O PRÉ-TRIBULACIONISMO - III
O PROBLEMA DE TESSALÔNICA
O DETENTOR DE 2 TESSALONICENSES 2:
O problema de Tessalônica residia na questão do Arrebatamento, para eles o evento já tinha ocorrido e eles estavam no Dia do Senhor. Eles tinham como base as perseguições que eles estavam sofrendo (1 Tessalonicenses 1).
Paulo escreveu a sua segunda epístola (carta) corrigindo-os essa concepção errônea. Paulo disse que tal coisa era impossível. Vamos para os pontos que o apóstolo aponta nessa questão:
- Primeiro, o apóstolo mostra em 2 Tessalonicenses 2.3 que o Dia do Senhor não aconteceria até que houvesse uma partida. Essa partida pode ser o afastamento da fé ou uma partida dos santos da terra como mencionado no verso 1.
- Segundo, o apóstolo ainda revela que haveria a manifestação do homem do pecado, ou o iníquo, descrito com mais detalhes em Apocalipse 13. Paulo argumenta no verso 7 é que, apesar de o ministério da iniquidade já estar em vigor em seus dias, quer dizer, o sistema sem lei culminaria na pessoa do iníquo, este iníquo, no entanto, não se manifestaria até que o Detentor fosse afastado. Em outras palavras, Alguém que impede o propósito de satanás de culminar e Ele continuará a exercer Seu ministério até ser afastado (2 Tessalonicenses 2.7,8).
Algumas explicações são apresentadas quanto ao Detentor:
- O governo humano.
- A Igreja Visível.
- A Lei.
Tais posições não são possíveis, uma vez que todos eles estarão na terra em certa medida após a manifestação do anticristo.
O problema aqui é exegético, porém parece que o Único que conseguiria exercer tal ministério de detenção seria o Espírito Santo (abordaremos mais sobre esse assunto posteriormente).
Tal obra realizada pelo Espírito Santo é um conjunto com o Seu templo, a Igreja. Enquanto o Espírito Santo estiver habitando na Igreja, esse trabalho de detenção continuará e o homem do pecado não poderá ser revelado.
Apenas quando a Igreja for arrebatada, o Templo do Espírito Santo for retirado da terra, a obra do Detentor terminará e a iniquidade produzirá o iníquo.
Devemos observar que o Espírito Santo não cessará Seu ministério após a retirada da Igreja, nem deixará de ser Onipresente com esse afastamento, mas o Seu ministério como Detentor cessará.
Assim, o ministério do Detentor, que continuará enquanto Seu templo estiver na terra e que precisa cessar antes que o iníquo seja revelado, requer o Arrebatamento pré-tribulacionista da Igreja, pois Daniel 9.27 revela que esse iníquo será manifesto no começo da Septuagésima Semana.
O PROBLEMA DE 1 TESSALONICENSES 4.13-18:
Se os tessalonicenses acreditassem que a Igreja passaria pela Septuagésima Semana, se regozijariam por alguns de seus irmãos terem escapado daquele período de sofrimento e estarem com o Senhor sem experimentar os acontecimentos da Septuagésima Semana.
Eles estariam louvando ao Senhor pelos irmãos que foram poupados desses acontecimentos, em vez de pensar que eles tivessem perdido algumas das bençãos do Senhor. Os tessalonicenses evidentemente acreditavam que a Igreja não passaria pela Septuagésima Semana e, na expectativa do Retorno de Cristo, lamentavam por seus irmãos, a respeito de quem pensavam que perderiam a benção do Acontecimento.
O ANUNCIO DE PAZ E SEGURANÇA:
Em 1 Tessalonicenses 5.3 Paulo fala á igreja de Tessalônica que o Dia do Senhor virá depois de um anúncio de ''paz e segurança''. Tal falsa segurança acalmará a muitos, deixando-os em estado de letargia, o qual fará com que o Dia do Senhor chegue como ladrão. O anúncio que produzirá esse letargia precede o Dia do Senhor. Se a Igreja estivesse na Septuagésima Semana, não haveria possibilidade de que, durante o período em que os crentes fossem perseguidos pela Besta em um grau sem precedentes, tal mensagem pudesse ser pregada e encontrasse aceitação tal que a humanidade ficasse anestesiada a ponto de tornar-se desvanecida.Todos estes sinais apontariam para a certeza de que eles não estavam no tempo de ''paz e segurança''.
O fato de que o ataque de ira, julgamento e escuridão é precedido pelo anúncio de tal mensagem indica que a Igreja não deve ser arrebatada antes desse período.
A NECESSIDADE DO INTERVALO:
A palavra ''apantesis'' que significa encontrar, foi usada em Atos 28.15 com a idéia de ''encontrar-se para retornar com''.
Não raro se afirma que a palavra usada em 1 Tessalonicenses 4.17 tem a mesma ideia, logo a Igreja deve ser arrebatada para retornar instantânea e imediatamente com o Senhor á terra, negando e tornando impossível qualquer intervalo entre o Arrebatamento e o Retorno.
A palavra grega não apenas não exige tal interpretação, como também certos acontecimentos previstos para a Igreja após a sua translação torna tal interpretação impossível. Tais acontecimentos são:
- O Tribunal de Cristo.
- A apresentação da Igreja á Cristo.
- As Bodas do Cordeiro.
As passagens como 2 Coríntios 5.9; 1 Coríntios 3.11-16; Apocalipse 4.4; 19.8,14 mostram que a Igreja já terá sido examinada no que diz respeito á sua administração e terá recebido a sua recompensa por ocasião da Segunda Vinda de Cristo.
É impossível conceber esse acontecimento sem que transcorra algum período de tempo.
A Igreja deve ser apresentada como presente do Pai para o Filho. Scofield escreveu:
''Esse é o momento da suprema alegria de nosso Senhor - a consumação de toda a Sua obra de Redenção
''Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, PARA APRESENTAR A SI MESMO IGREJA gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito'' (Efésios 5.25-27).
''Ora, aquele que é poderoso PARA VOS GUARDAR DE TROPEÇOS E PARA VOS APRESENTAR COM EXULTAÇÃO, IMACULADO DIANTE DA SUA GLÓRIA'' (Judas 1.25)''.
E ainda sobre essa questão, Apocalipse 19.7-9 revela a consumação da união entre Cristo e a Igreja precede a Segunda Vinda. Em outras passagens como Mateus 25.1-13; 22.1-14 e Lucas 12.35-41, o Rei é visto no papel do Noivo na Sua Vinda, indicando que o casamento já se realizou.
Tal acontecimento, da mesma maneira, requer um período de tempo e torna impossível que o Arrebatamento e a Manifestação sejam acontecimentos simultâneos. Embora a extensão do período não seja verificada nesse ponto, faz-se necessário um intervalo entre o Arrebatamento e a Segunda Vinda.
AS DISTINÇÕES ENTRE O ARREBATAMENTO E A SEGUNDA VINDA:
- O Arrebatamento compreende a retirada dos crentes, enquanto o Segundo Advento requer o aparecimento e a manifestação do Filho.
- No Arrebatamento os santos são levados nos ares, enquanto na Segunda Vinda Cristo volta á terra.
- No Arrebatamento Cristo vem buscar a Sua Noiva, enquanto na Segunda Vinda Ele retorna com a Noiva.
- O Arrebatamento resulta na retirada da Igreja e na instauração da Tribulação, enquanto a Segunda Vinda resulta no estabelecimento do Reino Milenar.
- O Arrebatamento é iminente, enquanto a Segunda Vinda é precedida por uma multidão de sinais.
- O Arrebatamento traz uma mensagem de conforto, enquanto a Segunda Vinda é acompanhada por uma mensagem de juízo.
- O Arrebatamento está relacionado ao plano para a Igreja, enquanto a Segunda Vinda está relacionado ao plano para Israel e para o mundo.
- O Arrebatamento é um mistério, enquanto a Segunda Vinda é prevista em ambos os Testamentos.
- No Arrebatamento os crentes são julgados, enquanto na Segunda Vinda os gentios e Israel são julgados.
- O Arrebatamento deixa a criação intacta, enquanto a Segunda Vinda implica uma mudança na criação.
- No Arrebatamento os gentios não serão afetados, enquanto na Segunda Vinda são julgados.
- No Arrebatamento as Alianças com Israel não são cumpridas, enquanto na Segunda Vinda todas as Alianças são cumpridas.
- O Arrebatamento não tem relação particular com o plano de Deus para o mal, enquanto na Segunda Vinda o mal é julgado.
- É dito que o Arrebatamento ocorrerá antes do Dia da Ira, enquanto a Segunda Vinda se segue a ele.
- O Arrebatamento é apenas para os crentes, enquanto a Segunda Vinda tem efeito sobre todos os homens.
- A expectativa da Igreja em relação ao Arrebatamento é ''perto está o Senhor'' (Filipenses 4.5), enquanto a expectativa de Israel em relação á Segunda Vinda é ''o Reino está próximo'' (Mateus 24.14).
- A expectativa da Igreja no Arrebatamento é ser levada á Presença do Senhor, enquanto a expectativa de Israel na Segunda Vinda é ser levado ao Reino.
Essas contraposições que poderiam ser apresentadas apoiam a alegação de que se trata de dois planos distintos que não podem ser unificados num só.
A DOUTRINA NA IMINÊNCIA:
Os sinais e foram muitos, foram dados á Israel, precedendo a Segunda Vinda, a fim de que a nação vivesse na expectativa quando a Sua Volta se aproximasse. Embora que Israel não saiba o dia nem a hora em que o Senhor voltaria, saberia que a sua redenção se aproximaria pelo cumprimento dos sinais.
Já para a Igreja, tais sinais nunca foram dados. A Igreja tem a ordem de viver á luz da Vinda Iminente do Senhor para transladá-la á Sua Presença (João 14.2,3; Atos 1.11; 1 Coríntios 15.51,52; Filipenses 3.20; Colossenses 3.4; 1 Tessalonicenses 1.10; 1 Timóteo 6.14; Tiago 5.8; 1 Pedro 3.3,4).
Passagens como 1 Tessalonicenses 5.6; Tito 2.13 e Apocalipse 3.3 alertam o crente a aguardar o próprio Senhor, não aguardar os sinais que antecederiam Seu retorno. É verdade que os acontecimentos da Septuagésima semana lançarão um prenúncio antes do Arrebatamento, mas a atenção do crente deve ser sempre dirigida para Cristo, nunca para aos sinais.
A Doutrina da Iminência, ou ''da Volta a qualquer momento'', não é nova, surgida com Darby, como é dito muitas vezes, embora que Darby tenha esclarecido e sistematizado e a popularizado.
A crença na Iminência marcou o Pré- Milenarismo dos primeiros pais da Igreja bem como os escritos do Novo Testamento. Vejamos o que foi dito em relação á isso:
"... eles, sustentavam não apenas a visão pré-milenarista da Vinda de Cristo, mas também consideravam a Vinda Iminente. O Senhor os tinha ensinado a aguardar o Seu retorno a qualquer momento e, depois, eles achavam que Ele viria nos seus dias. Não apenas isso, mas também achavam Seu retorno pessoal e iminente.
Apenas os alexandrinos (alogoristas) se opunham a essa verdade; mas esses Pais também rejeitaram outras doutrinas fundamentais.
Podemos dizer, então, que a Igreja Primitiva vivia em expectativa constante do Senhor é, consequentemente, não estava interessada na possibilidade de um período de tribulação no futuro".
Apenas os alexandrinos (alogoristas) se opunham a essa verdade; mas esses Pais também rejeitaram outras doutrinas fundamentais.
Podemos dizer, então, que a Igreja Primitiva vivia em expectativa constante do Senhor é, consequentemente, não estava interessada na possibilidade de um período de tribulação no futuro".
Embora a Escatologia da Igreja Primitiva não seja clara em todos os seus aspectos, pois não era o objeto de sério exame, é clara a evidência de que eles acreditavam no Retorno Iminente de Cristo.
A mesma Iminência é vista nos escritos dos reformadores, embora tivessem opiniões diferentes sobre as questões escatológicas. Alguns acreditavam na Volta Iminente de Cristo, e citamos alguns deles:
- Lutero escreveu: ''Acredito que todos os sinais que precedem os últimos dias já apareceram. Não pensamos que a Vinda de Cristo está longe; olhemos para cima com a nossa cabeça erguida; esperamos a Vinda do Nosso Redentor com a mente desejosa e alegre''.
- [...] Calvino também declara para o Advento de Cristo: ''As Escrituras uniformemente nos ordena olhar com expectativa para o Advento de Cristo''.
- Podemos ainda incluir o testemunho de John Kenox: ''O Senhor Jesus voltará, e com presteza. E seu propósito não é outro senão reformar a face da terra, o que nunca foi e nunca será feito, até que o justo Rei e Juiz apareça para restaurar todas as coisa''.
- De igual modo, as palavras de Latimer: ''Todos aqueles homens excelentes e letrados a quem, sem dúvida, Deus enviou ao mundo nestes últimos dias para dar um aviso ao mundo, extraem das Escrituras que os últimos dias não podem estar longe. É possível que aconteça nos meus dias, velho como estou, ou nos dias dos meus filhos''.
A Doutrina da Iminência impede a participação da Igreja em qualquer parte da Septuagésima Semana. A multidão de sinais dados á Israel para movê-lo á expectativa também seria para a Igreja, e a Igreja não poderia estar esperando Cristo até que esses sinais fossem cumpridos.
O fato é que nenhum sinal é dado á Igreja; em vez disso, ela tem a ordem de aguardar á Cristo, o que impossibilita sua participação na Grande Tribulação.
FONTE: MANUAL DE ESCATOLOGIA.
AUTOR: JOHN DWIGHT PENTECOST.
EDITORA VIDA.
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