A RELAÇÃO DA IGREJA COM A TRIBULAÇÃO - PARTE I

 A IDENTIDADE DOS 24 ANCIÃOS


INTRODUÇÃO:

A relação da Igreja com a Tribulação está ligada com a identidade dos 24 anciãos descritos em Apocalipse.
No artigo anterior tratamos do ministério desses anciãos, com o pano de fundo histórico, quando os anciãos em Israel eram aqueles que além de representar o povo, mas eram juízes, sendo representantes de Deus para julgar o povo. No Novo Testamento, tinha o conceito básico de um representante do povo, alguém que governava ou julgava o povo da parte de Deus. 

O número de 24 anciãos vem de 1 Crônicas 24 e 25 quando Davi dividiu o sacerdócio em 24 turnos ou em ordens. Os anciãos representavam todo o sacerdócio levítico, e cada um ministrava segundo sua ordem ou turno (Lucas 1.5,8,9). Havia um sumo sacerdote e 24 sacerdotes com serviços variados no templo.
O que nos parece ser esse o ministério dos 24 anciãos celestiais, uma vez que o povo de Deus é descrito na Bíblia como um sacerdócio santo (1 Pedro 2.5) e real (1 Pedro 2.9) e Jesus o sumo sacerdote. Eles estão participando no desenrolar do plano final de Deus para os Últimos Dias.

A interpretação sobre a identidade desses anciãos estão divididos em três classes.

I- SERES ANGELICAIS:

Essa é a primeira interpretação, que esses anciãos são seres angelicais. Reese afirma essa teoria:

i) São seres angelicais gloriosos que conduzem o louvor e a adoração de Deus.
      ii) Celebram com alegria cada mudança na marcha progressiva dos acontecimentos em direção á consumação do reino.
          iii) Parecem não ter conhecido a experiência do conflito, pecado, perdão e vitória; no entanto, regozijam-se por causa da benção dos que a conheceram e dão glória a Deus pela Sua graça na vitória dos que vencem.
            iv) Nitidamente se separam dos profetas, santos e justos de tempos passados que se levantam na ressurreição da última trombeta, galardoados. Essa passagem indica que eles desaparecem do cenário quando os novos assessores - a grande multidão dos redimidos celestiais - se assetam em tronos e exercem julgamento com o Senhor Jesus na Sua vinda; V. 20.4; 1 Coríntios 6.2; Mateus 19.28.

Não temos discordância quanto as duas primeiras proposições, mas ao observarmos que tal ocupação não exige que seja anjos. Essa atividade é mais adequada aos redimidos deste século que foram arrebatados. Em relação á terceira preposição, precisamos notar que os anciãos aparecem coroados com ''stephanos'', a coroa da vitória, isso demonstra que eles conheceram o conflito, pecado, perdão e vitória. Quanto á quarta preposição, são os santos da Igreja, seria natural que eles fossem separados dos santos da grande tribulação, os quais serão ressuscitados e galardoados em Apocalipse 11.16-18, já que os santos da Tribulação não fazem parte do Corpo de Cristo, embora sejam redimidos pelo sangue de Cristo. Analisando á quinta preposição, não temos necessidade em afirmar que os anciãos devem deixar seus tronos em Apocalipse 20.4, Reese insiste ao dizer que eles desocuparam os tronos para os santos da Tribulação ocupá-los. Não temos base para afirmar tal posição. Mateus 19.28 está prometido aos discípulos que seriam estabelecidos tronos a partir dos quais eles manifestariam autoridade e governo milênio. Apocalipse 20.4 faz associação os santos do período tribulacional com essa autoridade milenar, mas também não exige que os anciãos sejam destronados.

Scott, que já foi consultado no nosso primeiro artigo sobre a questão, em seu comentário demonstra que tais anciãos não pode ser anjos:

''Os anciãos são um grupo distintos dos seres viventes e dos anjos. No capítulo 5, a ação dos anciãos é diferenciada dos anjos, o que impossibilita vê-los como do mesmo grupo; o v.11 diferencia pelo título os três grupos.
Os anciãos cantam (v.9), os anjos proclamam (v.12). Os anjos não são numerados (Hb 12.22); os anciãos são; o número representativo ''vinte e quatro'' ocorre seis vezes. Não se diz que anjos são coroados; os anciãos são. O coral de louvor celeste - tanto harpa quanto cântico - parece ser a função especifica dos anciãos. Sabedoria celestial, sobretudo em temas e assuntos ligados á redenção, é dada aos anciãos, não aos anjos. Com os redimidos - ressurrectos e transformados, levados para encontrar com Cristo nos ares (1 Ts 4.17). Sua coroa e seus tronos demonstram dignidade real; a harpa e o cântico, alegria em adorar; suas vestes e taças; caráter e ação sacerdotal.''

II- SANTOS DO ANTIGO E DO NOVO TESTAMENTO:

Essa é a segunda teoria, ela diz que os anciãos representam os santos do Antigo e do Novo Testamento. Para esse assunto recorremos o resumo de Ironside:

''Os anciãos no céu representam todo o sacerdócio celestial - isto é, todos os redimidos que morreram no passado ou que estiverem vivos na volta do Senhor [...] A igreja do presente século e igualmente os santos do Antigo Testamento estão incluídos. Todos são sacerdotes. Todos adoram. Havia doze patriarcas em Israel, e doze discípulos introduzirem a nova dispensação. Os dois juntos perfariam os 24 anciãos.''

Tal teoria une Israel e a Igreja numa numa só companhia, sem distinguir no arrebatamento. Ela é menos discutível do que a primeira, mas há razões para que ela também seja rejeitada, o fato de Israel fazer parte da cena aqui. Em primeiro lugar, tal teoria se baseia na dedução de que Israel e a Igreja são ressuscitados no arrebatamento e transportados juntos para para o céu. A ressurreição de Israel será examinada em uma outra oportunidade, mas certas passagens (Daniel 12.1-2; Isaias 26.19; João 11.24) nos mostra que a ressurreição de Israel deve estar associada á Segunda Vinda do Messias na terra. Logo, Israel não pode ser transladado. En segundo lugar, o arrebatamento é o plano de Deus para a Igreja, que é levada para desfrutar das bênçãos eternas. Já o plano para Israel é totalmente diferente, acontecendo com pessoas diferentes em épocas diferentes. Israel não poderá ser ressuscitado  e recompensado até o fim de sua era - o final da Grande Tribulação. Já que esses 24 anciãos foram ressuscitados, recompensados e glorificados, e a Igreja é o único Corpo que experimentou essas coisas até então no plano de Cristo, os santos do Antigo Testamento não poderão ser incluídos nesse grupo.

No próximo artigo estaremos concluindo esse assunto.

FONTE: Manual de Escatologia.
AUTOR: John Dwight Pentecost.
EDITORA: Vida.



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