REGRAS DE INTERPRETAÇÃO - III

 

A INTERPRETAÇÃO FIGURADA DAS ESCRITURAS


Essa interpretação é muito comum nas passagens proféticas. Vamos estudar como aplicar quando tal interpretar se fazer necessário.


O USO DA LINGUAGEM FIGURADA:


O objetivo da linguagem figurada é embelezar uma figura afim de transmitir ideias abstratas por meio de transferências.

O intelecto humano necessita que fatos ligados á mente ou á verdade espiritual se revistam de linguagem emprestada de coisas materiais. Palavras exclusivamente espirituais ou abstratas, não podemos impor nenhuma concepção definida.

E Deus se digna a atender a nossa necessidade, nos levando a um novo conhecimento por meio daquilo que já é conhecido, Se revelando de formas já conhecidas.


DISTINGUINDO A LINGUAGEM FIGURADA DA LITERAL:


Esse é o primeiro problema em que o interprete enfrenta, saber se a linguagem é literal ou figurada.
Algumas implicações sobre isso foram feitas por alguns estudiosos do assunto:

''Para entender completamente a linguagem figurada das Escrituras, é requisito, em primeiro lugar procurar saber o que realmente é figurado, o que faziam muitas vezes os discípulos do nosso Senhor e os judeus, e para não perverter o significado literal com uma interpretação figurada; e, em segundo lugar, quando apuramos o que é realmente figurado, interpretar isso corretamente apresentar seu sentido verdadeiro''.

Podemos distinguir uma interpretação da outra usando essa simples regra:

''Se o significado literal de alguma palavra ou a expressão faz sentidos em suas associações, é literal; mas, se o significado literal não faz sentido, é figurado''.

Pelo fato do literal ocorrer mais frequentemente que o figurado, qualquer termo será considerado literal até que haja boa razão para uma compreensão diferente. O significado literal e mais comum da palavra, se coerente, deve ser preferido ao significado figurado ou menos comum.

Assim, o interprete procederá com base na pressuposição de que a palavra é literal a menos que haja boa razão para concluir o contrário.

Já para o uso da interpretação alegórica na profecia, é usada a mesma conjectura:

" Uma boa regra para seguir é aquela em que a interpretação literal da profecia deve ser aceita, a não ser que:

  1. As passagens contenham linguagem obviamente figurada.
  2. O Novo Testamento autoriza a interpretação em outro sentido além do literal.
  3. Uma interpretação literal contradiga verdades, princípios ou afirmações reais contidas em livros não-simbólicos do Novo Testamento.
Outra regra clara é que as passagens mais claras do Novo Testamento em livros não-simbólicos são a norma para a interpretação profética, em lugar de revelações obscuras e parciais contidas no Antigo Testamento. Em outras palavras, devemos aceitar as partes claras e simples das Escrituras como base para extrair o significado das mais difíceis''.

Na grande maioria dos casos em que a linguagem é figurada, esse fato aparece na própria natureza da linguagem ou da relação na qual ela se encontra. Outro tipo de passagem em que a metáfora é também, em grande parte, fácil de detectar é quando predomina a chamada sinédoque.

Outro ponto, quando a linguagem é figurada quando se diz algo que considerado ao pé da letra, muda a natureza essencial do assunto mencionado.

Tal investigação não pode ser alcançada com sucesso unicamente com a ciência intelectual. Sensatez e boa fé, percepção critica e imparcialidade também são necessárias.

A linguagem figurada a priori é encontrada nas passagens poéticas ou nos provérbios e também nos discursos oratórios e populares.
O sentido figurado deve ser apoiado por todos esses processos antes de ser tomado como verdadeira interpretação.

A INTERPRETAÇÃO DA LINGUAGEM FIGURADA:


Esse é o segundo problema a ser enfrentado decorrente do uso da linguagem figurada é o método a ser usado para interpretar o figurado.
Devemos observar desde o princípio que o propósito da linguagem figurada é oferecer alguma verdade literal, que pode ser transmitida pelo uso de metáforas mais claramente que de qualquer outra maneira. O sentido literal é de maior importância que as palavras literais.

Algumas regras foram propostas para apurar corretamente o significado implícito de qualquer metáfora:


  1. O significado literal das palavras deve ser conservado mais nos livros históricos das Escrituras que nos poéticos.
  2. O significado literal das palavras deve ser desprezado, caso seja impróprio ou implique uma impossibilidade, ou quando palavras, tomadas pelo sentido estrito, contenham algo contrário aos preceitos doutrinários ou morais transmitidos em outras partes das Escrituras.
  3. Devemos inquirir em que sentindo a coisa comparada e aquilo a que ela é comparada concordam respectivamente, e também em que sentido entre a coisa comparada e aquilo que a que ela é comparada concordam respectivamente, e também em que sentido elas têm alguma finalidade ou semelhança.
Ainda:

  • O significado de uma passagem figurada será conhecido se a semelhança entre as coisas ou objetos comparados for tão clara que seja percebida imediatamente.
  • Já que, nas metáforas sagradas, certa proposição geralmente é a principal coisa exibida, o significado de uma metáfora será ilustrado pela análise do contexto de uma passagem na qual ela ocorre.
  • O significado de uma expressão figurada geralmente é conhecido com base em sua explicação pelo próprio escritor sagrado.
  • O significado de uma expressão figurada pode ser apurado pela consulta de passagens paralelas, nas quais a mesma coisa é expressa de forma correta e literal, ou na qual a mesma palavra ocorre, e assim o significado pode ser prontamente extraído.
  • Analisar a história.
  • Analisar a conexão da doutrina, assim como o contexto da passagem figurada.
  • Ao especificar o significado transmitido por uma metáfora, a comparação jamais pode ser estendida em demasia, ou a qualquer coisa que não possa ser aplicada corretamente á pessoa ou a coisa representada.
  • Na interpretação das expressões figuradas em geral, naquelas que ocorrem particularmente nos trechos morais das Escrituras, o significado de tais expressões deve ser regulado por aquelas que são simples e claras.
Explicamos a linguagem figurada das Escrituras, é preciso ter cuidado para não usar a aplicação de códigos modernos, pois os habitantes do Oriente muitas vezes associam a ideias certos atributos expressos de maneira totalmente diversa da que normalmente ocorre a nossa mente.



FONTE: MANUAL DE ESCATOLOGIA.
AUTOR: JOHN DWIGHT PENTECOST.
EDITORA: VIDA.






Comentários

Postagens mais visitadas