REGRAS DE INTERPRETAÇÃO - II

 

A INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA E GRAMATICAL DAS ESCRITURAS


A INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA:


Essa é a terceira consideração sobre a interpretação, a histórica, em que o contexto histórico imediato e sua influência são analisados cuidadosamente.
Usaremos uma síntese de Berkhof sobre esse fundamento da Interpretação:


  • A Palavra de Deus, originada de modo histórico, só pode ser entendida á luz da história. Isso não significa que tudo o que nela contém possa ser explicada historicamente. Como revelação sobrenatural é natural que contenha elementos que transcendem os limites do históricos. Mas significa que o conteúdo da Bíblia é em grande extensão determinada historicamente, e, portanto, na história encontra a sua explicação.
  • Uma palavra nunca é compreendida completamente até que se possa entendê-la como palavra viva, isto é, originada da alma do autor. Isso implica a necessidade de interpretação psicológica, que é, de fato, uma subdivisão da interpretação histórica.
  • É impossível entender um autor e interpretar corretamente suas palavras sem que ela seja visto á luz de suas circunstâncias históricas. É verdade que o homem, em certo sentido, controla as circunstâncias de sua vida e determina seu caráter, mas é igualmente verdadeiro que ele é, em grande escala, o produto do seu ambiente histórico. Por exemplo, ele é filho de seu povo, de sua terra e de sua época.
  • O lugar, o tempo, as circunstâncias e as concepções prevalecentes do mundo e da vida em geral naturalmente emprestam cores aos escritos produzidos sob essas condições de tempo, lugar e circunstâncias. Isso se aplica também aos livros da Bíblia, particularmente aos que são de caráter histórico. Em todas as linhas literárias não há livro que se iguale á Bíblia no que ela diz sobre a vida em todos os seus aspectos.
Berkhof ainda recomenda sobre o que é exigido de um exegeta, em vista do que foi dito da interpretação histórica:

  • Que procure conhecer o autor que deseja interpretar, seu parentesco, seu caráter e temperamento, suas características morais, intelectuais e religiosas, bem como as circunstâncias externas da vida.
  • Que reconstrua, tanto quanto possível a partir dos dados históricos disponíveis e com auxílio de hipótese históricas, as circunstâncias em que esses escritos se originaram; em palavras, deve considerar o mundo do autor. Deve informar-se a respeito dos aspectos físicos da terra em que os livros foram escritos, e considerar o caráter e a história, os costumes, a moral e a religião do povo no meio do qual foram escritos.
  • É de fundamental importância que considere as várias influências que determinam mais diretamente o caráter dos escritos que considera, tais como, os leitores originais, o propósito que o autor tinha em mente, a idade do autor, seu tipo de mente, e as circunstâncias especiais em que escreveu seu livro.
  • Além do mais, deve transporta-se mentalmente ao primeiro Século d.C. E ás condições orientais. Deve colocar-se na posição do autor, e procurar entrar em sua alma até que seja capaz de viver sua vida e pensar seus pensamentos. Isso significa que ele deve guardar-se do erro de querer transferir para os dias presentes e fazê-lo falar a linguagem do século vinte...


A INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL:


Essa é a quarta consideração que devemos ter sobre a interpretação, a gramatical da língua da passagem em que foi originadamente escrita.
Isso, é claro, não pode ser feito sem o conhecimento das línguas originais. E algumas regras básicas são essenciais:

''O intérprete deve começar seu trabalho pelo estudo do sentido gramatical do texto, com o auxilio da filosofia sagrada. Como todos em outros escritos, o sentido gramatical deve ser o ponto de partida. O significado das palavras deve ser apurado tendo em vista o uso linguístico e a conexão''.

''Interpretação gramatical e interpretação histórica, quando entendidas corretamente, são sinônimas. As leis especiais da gramatica, segundo as quais os escritores sagrados aplicaram a língua, resultaram das circunstâncias especificas, somente a história nos leva de volta a essas circunstâncias. Não foi criada uma nova linguagem para os autores das Escrituras; eles se adaptaram á língua do país e da época. Suas composições não teriam sido inteligíveis de outra maneira''.

Os escritores bíblicos usaram a lei ou os princípios da gramatica universal que formam a base de toda língua, e modificaram, naturalmente, pelas revelações internas e externas em meio ás que pensavam e trabalhavam.

O histórico- gramatical pode ser citado como o método mais recomendado ao julgamento e á consciência dos estudiosos cristãos. Seu princípio fundamental é extrair das próprias Escrituras o significado preciso que os escritores queriam transmitir. Ele aplica aos livros sagrados o mesmo princípio, o mesmo processo gramatical e exercício de bom senso e de raciocínio que aplicamos a outros livros.

''O exegeta tem o direito de supor que nenhum autor sensato seria propositadamente incoerente consigo mesmo, nem buscaria surpreender ou enganar seus leitores''.


FONTE: MANUAL DE ESCATOLOGIA.
AUTOR: JOHN DWIGHT PENTECOST.
EDITORA: VIDA.

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