O MESOTRIBULACIONISMO - IV
A IDENTIDADE DA ÚLTIMA TROMBETA:
O ultimo argumento pelo qual a teoria Mesotribulacionista depende é a Identificação da Última Trombeta. Para o mesotribulacionista, ela está identificada pela sétima trombeta de Apocalipse 11.15 com 1 Coríntios 15.52 e 1 Tessalonicenses 4.16. Tal posição foi formulada pelos meso-tribulacionistas da seguinte maneira:
''Paulo, por inspiração do Espírito, sem duvida coloca a ressurreição e o arrebatamento dos santos pela vinda de Cristo ao soar da ''última trombeta'' (1 Coríntios 15.52). Essa é uma localização especifica do acontecimento.
Inquestionavelmente o Espírito Santo revelou o fato e inspirou o seu registro. Como ousaria alguém situá-lo em outra ocasião? [...] Poderíamos postular o arrebatamento em qualquer ocasião a não ser aquela apresentada pelo apóstolo Paulo e ainda assim manter a integridade da Palavra de Deus''?
[...]
Voltemos a Mateus 24.29-31. Aqui Jesus retrata a grande tribulação como sendo seguida por ''grande clangor de trombetas''. Essa é a última trombeta registrada no tempo.
Quando, porém, chegamos á última trombeta em Apocalipse, última da série, descobrimos muita evidencia satisfatória de que o acontecimento está de fato ocorrendo.
Todo o argumento depende de fazer a última das sete trombetas idênticas á última trombeta mencionada por Paulo em relação ao arrebatamento em 1 Coríntios 15.52. O argumento repousa no uso da palavra última em relação aos dois acontecimentos.
Um dos defensores do mesotribulacionismo admitiu que ''última'' pode significar uma de duas coisas: última em relação ao tempo ou última em relação á sequencia. Ao fazer tal afirmação, o próprio defensor do mesotribulacionismo admite que última em relação á sequencia não é necessariamente igual a última em relação ao tempo. A palavra última pode significar a que conclui um plano, mas não necessariamente a última que jamais existirá. A medida que o plano da Igreja difere do plano para Israel, cada um deles pode ser encerrado pelo toque de uma trombeta, adequadamente chamada última trombeta, sem que as duas trombetas seja idênticas e simultâneas quanto ao tempo.
IDENTIFICANDO A ÚLTIMA TROMBETA COM A SÉTIMA TROMBETA:
Não há base suficiente para supor que haja referência á sétima trombeta apocalíptica (Apocalipse 11.15) [...] Essa salpigx (trombeta), a que o apóstolo chama de escathe (última), não com referência a alguma série que a tenha precedido [..] mas por estar ligada ao final desse aion (era) e á última cena da história humana. Com isso concordamos, exceto em que, quando Cristo voltar, apenas essa era da história terá chegado ao fim.
Os pré-milenaristas queriam dizer isso, e isso é sem duvida, o que eles diziam afirmando e tal posição é firmada baseada em 1 Tessalonicenses 4.16 ''somente uma trombeta é mencionada e apresentada de maneira normal, como algo bem conhecido pelos leitores''.
A mesma conclusão deve ser derivada do fato de que Paulo segue a referencia á última trombeta com a declaração impessoal ''pois a trombeta soará''. Se ele tivesse pensando nessa trombeta como uma de sete, sem duvida teria dito algo semelhante a: ''Pois quando as trombetas soarem, e chegar a hora de a última trombeta soar, os mortos em Cristo ressuscitarão''. De qualquer modo, não há base para identificar a ''trombeta'' de 1 Coríntios 15.52 com a sétima trombeta de Apocalipse 11.15.
OBSERVANDO AS DUAS TROMBETAS:
Ao observarmos as duas trombetas, torna-as impossíveis identificá-las num mesmo tempo. E vejamos algumas razões para cremos desta maneira:
- A trombeta de 1 Coríntios 15.52, e com isso até o mesotribulacionista concorda, soa antes da ira de Deus cair sobre a terra, ao passo conforme foi demonstrado, a cronologia de Apocalipse indica que a trombeta de Apocalipse 11.15 soa ao final do tempo da ira, pouco antes da Segunda Vinda.
- A trombeta que convoca a Igreja é chamada trombeta de Deus, ao passo que a sétima trombeta é a trombeta de um anjo.
- A trombeta para a Igreja é singular. Nenhuma outra trombeta a precedeu de modo que ela seja referida como a última de uma série. A trombeta que encerra a tribulação é claramente a última de uma série de sete.
- Em 1 Tessalonicenses 4 a voz associada ao soar da trombeta convoca os vivos e os mortos e consequentemente é ouvida antes da ressurreição. No Apocalipse, embora seja mencionada uma ressurreição (Apocalipse 11.12), a trombeta somente é tocada depois da ressurreição, mostrando assim que dois acontecimentos distintos estão em foco.
- A trombeta de 1 Tessalonicenses introduz a benção, a vida, a glória; a trombeta de Apocalipse, entretanto, introduz o julgamento contra os inimigos de Deus.
- Na passagem de Tessalonicenses a trombeta soa ''num momento, num abrir e fechar de olhos''. Em Apocalipse 10.7 a indicação é que a sétima trombeta soará por um período prolongado de tempo, talvez durante os juízos que a ela estão associados, pois João fala de o anjo ''começar a tocar''. A duração desse toque também é a prova da distinção entre as duas trombetas.
- A trombeta de Tessalonicenses é especificamente designada para a Igreja. Uma vez que Deus está lidando com Israel em particular e com os gentios em geral, na tribulação, essa sétima trombeta, que se enquadra no período tribulacional, não pode referir-se á Igreja sem que se perdessem as distinções entre a Igreja e Israel.
- A passagem de Apocalipse retrata um gigantesco terremoto em que milhares de pessoas perdem a vida, e graças ao qual o remanescente fiel adora á Deus, tomado de medo. Na passagem de Tessalonicenses nenhum terremoto é mencionado. Não haverá remanescente deixado para trás no arrebatamento, experimentando os terrores de Apocalipse 11.13. Tal ponto de vista só encaixa na posição parcialista do arrebatamento.
- Embora a Igreja venha a ser trasladada por ocasião do arrebatamento, o galardão a ser oferecido aos ''teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome'' não pode ser identificada com aquele acontecimento. A recompensa mencionada em Apocalipse 11.18 acontece sobre a terra, quando da Segunda Vinda de Cristo, em seguida ao julgamento de Seus inimigos. Uma vez que a Igreja é galardoada nos céus, em seguida ao arrebatamento, os dois acontecimentos devem ser diferentes.
Com base em Mateus 24.31 é difícil de ver como o mesotribulacionista pode sustentar a posição de que Apocalipse 11.15 é a última trombeta no sentido cronológico.
As trombetas de Apocalipse termina antes da Segunda Vinda do Messias. Mateus registra as próprias palavras do Senhor, nas quais Ele ensina que Israel será reunido pelo soar de uma trombeta depois da Segunda Vinda.
Se última significa última cronologicamente, por que não sustentar que tanto a trombeta de Apocalipse quanto a de Tessalonicenses coincidem com a de Mateus 24?
O SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO ''A ÚLTIMA TROMBETA'':
Em Números 10 lemos sobre um soar de trombetas para a convocação de uma assembleia do povo e para suas jornadas.
Havia toques específicos para cada um dos acampamentos dos israelitas e toques especiais para toda a congregação. Um comentário muito apropriado foi feito nesse sentido:
''A última trombeta significaria que toda a congregação estava finalmente de partida. Em certo sentido isso pode ilustrar o que encontramos em 1 Coríntios 15.23: '' Cada um, porém, por sua por 'própria ordem [ou patente - tagmati]: Cristo, as primícias; depois os que são de Cristo, na Sua Vinda''. Estes últimos certamente são divididos em pelo menos dois grupos: os que já dormiram e os que ficarem vivos e permaneceremos [...]''.
Num momento, e num abrir e fechar de olhos, são expressões usadas ao redor do mundo para expressar o que é súbito e muito rápido. O fato de que a terceira expressão, '' ao ressoar da última trombeta'', está tão intimamente relacionada a elas nos leva a crer que deveria ser entendida da mesma maneira. Se assim fosse, teria a natureza de um alarme, que é exatamente a mesma palavra usada em Números 10.5,6 em relação ás ''partidas'' dos acampamentos.
Uma vez realizada a ressurreição e o ajuntamento [a primeira pela voz do Senhor e a segunda pela voz do arcanjo - 1 Tessalonicenses 4.16] [...] há apenas mais uma coisa necessária para produzir o movimento final e definitivo.
Trata-se da ''última trombeta''. Essa será a última trombeta nota soada naquela tremenda ocasião.
AUTOR: JOHN DWIGHT PENTECOST.
EDITORA: VIDA.
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