O PRÉ-TRIBILACIONISMO - IV

 

 AS QUESTÕES DO LIVRO DO APOCALIPSE


A CRONOLOGIA DO LIVRO DE APOCALIPSE:


Quando tratamos com os argumentos do Mesotribulacionismo e Pós-tribulacionismo sobre o Arrebatamento, a cronologia de Apocalipse foi examinada. Vamos apresentar agora apenas uma evidência a mais.

Os capítulos 1-3 apresentam o desenvolvimento da Igreja na Presente Era.
Os capítulos 4-11 abrangem os acontecimentos de toda a Septuagésima Semana e concluem com o retorno de Cristo para reinar na terra em Apocalipse 11.15-18. Assim os selos ocorrem nos primeiros três anos e meios, e as trombetas se referem aos últimos três anos e meio.
De acordo com as instruções dadas a João em Apocalipse 10.11, os capítulos 12-19 examina a Septuagésima Semana novamente, dessa vez com o objetivo de revelar os atores no palco desse trama histórico.

Essa cronologia torna impossível a perspectiva mesotribulacionista, pois o suposto arrebatamento mesotribulacionista de Apocalipse 11.15-18 é, na verdade, o retorno pós-tribulacionista á terra, e não o arrebatamento.

Isso fornece mais evidência para a posição do Arrebatamento pré-tribulacionista.

O GRANDE OBJETO DO ATAQUE SATÂNICO:


Em Apocalipse 12, encontramos um conflito nos Últimos Dias, onde haverá um ataque satânico durante o período tribulacional, onde ''a mulher que deu á luz o filho''. O filho nasce para reger as nações da terra com o cetro de ferro (Apocalipse 12.5). Tal passagem só pode referir-se á Cristo, o Único que tem o direito de reger. Isso é confirmado em Salmos 2.9, num salmo, claramente messiânico.

Aquele de quem Cristo veio só pode ser Israel. Quando satanás for lançado para fora do céu (Apocalipse 12.9), ele prosseguirá com ''grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta'' (Apocalipse 12.12).

A Igreja não deverá estar aqui, pois, como é o Corpo de Cristo e Noiva de Cristo e, consequentemente, preciosa para Cristo, seria objeto do ataque satânico se estivesse presente como foi através dos tempos (Efésios 6.12).

O motivo pelo qual satanás se volta contra Israel só pode ser explicado pela ausência da Igreja no cenário da Tribulação.

A APOSTASIA DO PERÍODO:


A apostasia durante o período da Grande Tribulação irá impedir que a Verdadeira Igreja esteja na terra.
O sistema religioso organizado mencionado  no período de Tribulação é o sistema caracterizado como Jezabel (Apocalipse 2.22) e meretriz (Apocalipse 17 e 18).

Se a Igreja Verdadeira, estivesse na terra, já que jamais é mencionada á parte do sistema apóstata, deveria ser parte deste sistema. Isso é impossível. As testemunhas crentes convertidas durante o período são especificamente descritas como pessoas que se mantiveram isentas da corrupção deste sistema apóstata (Apocalipse 14.4).

Uma vez que a Igreja não é mencionada como parte deste sistema, devemos concluir que Ela não está presente na Tribulação.

A IDENTIDADE DOS 24 ANCIÃOS:


A visão que João tem do trono de Deus em Apocalipse 4 onde é visto os 24 anciãos (Apocalipse 4.4), vestidos de brancos, coroados e assentados em tronos. Tem sido um ponto de muitas respostas para essa passagem escatológica.

Algumas respostas são dadas quanto a identidade dos 24 anciãos. Alguns os identificam como anjos, por estarem associados aos quatros seres viventes, tal afirmação visa fugir da literalidade do livro de Apocalipse por ser contrária ao sistema alegórico de interpretação.
Não são anjos, uma vez que estes não são coroados com coroas de vencedor (stephanos), que se recebe como recompensa. Anjos também não se assentam em tronos (thronos), que falam de dignidade e prerrogativas reais, os mesmos também não são vestidos de branco em razão de julgamento.

Uma vez que a identidade dos 24 anciãos não está associado aos seres angelicais, então a argumentação recai sobre homens ressurretos e redimidos, vestidos e coroados e assentados em tronos, os que estão relacionados com as realizas celestiais.

O dr Scofield apresenta evidências que apoiam a visão dos 24 anciãos como representantes da Igreja:
  • Sua posição, eles estão entronizados em volta do trono central que é cercado por um arco-íris. A Igreja, e somente ela dentre todos os grupos dos redimidos, é prometida a entronização (Apocalipse 3.21). Cristo ainda não assentado no Seu trono na terra, mas essas figuras reais, já apresentadas sem culpa, com a indizível alegria do Senhor, devem estar com Ele (João 17.24; 1 Tessalonicenses 4.17).
  • o número desses anciãos representativos, num livro em que os números representam grande parte do simbolismo, é significativo, pois 24 é o número de ordens em que o sacerdócio levítico foi dividido (1 Crônicas 24.1-19), e todos os grupos de redimidos, apenas a Igreja é sacerdócio (1 Pedro 2.5-9; Apocalipse 1.6). O testemunho dos anciãos entronizados os distinguem como representantes da Igreja: ''entoavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o seu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; reinarão sobre a terra'' (Apocalipse 5.9,10). A Igreja, somente ela, pode assim testemunhar.
  • O ancionato é um oficio representativo (Atos 15.2; 20.17).
  • A inteligência espiritual dos anciãos os destaca com quem partilha dos mais íntimos conselhos divinos (Apocalipse 5.5; 7.13). E a quem dentre os redimidos esses conselhos devem ser revelados senão àqueles a quem o Senhor disse: ''Já não vos chamo de servos [...] mas vos tenho chamado de amigos'' [...] (João 15.15)? Os anciãos são, simbolicamente, a Igreja, e são vistos no céu num local designado pelas Escrituras para a Igreja antes que os selos sejam abertos e os ais sejam pronunciados, e antes que qualquer das taças da ira de Deus sejam derramadas. E em tudo o que se segue, até o vigésimo capítulo, a Igreja nunca é citada presente na terra.
De acordo com Apocalipse 5.8, os 24 anciãos estão associados num ato sacerdotal, isso nunca foi dito com respeito aos anjos, devem ser crentes-associados ao Grande Sumo Sacerdote. Uma vez que Israel não ressuscita até o fim da Septuagésima Semana, nem julgado ou recompensado até a Segunda Vinda, de acordo com Isaías 26.19-21 e Daniel 12.1, esses devem ser  representantes dos santos da Presente Época. Já serão vistos como ressurretos, no céu, julgados, recompensados, entronizados no começo da Septuagésima Semana, conclui-se que a Igreja deve ter sido arrebatada antes do inicio da Septuagésima Semana.

Se a Igreja não for ressuscitada e transladada aqui, como alguns insistem, e não o é em Apocalipse 20.4, como estaria no céu em Apocalipse 19.7-11?.

A identidade dos 24 anciãos dão maior apoio a posição pré-tribulacionista do Arrebatamento.

A MENSAGEM DAS DUAS TESTEMUNHAS:


Em Apocalipse 11 aparece duas personagens que apareceram no período Tribulacional, dois mensageiros especiais enviados á Israel. Seu ministério será acompanhados por sinais para comprovar a origem divina de sua Mensagem de acordo com o uso profético de sinais do Antigo Testamento.

A essência de sua pregação não nos é revelada, mas o conteúdo pode ser depreendido da Vestimenta desses mensageiros. Diz-se que estarão vestidos de pano de saco (sakkos), que foi definido por um exegeta:

''Pano grosseiro, material escuro e áspero feito especialmente de pêlo de animais: vestuário desse material, pendendo do corpo da pessoa como um saco, era comumente usado pelos lamentadores, penitentes, suplicantes [...] e também por aqueles que, assim como os profetas hebraicos, mantinham uma vida austera''.

Quando comparamos o ministério de Elias em 2 Reis 1.8 e o de João Batista em Mateus 3.4 - ministérios correspondentes no sentindo de que ambos foram enviados á Israel num período de apostasia para levar a Nação ao arrependimento - como o ministério das Duas Testemunhas, vemos que o sinal de sua Mensagem em ambos os casos é o mesmo a vestimenta de pano de saco, sinal de lamentação e arrependimento nacional.

Podemos concluir pela forma característica de suas vestimentas que as Duas Testemunhas anunciam a mesma Mensagem de João: de arrependimento porque o Rei está Vindo. Suas Boas Novas são o ''Evangelho do Reino'' de Mateus 24.14. Eles não negligenciam a Pregação da Cruz, uma vez que Apocalipse 7.14 e Zacarias 13.8,9, mostram que a Pregação do Evangelho durante a Septuagésima Semana é acompanhada pela Pregação da Cruz.

A Mensagem confiada á Igreja é uma Mensagem de Graça. A Igreja não possui outra mensagem. O fato de a Mensagem anunciada ser de Julgamento, de arrependimento e de preparação para a Vinda do Rei mostra que a Igreja não deverá estar mais presente, pois tal Mensagem não é confiada á ela.

O REMANESCENTE NA SEGUNDA VINDA:


O leitor pode ler essas passagens como Malaquias 3.16; Ezequiel 20.33-38; 37.11-28; Zacarias 13.8,9; Apocalipse 7.1-8 e ainda outras que indicam claramente que, quando o Senhor voltar á terra, haverá um restante de crentes em Israel aguardando o Seu retorno.

Junto com estas passagens, ainda o leitor poderá encontrar a de Mateus 25.31-40 e as parábolas de Lucas 14.16-24 e a de Mateus 22.1-13, que mostram que haverá na terra uma multidão de crentes entre os gentios que crerão Nele e aguardarão o Seu retorno.

Isso é necessário, para que o Senhor possa na Segunda Vinda cumprir as promessas feitas nas alianças abraâmica, davídica e palestina, para isso, seja necessário que haja um remanescente fiel sobre quem Ele possa reinar e cumprir as promessas.
Deverá também existir um grupo de crentes gentios que possa receber, pela fé, os benefícios das alianças no Seu reinado.

Esses dois grupos irão entrar no Milênio com seus corpos naturais, salvos, mas sem experimentar a morte e a ressurreição.
Se a Igreja estivesse na terra até a Segunda Vinda, tais indivíduos seriam salvos e receberiam uma posição na Igreja, seriam arrebatados Naquela Hora, e, consequentemente, não iria restar pessoa salva na terra.

Quem então estará esperando encontrar com o Senhor no Seu retorno? Com quem Cristo poderia cumprir literalmente as alianças feitas com Israel?

Essas considerações tornam necessário o arrebatamento pré-tribulacionista da Igreja, para que Deus possa chamar e preservar o remanescente durante a Tribulação e por meio dele cumprir as promessas.

Leia também Romanos 11.

OS 144 MIL SELADOS DE ISRAEL:

Com a Igreja na terra não existirá nenhum relacionamento exclusivamente judaico desfrutado por algum salvo. Todos os salvos compartilham de uma posição no Corpo de Cristo, conforme Colossenses 1.26-29; 3.11; Efésios 2.14-22; 3.1-7.

Durante a Septuagésima Semana, a Igreja estará ausente, pois dos salvos restante em Israel, Deus sela 144 mil, 12 mil de cada tribo, conforme Apocalipse 7.14.
O fato de Deus lidar novamente com Israel nesse relacionamento nacional, separando-o por identidade nacional e mandando-o como representante ás nações no lugar das testemunhas da Igreja, indica que a Igreja não estará mais na terra.

A MENSAGEM Á IGREJA DE LAODICÉIA:


Procuramos deixar esse argumento por ultimo, uma vez que o mesmo é ponto de divergência entre até mesmo os pré-tribulacionistas. Iremos apresentar duas posições quanto á identidade de Laodicéia.

A primeira é apresentada pelo pré-tribulacionista John Dwight Pentecost.

''Essa igreja representa a forma final da igreja professante, que é rejeitada pelo Senhor e vomitada de Sua boca por causa da falsidade da sua profissão.
Se a Igreja, na sua totalidade, não apenas a sua porção professante, entrar na Septuagésima Semana, teremos de concluir que a igreja de Laodicéia é o retrato da Verdadeira Igreja.
Muitas coisas ficam evidentes então. A Igreja Verdadeira não poderia passar pelas perseguições da Septuagésima Semana e continuar ser morna para com o Senhor.
As perseguições intensificariam as chamas e transformariam a mornidão num calor intenso, ou então apagariam o fogo totalmente.
Esse sempre foi o ministério das perseguições no passado. O que fica ainda mais claro, se ela representa a Verdadeira Igreja, é que essa igreja é vomitada perante o Senhor, completamente rejeitada por Ele.
Isso só poderia ensinar que alguém pode ser parte da Igreja Verdadeira e depois ser finalmente lançado fora, o que é impossível.
A única alternativa é ver que a Igreja Verdadeira termina com a igreja de Filadélfia, que é retirada da terra de acordo com a promessa de Apocalipse 3.10 antes da Tribulação, e a falsa igreja professante, é deixada para trás, rejeitada por Deus e vomitada na Septuagésima Semana para revelar a verdadeira natureza de sua profissão e a justa rejeição por Deus''.

Pentecost defende que Laodicéia representa a igreja professante que será deixada na Grande Tribulação e que a Igreja Verdadeira se encerra com Filadélfia e será arrebatada antes do início do período Tribulacional, ficando na terra ''Laodicéia''.

Mas outros pré-tribulacionistas tem posições diferentes da posição de Pentecost, embora que comungam de muitas posições deste expoente da Escatologia.

Em um site de estudo bíblicos, temos uma posição diferente da qual foi apresentada acima. Daremos alguns pontos desta posição:

''Laodicéia é uma igreja morna, indecisa e que não se posiciona espiritualmente... Laodicéia já havia recebido mensagens pastorais através do apóstolo Paulo, que estendeu a carta aos Colossenses também para os irmãos de Laodicéia (Colossenses 4.13-16).''

Ao fazer uma exegese da passagem onde Laodicéia é mencionada, o autor do estudo comenta:

''[...] O nome Laodicéia deriva-se do grego: laos = povo + dikaios = justiça. É a igreja da democracia, o direito que emana do povo, fazendo frente á Teocracia, o domínio divino. O nome também pode ter sido dado em homenagem á Laodice, esposa do imperador Antioco II. Por esse motivo, parece havia mais um lugar com o mesmo nome.

[...] Nem és frio ou quente (Apocalipse 3.15) e morno (Apocalipse 3.16); sobre sua indiferença espiritual. A água da cidade vinha de aquedutos das fontes termais de Hierópolis há cerca de 10 km. Até chegar em Laodicéia ficava morna.
Vomitar-te (Apocalipse 3.16); referência á água morna que bebiam e sentiam mal.
Estou rico e abastado (Apocalipse 3.17); a cidade sofreu um terremoto em 60 d.C. e foi reedificada com recursos próprios.
Infeliz, miserável (Apocalipse 3.16); situação espiritual.
Pobre, cego, nu; situação espiritual oposta á realidade aparente.

[...] Jesus oferece (Apocalipse 3.18):
Ouro: riquezas.
Vestiduras brancas: santificação.
Colírio: cura.
Estou a porta e bato (Apocalipse 3.20):
Jesus estava do lado de fora da igreja e queria entrar.
Cearei com ele e ele comigo (Apocalipse 3.20):
Comunhão com Deus.
Assentar no Trono (Apocalipse 3.21):
Reinar  com Jesus (Apocalipse 20.6; 22.5).''

Continuando em sua interpretação histórica:

''O tempo de Laodicéia é a apostasia dos últimos dias, quando muitos tem se desviado da fé verdadeira e pura seguindo falsas doutrinas (1 Timóteo 4.1).''

Em sua interpretação moral, o autor comenta:

''Laodicéia representa uma igreja morna, indecisa, indiferente, que serve ao mundo e a Deus ao mesmo tempo (Mateus 6.24). Não se posiciona espiritualmente.
Vários cristãos recebem o fogo do Espírito Santo e com o tempo vão se esfriando, mas não se decidem buscar o renovo, então ficam mornos.''

[...] Jesus está batendo na porta das igrejas porque ficou do lado de fora porque ficou sentindo vontade de vomitar.

Para o autor do estudo bíblico em destaque, Laodicéia é o retrato de uma parcela de cristãos que estão apáticas quando suas vidas espirituais, assim tais cristãos estão em situação perigosa, pela qual poderão serem vomitados pelo próprio Senhor. O único remédio para a situação é o arrependimento.

Então, temos duas posições quanto a identidade de Laodicéia, uma oferecida pelo Pentencost como mencionamos acima e esta dada por um site de um estudo bíblico.

Nem sempre dentro do próprio pré-tribulacionismo teremos concordância em todas as questões, mas no que tange os argumentos fundamentais os pré-tribulacionistas concordam entre si.




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