A RELAÇÃO DA IGREJA COM A TRIBULAÇÃO - FINAL
A IDENTIDADE DOS 24 ANCIÃOS
PARTE FINAL
INTRODUÇÃO:
Estamos encerrando na nossa série escatológica todo nosso estudo sobre a Grande Tribulação, tratando com a situação da Igreja nesse período. Já apontamos que a posição pré-tribulacionista prevê a retirada da Igreja antes que se inicia o período tribulacional. Ao tratar sobre isso, se faz necessário entender a identidade dos 24 anciãos. No artigo anterior começamos a trazer as posições teológicas que apontam essa identidade. Vimos que aqueles que vê-os como seres angelicais encontram dificuldades no próprio texto que apontam as diferença entre os 24 anciãos e os seres angelicais. Já para aqueles que tentam interpretá-los como representantes do Antigo Testamento e do Novo Testamento, encontram dificuldades em confundir os planos proféticos para Israel e para a Igreja, quando ocorrerão em tempos diferentes.
E vamos trazer a terceira e última posição sobre a identidade dos anciãos.
I- OS SANTOS DESTE SÉCULO:
Essa posição indica que os 24 anciãos representam os santos desta era, a Igreja que será ressuscitada e arrebatada para os céus. Se faz necessário observar várias importantes considerações que dão apoio a essa posição:
A) O Número 24:
Representa todo sacerdócio (1 Crônicas 24.1-4,19), Davi havia dividido com propósitos de representação, isso nos leva supor que se trata da Igreja. Israel que havia sido chamado para uma função sacerdotal (Êxodo 19.6), nunca chegou á essa função principal devido ao seu pecado. A promessa para os santos da grande tribulação é que eles ministrarão como sacerdotes no período milenar (Apocalipse 20.6). Ainda no período da Tribulação, no começo, Israel ainda não será reintegrado ao lugar de nação sacerdotal, esse privilégio só lhe será dado como concretizado no milênio.
Portanto, a Igreja é o único grupo sem dúvida constituído como sacerdócio para atuar ministrando sob o Sumo Sacerdote (1 Pedro 2.5,9).
B) A Posição dos 24 Anciãos:
Nos leva a crer que representam a Igreja. Apocalipse 4 aponta eles assentados em tronos, cercando o trono de Deus, estão intimamente associados Àquele que Se assenta no Seu trono. A Igreja recebe essa promessa em Apocalipse 3.21; Mateus 19.28). Isso não pode ser atribuído aos anjos, mesmo que eles cercam o trono, mas não ocupam posições no trono. Israel também não é dado essa posição, uma vez que ele se sujeitará á autoridade do trono, e não se associa á sua autoridade.
Pentecost cita o comentário de Lincoln:
''Eles se assentam diante de Deus - sim, e cobertos ou coroados diante Dele. Certamente, nenhuma criatura, por mais exaltada, assentou-se na presença de Deus! Com base em Jó, 1, parece que os anjos nem sempre estavam na presença de Deus, mas apenas em ocasiões especiais. E Gabriel, evidentemente do alto escalão na hierarquia celestial, diz em seu discurso a Zacarias: ''Eu sou Gabriel, que assisto (lit., estou de pé) 'diante de Deus''' (Lc 1.19). Também em 1 Reis 22, Micaías afirma que ele viu o Senhor sentado no seu trono e todo o exército celestial de pé junto dEle (Dn 7). Mas aqui temos, sem dúvida, uma ordem bem nova das coisas, qual seja, os santos redimidos da dispensação presente vistos no seu Lar celestial e no seu caráter representativo, sentados e com a cabeça coberta, diante de Deus.
C) Suas Vestes Brancas:
Também mostram que representam a Igreja. Isso está evidente em Isaías 61.10 que as vestes brancas representam a pureza que é atribuída ao crente. Também foi prometido aos de Sardes (Apocalipse 3.4,5) que se vestiriam de branco. Tais vestes foram vistas primeiro na transfiguração (Marcos 9.3) e deixam prever que o que é de Cristo inerentemente foi imputado a esses anciãos.
D) Suas Coroas:
Isso continua a nos levar a considera ainda a Igreja como sendo representada pelos 24 anciãos. Os 24 anciãos não usam coroas de monarcas (diadêma), mas coroas de vitórias (stephanos), conquistadas num conflito. Eles, portanto, serão ressuscitados, já que um ser espiritual não usaria uma coroa como recompensa sem julgamento. Ainda é necessário entender que o julgamento ocorrerá recentemente antes, pois eles lançarão suas coroas aos pés do Cordeiro (Apocalipse 4.10).
E) Sua Adoração:
Também faz crer que é a Igreja que continua sendo representada. A adoração é dada a Deus pelos anciãos por Seus atos de criação (Apocalipse 4.11), redenção (Apocalipse 5.9), julgamento (Apocalipse 19.2) e reinado (Apocalipse 11.17). Já houve tentava de separar esses anciãos da redenção que eles cantam (Apocalipse 5.9) excluindo a palavra ''nós'' do texto, tentando afirmar que esses não poderiam ser os representantes da Igreja. Faremos observações as várias coisas a esse ponto:
1. Há boa evidência manuscritas para incluir a palavra no texto. A mesma não precisa ser excluída por motivos textuais.
2. Mesmo que ela fosse excluída, isso não significa que os anciãos não estivessem cantando sobre sua própria redenção. Êxodo 15.13,17 nos mostra, quando Moisés e o povo de Israel louvaram a Deus por Seu julgamento, de que eles mesmo obviamente participaram, cantaram na terceira pessoa. As Escrituras lidam com o que é subjetivo como fato objetivo, isso por preferência.
3. Se a palavra fosse omitida e pudesse ser provado que eles estavam cantando sobre uma redenção que não experimentaram, isso não prova necessariamente que os anciãos não são igreja, pois, como esses anciãos conhecem os julgamentos de Deus derramados na terra, prevêem a vitória dos santos que estão na terra passando por essas experiências e podem louvar a Deus pela redenção desses que vêm de ''toda tribo, língua, povo e nação'' (Apocalipse 5.9), que sofreram a tribulação, foram salvos nela e serão feitos ''reino e sacerdotes; reinarão sobre a terra'' (Apocalipse 5.10;20.6). Da mesma forma que adoram a Deus pelo julgamento que Ele exerce durante a grande tribulacional (Apocalipse 19.2), também podem louvá-Lo pela redenção recebida.
F) Seu Conhecimento Íntimo do Plano de Deus:
Isso também nos dá indícios de que os anciãos representam a Igreja. As passagens em Apocalipse 5.5;7.13,14, podemos ver que Deus compartilha com eles a respeito do Seu plano á medida que ele vai se desenrolando. Essa intimidade é o cumprimento completo daquilo que Jesus prometeu aos seus discípulos em João 15.15. O próprio uso da palavra ''ancião'' aponta para maturidade de conhecimento espiritual, pois o conceito de um ancião nas Escrituras era o de uma pessoa madura em idade e experiência. Tal promessa de maturidade, como é mostrada em 1 Coríntios 13.12 será real.
G) A Associação com Cristo num Ministério Sacerdotal:
Continua a nos levar a crer que eles representam a Igreja. Apocalipse 5.8 são vistos ''tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos''. Vamos agora trazer o comentário de Scott com respeito ao ministério dos anciãos:
''...os anciãos não agem como mediadores, nem como intercessores. Não apresentam súplicas a Deus, nem aumentam o valor dessas súplicas por sua mediação. Os anciãos nos céus são os irmãos dos santos sofredores na terra. Estranho, então, que não estivessem interessados nos sofrimentos e nos conflitos dos quais participaram aqui no passado! Mas sua atitude, embora de profunda empatia, é passiva. O anjo-sacerdote que acrescenta incenso ás orações dos santos não é um ser criado (8.3,4); Cristo, e somente Ele, é aceitável para fazer isso'''.
A associação próxima com o fato de que esses anciãos foram colocados nesse ministério sacerdotal faz crer que a igreja, constituída como sacerdócio ministrante, é representante aqui.
Encerramos esse assunto com a conclusão formulada por Arnerding que foi adequada á investigação desses anciãos, ao escrever:
''...a última que se diz a seu respeito é que se prostram, junto com quatro criaturas viventes, e adoram Aquele que está sentado no trono, dizendo: ''Amém! Aleluia!" (Ap 19;4). Esse seu último ato é característico deles em tudo: 1) seu conhecimento intimo de Cristo, 2) sua proximidade a Ele e 3) a adoração que oferecem a Ele. Lembramos que nosso Senhor, quando orava pelos Seus, pediu que O conhecessem, estivessem com Ele e pudessem ver Sua glória (Jo 17.3,25). E eles eram senão homens que o Pai lhes dera do mundo''.
CONCLUSÃO:
Nosso assunto sobre o período tribulacional termina com esse artigo: Para que o leitor possa entender esse período profético, nossos artigos estão dentro dessa seção escatológica, marcador Tribulacionismo nesse blog.
No próximo artigo iniciaremos a discussão sobre as profecias relacionadas com a Segunda Vinda.
FONTE: Manual de Escatologia
AUTOR: J. Dwight Pentecost.
EDITORA: Vida.
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