O MILÊNIO - PARTE V

 O CONCEITO DO REINO NO NOVO TESTAMENTO - PARTE I


INTRODUÇÃO:


Para o cristão autêntico ''toda a Escritura é divinamente inspirada'' (2 Timóteo 3.16). Isso inclui de Gênesis á Apocalipse, onde não há um trecho da Bíblia que não fosse inspirado divinamente. Mas para o estudante e interprete das Escrituras, embora saiba e creia na inspiração plena do texto bíblico, ele reconhece que as Escrituras tem suas particularidades com suas mensagens para determinados grupos, isso sem fugir de Sua mensagem central.

Temos discorrido nesta Série a importância em saber a distinção entre Igreja e Israel, entender que há três grupos distintos na Bíblia, judeus, gentios (gregos) e igreja (1 Coríntios 10.32). As profecias estão distribuídas para todos esses grupos, com suas aplicações dentro do plano profético. As profecias relacionadas aos Últimos Dias estão destinadas e distinguidas por esse parâmetro.

Ao estudarmos sobre o Milênio vimos anteriormente que havia no Antigo Testamento um conceito de um Reino, com um Rei descendente de Davi reinando em Jerusalém. O pensamento era de um governo físico, político, geográfico e humano-divino. Os judeus não pensariam nada além de que as promessas e alianças seriam cumpridas literalmente. Vimos o desenvolvimento de um Reino Teocrático desde o Éden até aos profetas em todas as Escrituras Verotestamentárias.  

Com o Advento do Novo Testamento esse pensamento não mudou. É provado que nos dias de Jesus os judeus aguardavam ansiosamente o cumprimento literal das profecias desse Reino Teocrático do Antigo Testamento. E a partir desse artigo iremos dispor de tempo para estudar a maneira em que Cristo, seus apóstolos e os cristãos primitivos interpretaram as profecias do Antigo Testamento em relação ao Reino. Será que os judeus tiveram uma decepção na mensagem do Reino trazida por Jesus?
O que os discípulos pregaram de aldeia em aldeia, era diferente daquilo que os ouvintes que estavam familiarizados com as promessas esperavam?
A Igreja Cristã pregou uma espiritualização do Reino, remetendo as profecias para o Israel nacional para a Igreja?
Veremos as respostas dentro dessa sessão de estudos dentro da Série. 

''Foi admitido universalmente por escritores importantes (e.g., Neander Hagrnbach, Schaff, Kurtz etc.), a despeito de suas respectivas opiniões quanto ao reino em si, que os judeus, mesmos os devotos, acreditavam na vinda pessoal do Messias, na restauração literal do trono e do reino davídico, no reinado pessoal do Messias no trono de Davi, na exaltação resultante de Jerusalém e da nação judaica e no cumprimento das descrições milenares daquele reino. Também se reconhece que as afirmações de Lucas 1,71; Atos 1.6; Lucas 2.26,30 etc. incluem a crença acima, e que até pelo menos até o dia de Pentecostes os judeus, os discípulos e mesmo os apóstolos acreditavam em tal teoria [...] consideravam as profecias e as promessas da aliança literais (i.e., no seu sentido puramente gramatical); e, por acreditarem no cumprimento, esperavam tal restauração do reino davídico sob a liderança do Messias, com poder ampliado e glória apropriada á majestade do Rei prometido; e também que os piedosos de outras épocas seriam ressuscitados dentre os mortos para dele desfrutar''.
(C. N.H. Peters, Theocratick Kingdom - Reino Teocrático).

I- O REINO TEOCRÁTICO FOI OFERECIDO NO PRIMEIRO ADVENTO DE CRISTO:


Por mais que alguns divergem quanto ao Reino anunciado na Primeira Vinda de Cristo, nosso ponto de vista literal é que Jesus viu os anseios sociais e políticos de Sua época e anunciou um reino semelhante com aquilo que a nação esperava, tendo como base as profecias do Antigo Testamento. Como Israel não receberia o Reino, isso ficou claro no decorrer da vida de Jesus, portanto Ele abandonou tal expectativa devido a oposição e o desestímulo que se seguiram.

Já o ponto de vista que espiritualiza o conceito do Reino diz que Jesus adotou os elementos espirituais das profecias do Antigo Testamento, abandonando todos os aspectos políticos e nacionais, oferecendo um reino espiritual a todos que cressem.

Voltando a posição literal, esta está apoiada pelos estudos do Novo Testamento, é que o Reino anunciado e oferecido pelo Senhor Jesus era o mesmo Teocrático predito pelos profetas do Antigo Testamento.

A Teocracia oferecida foi a mesma do Antigo Testamento como declara Bright:

''Apesar de mencionar repetidas vezes  o reino de Deus, Jesus jamais parou para defini-lo. E nenhum espectador jamais o interrompeu para perguntar ''Mestre, o que significa essas palavras, 'reino de Deus', que Tu tanto usas?'' Pelo contrário, Jesus usou o termo como se estivesse certo de que seria entendido e realmente foi. O reino de Deus pertencia ao vocabulário de todo judeu. Era algo que entendiam e pelo qual ansiavam desesperadamente.''

Temos a mesma observação reafirmada:

''O Novo Testamento inicia a proclamação do reino em termos  que expressam que ele era previamente bem conhecido [...] A pregação do reino, sua simples proclamação, sem a menor tentativa de explicar seu significado ou natureza, a própria linguagem na qual ele era apresentado aos judeus  - tudo indicava que era um assunto conhecido de todos. João Batista, Jesus e os setenta, todos proclamaram o reino de tal maneira, sem definição e explicação, que indicavam que os ouvintes estavam familiarizados com seu significado.''
(Peters).

McClain mostra que o Reino que foi oferecido nos Evangelhos foi o mesmo que os profetas previram:

''... nas obras e nos ensinamentos de Cristo podem ser encontrados todos os aspectos do reino profético. Ele é basicamente espiritual; tanto que, ''se alguém não nascer de novo'', não pode ver o reino de Deus. Seu aspecto ético é demonstrado completamente no Sermão do Monte... A correção das maldades sociais aparece na previsão de Cristo quanto ao estabelecimento do Seu reino, quando todas essas maldades serão totalmente anuladas por meio sobrenaturais. A natureza eclesiástica do reino é reconhecida quando Ele expulsa os cambistas do templo. Por que não simplesmente ignorar o templo se, como alguns dizem, Deus terminou com Israel e com a ideía teocrática? Pelo contrário [...] Ele toma posse do templo judeu e cita uma profecia do reino em defesa de Sua ação: ''A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações''. Mesmo o aspecto político do reino profético recebe lugar de importância em Mateus 25 [...] que apresenta a descrição de Cristo por Si mesmo assentado num trono de glória julgando as nações viventes na terra [...] Quanto aos aspectos físicos do reino, leia o Novo Testamento o relato dos cegos que viram, dos coxos que andaram, dos surdos que ouviram, dos leprosos que foram purificados; leia o relato das multidões alimentadas sobrenaturalmente; leia o relato de livramentos dos perigos do vento, da tempestade e da violência.''

III- O MESSIAS RECONHECIDO:


Foi reconhecido no Seu nascimento, sendo anunciado pelo anjo a Maria, esclarecendo o Seu trabalho (Lucas 1.31-33).

Maria teve clareza quanto a anunciação angelical em seu cântico (Lucas 1.46-55). Da mesma sorte Isabel cantou profeticamente sobre a  Vinda do ''meu Senhor'' antes do Seu nascimento (Lucas 1.43) quando foi movida pelo Espírito Santo (Lucas 1.41). Simeão esperava a ''consolação de Israel (Lucas 2.25), sendo Cristo identificado em Pessoa na profecia (Lucas 2.29-35). Já Ana profetizou sobre a redenção de Jerusalém (Lucas 2.38) vendo o cumprimento das suas expectativas no Messias que apareceu. Já os reis magos que vieram na busca Daquele recém-nascido Rei dos judeus (Mateus 2.2) e receberam prova divina que O haviam encontrado Aquele que concretizara suas esperanças.

Mateus escreve sobre Jesus como o Messias de Israel, iniciando seu relato com uma genealogia que é remontada a linhagem não apenas, como era esperado até Abraão, onde Sua descendência viria redimir, mas seria também descendente de Davi por qual linhagem Ele viria reinar. 

Esses acontecimentos que estão associados a Seu nascimento provam que é o Messias.

Continuaremos tratando sobre esse assunto no próximo artigo onde iremos abordar sobre Seu percussor e os aspectos do Reino Teocrático anunciado pelo próprio Messias.

FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR; John Dwight Pentecost.
EDITORA: Vida.


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