REGRAS DE INTERPRETAÇÃO - V

 

A PROFECIA BÍBLICA 


Um problema de especial interesse para quem estuda escatologia é a interpretação das passagens proféticas nas Escrituras, Antes de considerar as regras especificas que regem a interpretação das profecias, iremos traçar certas observações gerais a respeito da natureza da linguagem profética.

AS CARACTERÍSTICAS DA PROFECIA:


Tais características gerais são marcas inconfundíveis das passagens proféticas das Escrituras e as mesmas nos foram fornecidas.


  • Uma vez que a revelação é dada ao profeta sob a forma de intuição, tem-se a impressão de que o futuro é imediatamente presente, completo, ou de todos os acontecimentos estão em andamento.
  • O fato de que o assunto da profecia é dada em forma intuitiva também é a razão pela qual ela sempre vê a concretização desse assunto em certas ocorrências completas em si mesmas, isso quer dizer que uma profecia pode aparecer como uma unica ocorrência, mas, na verdade, pode haver dois, três ou quatro cumprimentos.
  • Já que o assunto da profecia se apresenta ao leitor como uma série de fatos individuais, pode parecer ás vezes que prognósticos individuais se contradizem quando são, na realidade, apenas partes nas quais as ideias reveladas foram separadas, complementando-se mutuamente, e ainda, imagens contrastantes do Messias em estados de sofrimento e glória.
  • O assunto profético está na forma de intuição, o que significa ainda que, no que diz respeito á sua forma, ela está no nível do próprio observador, isso quer dizer, o profeta falou da sua futura glória nos termos da sua própria sociedade e experiência.
Podemos adicionar as seguintes observações:

  1. A profecia pode ser cumprida logo após pronunciada ou em data muito posterior.
  2. A profecia é condicionada eticamente, quer dizer, parte de seu cumprimento está condicionada ao comportamento dos seus receptores. Ela pode ser até revogada.
  3. A profecia pode ser cumprida sucessivamente.
  4. Não podemos pedantemente exigir que a profecia seja cumprida exatamente como foi dada. Queremos dizer com isso que devemos separar a semente do prognóstico da casca da aparência contemporânea.
  5. Muitas profecias, sobretudo as referentes a Cristo, são literalmente cumpridas.
  6. A forma e o caráter da profecia são condicionados pela época e pela localização do escritor.
  7. As profecias frequentemente formam partes de um todo, e assim, deve ser comparadas com outras profecias.
  8. O profeta vê juntos fatos que são amplamente separados no cumprimento.

A CRONOLOGIA DA PROFECIA:


Devemos observar que o elemento tempo desempenha papel relativamente pequeno na profecia, podemos resumir os relacionamentos assim.

No que diz respeito á linguagem da profecia, especialmente no seu significado quanto ao futuro, devemos observar o seguinte:


  • Os profetas frequentemente falam de coisas que pertencem ao futuro como se fossem presentes a seus olhos (Isaías 9.6).
  • Eles falam de coisas futuras como se fossem passadas (Isaías 53).
  • Quando o tempo exato de certos acontecimentos não eram revelados, os profetas os apresentavam como contínuos. Viam o futuro mais propriamente no espaço que no tempo; o todo, então, aparece em perspectiva reduzida; e é levada em conta a perspectiva, e não a distância real. Eles parecem, muitas vezes falar de coisas futuras como um leigo observaria as estrelas, agrupando-as da maneira que aparecem, e não de acordo com suas verdadeiras posições.

A LEI DA DUPLA REFERÊNCIA:


Poucas leis são mais importantes de observar na interpretação das Escrituras proféticas do que a lei da dupla referência.
Dois acontecimentos, muitos distantes no que diz respeito á época de cumprimento, podem ser unidos no escopo de uma profecia. Isso acontecia porque o profeta tinha uma mensagem para sua própria época e outra para o futuro. Reunindo dois acontecimentos muitos distantes dentro do escopo da profecia, ambos os propósitos podiam cumprir-se.

As mesmas profecias mutias vezes têm sentindo duplo e referem-se a diferentes acontecimentos, um próximo, outro remoto, um secular, outro espiritual ou talvez eterno. Nem sempre é fácil fazer essa transição. O que não foi cumprido inicialmente deve ser aplicado ao segundo; o que já foi cumprido, muitas vezes pode ser considerado típico do que resta ser realizado.

Era propósito de Deus dar a visão próxima e distante, para que o cumprimento de uma garantisse o cumprimento da outra.

Dessa forma temos outra provisão para confirmar a fé do homem em pronunciamentos que tratavam do futuro distante. Muitas vezes os profetas que tinham de falar de tais coisas também eram comissionadas para predizer outras coisas que aconteceriam em breve; a constatação dessas previsões recentes no seu próprio tempo e geração era justificativa para que os outros acreditassem nos outros pronunciamentos que apontavam um tempo ainda mais distante. Uma era praticamente um ''sinal'' da outra e, se uma se mostrasse verdadeira, poder-se-ia confiar na outra. Desse modo, o nascimento de Isaque sob circunstâncias tão improváveis ajudaria Abraão a acreditar que em sua semente todas as famílias da terra seriam abençoadas.


FONTE: MANUAL DE ESCATOLOGIA.
AUTOR: JOHN DWIGHT PENTECOST.
EDITORA: VIDA.

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