética.''
A partida da presença de Deus de Israel e o cativeiro e a dispersão da nação israelita não anularam a expectativa do reino teocrático. Finalizamos esse tema do conceito do Reino no Antigo Testamento com a observação de Peters:
''Os profetas, como uma voz, referem-se esse reino, assim restaurado, em termos que expressam as mais gloriosas adições. Eles prevêem, desde o salmista até Malaquias, a restauração do reino que fora derrubado, ligadas aos mais surpreendentes acontecimentos que produzirão benção e glória sem paralelo na história do mundo [...] Desde a queda do reino teocrático-davídico, esses acontecimentos previstos não aconteceram conforme descrito, e, portanto, o reino previsto e prometido ainda não apareceu [...] É este mesmo reino derrubado que recebe tais adições, e não outro reino; assim, nenhum reino professado, não importa quão altamente proclamado e eruditamente apresentado, deve, sem elas, ser aceito por nós [...]
Essas adições são tão grandes em sua natureza, tão surpreendentes em suas características, tão expressivas da interferência sobrenatural, que ninguém jamais poderá enganar-se quando esse reino for restaurado [...] Após a queda do reino davídico, os profetas prevêem esse como futuro''.
A partir do próximo artigo iremos tratar sobre o Plano do Reino no Novo Testamento.
FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: John D. Pentecost
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