O MESOTRIBULACIONISMO - II
A NATUREZA DOS SELOS E DAS TROMBETAS:
''A abertura dos selos é o ponto a ser lembrado [...] Trata da retirada das restrições. Os selos haviam funcionado como instrumentos da graça, para a proteção e preservação da sociedade em todos os séculos. As forças do mal que buscavam guerra e destruição total, haviam até então sido providencialmente mantidas em cheque [...]
O que realmente surpreende é que os expositores falam com persistência dos juízos dos selos. A Bíblia jamais chama de juízos. Esse rótulo é reservado a uma série posterior e mais sinistra'' [...]
Por que culpar a Deus por aquilo que o homem trouxe contra si mesmo? O homem vem dançando segundo a música de uma civilização ímpia; tem sido uma dança de guerra em adoração á força. Agora que é chegada hora de pagar os músicos, por que jogar culpa em Deus? [...]
Ele retirou as restrições, e que o homem está experimentando? Meramente a vigência da lei da semeadura e colheita!
Quando se fala das Trombetas, o pensamento mesotribulacionista é este:
''Tais experiências, por mais severas, não são juízos. Os comentaristas invariavelmente as chamam de juízos das trombetas, Deus nunca o faz, e Ele deve saber [...] É pura confusão chamar essas duas séries - os selos e as trombetas - por um nome que Deus reservou deliberadamente para Seu próprio trabalho.
Essas experiências de fato se parecem com juízos. No entanto, a experiência de Jó deve instruir-nos [...] Satanás recebeu permissão de Deus para afligi-lo como meio de prova e disciplina, mas só podia até certo ponto. [...] É por isso que acontece nas trombetas; Satanás operando; Deus permitindo''.
A posição mesotribulacionista, de acordo com que foi apresentada por um de seus principais defensores, é a de que os selos representam o desenvolvimento do plano do homem e as trombetas apresentam o desenvolvimento do plano de satanás, em que Deus é apenas agente permissivo.
A própria alegação de um de seus autores citado em cada série parece ser refutação suficiente de sua visão, assim ele afirma:
''O ponto culminante em cada uma das séries é sempre explicado depois do sexto item na série. Faz parte do plano estrutural do Apocalipse oferecer essa explicação em cada série para que o leitor possa saber o que está sendo efetuado''.
Assim, com essa observação, João anunciou em Apocalipse 6.16,17 que o que ali se desenrolou está relacionado com a ''Ira do Cordeiro''. O tempo aoristo no versículo 17, ''elten'' (chegou), não significa que algo está preste a chegar, mas que efetivamente aconteceu. Assim, ao desdobrar o plano dos selos, João anuncia que eles representam a ''ira'' que já se manifestou. Da mesma maneira, com o soar das sete trombetas, João uma vez mais relaciona as trombetas ao derramamento da ira de Deus, já que em Apocalipse 11.18 ele declara que esses acontecimentos dizem á respeito á ira que ''chegou'' (aoristo mais uma vez). Assim, nem os selos nem as trombetas podem ser dissociados do plano divino ligado ao derramamento da ira divina sobre a terra.
A DURAÇÃO DO PERÍODO TRIBULACIONAL:
''Isso deveria, ainda mais, guardar-nos do erro comum de citar a tribulação como período de sete anos. A Bíblia jamais se refere a ela desse modo; pelo contrário, a tribulação começa na metade dos sete anos. Ela constituiu os últimos três anos e meio. A tudo o que conduz a ela, Jesus chama simplesmente ''o princípio das dores''.
O próprio autor mesotribulacionista acrescenta:
''A primeira metade da semana, ou período de sete anos, foi para João algo ''doce'' a esperar, como será para eles; sob a proteção do tratado, estarão ''á vontade'', como costumamos dizer. A segunda metade, todavia, será verdadeiramente ''amarga'': o tratado será quebrado será quebrado; a tempestade irromperá, e eles experimentarão, de um lado, a ira do anticristo e, de outro, a ira de Deus. Esse será o seu ''dia de angustia''. É a grande tribulação.
Quanto á essa posição, respondemos da seguinte forma:
- Mesmo que fique claro que Daniel avisou que a Septuagésima Semana seria dividida em duas partes (Daniel 9.27) e embora o Senhor, ao falar do mesmo período, tenha chamado a segunda parte ''grande tribulação'' (Mateus 24.21), em nenhum lugar das Escrituras esse período é dividido em duas partes não relacionadas, cada uma com características diferentes. O mesotribulacionismo essencialmente divide a Septuagésima Semana em duas partes desconexas ,ainda que retendo a designação ''septuagésima semana'', e afirma que a Igreja passará pela primeira metade porque está tem caracterização diferente da segunda. Tal dicotomia é impossível, uma vez quando as Escrituras se referem a esse período, ele é sempre tratado como uma unidade no que diz respeito á sua natureza, mesmo que seja dividido em dois elementos quanto ao tempo e ao grau de intensidade da ira derramada. A unidade da septuagésima semana de Daniel no plano de Israel impede-nos de dividi-la em duas partes. É difícil entender como alguém pode sustentar que todos os acontecimentos precipitados pela abertura dos selos e pelo toque das trombetas possam ser vistos como ''doces'' por alguém que esteja suportando juízos tão rigorosos. Tal posição só pode ser mantida na base da espiritualização.
- É necessário também observar que, se a Igreja passa pelos primeiros três anos e meio da Tribulação, os cento e quarenta e quatro mil serão incorporados á Ela ao ser salvos, uma vez que a Igreja continua na terra. No entanto, esses cento e quarenta e quatro mil aparecem como testemunhas judias durante o período tribulacional. Se fossem salvos enquanto Deus ainda estivesse acrescentando pessoas ao Corpo de Cristo e se, quando a translação ocorresse, fossem deixadas para trás, o Corpo ficaria desmembrado e incompleto. A necessidade de completar o plano do Mistério antes de retomar o plano da Aliança mostra que a Tribulação não pode ser limitada a apenas metade da semana.
- Se a Tribulação fosse datada a partir da assinatura do falso tratado de aliança (Daniel 9.27), a Igreja conheceria a ocasião da translação. Embora Israel tenha recebido sinais que precederão a Volta do Messias, nenhum sinal semelhante foi dado á Igreja. O tempo da Vinda de Cristo para a Igreja é um segredo divino, e homem algum poderá descobrir esse tempo por meio de sinais.
- Apocalipse 7.14 parece servir de prova definitiva. No intervalo entre o sexto e o sétimo selo, no qual é fornecido o escopo último de toda a visão, diz-se que os salvos durante o período vieram da ''grande tribulação''. Isso parece indicar que o período abrangido pelos selos é considerado parte do período tribulacional.
FONTE: MANUAL DE ESCATOLOGIA.
AUTOR: JOHN DWIGHT PENTECOST
EDITORA: VIDA.
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