O PÓS-TRIBULACIONISMO - I
O CUMPRIMENTO HISTÓRICO DE DANIEL 9.24-27:
Segundo um dos seus expoentes, escreveu que o Novo Testamento e a experiência cristã concordaram com os maiores mestres da Igreja de que a septuagésima semana de Daniel foi totalmente cumprida há mais de mil novecentos anos. Para ele, isso não deixa nenhuma septuagésima semana futura a ser cumprida na Grande Tribulação depois do Arrebatamento.
Tal escritor defende ainda a idéia de que não existe intervalo entre a sexagésima nona semana e a septuagésima semana da profecia, dizendo:
Se existissem ''espaços'' e ''intermissões'', a profecia seria vaga, ilusória e enganosa [...] As ''sessenta duas semanas'' imediatamente ligadas ás ''sete semanas'', combinando-se para formar ''sessenta nove semanas'', chegaram ''ATÉ O MESSIAS''. Além do seu nascimento, mas não até a sua ''entrada triunfal''; apenas ''ATÉ'' sua consagração pública. Não existia ''espaço'' entre a ''sexagésima nona semana e a septuagésima semana'' [...] A ''uma semana'' das ''setenta semanas'' proféticas começou com João Batista; na sua primeira pregação sobre o Reino de Deus, começou a dispensação do Evangelho. Esses sete anos, adicionados aos quatrocentos e oitenta e três anos, somam quatrocentos e noventa anos [...] de modo que toda profecia, desde os tempos e acontecimentos correspondentes, foi cumprido ao pé da letra.
O argumento acima é sustentado pelo autor ao dizer que João Batista começou seu ministério com a chegada da ''septuagésima semana'', e Cristo foi batizado, tentando e começou a pregar meses depois.
A primeira metade da semana foi usada para pregar o evangelho do reino [...] O meio da semana foi alcançado na Páscoa [...]
A Páscoa [...] ocorreu exatamente no meio da ''septuagésima semana'', ou quatrocentos e oitenta seis anos e meio depois ''do mandamento para restaurar e construir Jerusalém.
De acordo com tal teoria, Cristo é Aquele que confirma a aliança, e no período de Seu ministério as seis grandes promessas de Daniel 9.24 já foram cumpridas.
O Pré-Tribulacionismo (estaremos tratando sobre essa teoria em outro momento), responde aos seguintes argumentos quanto a historicidade de Daniel 9.24-27 da seguinte forma:
- Em resposta a essa interpretação podemos notar que as seis grandes áreas da promessa em Daniel 9.24 estão relacionadas ao povo e a cidade santa de Daniel, ou seja, a nação de Israel. As promessas são a consequência lógica das alianças de Deus com essa nação. Israel, como nação, não pode estar cumprido agora essas promessas. Desse modo, devemos concluir que essas seis áreas aguardam cumprimento futuro.
- Ainda mais, o ''ele'' de Daniel 9.27 deve ser como antecedente ''o príncipe que há de vir'' do versículo anterior. Pelo fato de estar relacionado ao povo que destruiu a cidade e o santuário, isto é, os romanos, isso conforma que a aliança não pode ser Cristo, mas deve ser o homem da iniquidade, mencionado por Cristo (Mateus 24.15), por Paulo (2 Tessalonicenses 2) e por João (Apocalipses 13), que fará aliança falsa com Israel. O fato de continuarem a existir sacrifícios depois da morte de Cristo até o ano 70 d.C, apontaria para o fato de que não foi Cristo que causou o termino desses sacrifícios. Notamos ainda que o Senhor, no grande trecho escatológico que lida com o futuro de Israel (Mateus 24 e 25), fala de um cumprimento futuro da profecia de Daniel (Mateus 24.15) depois de Sua morte.
- É importante notar que as profecias das primeiras sessenta e nove semanas foram cumpridas literalmente. Desse modo, é necessário um cumprimento literal da septuagésima semana, quando aos acontecimentos.
Visto que o arrebatamento pós-tribulacionista está em desarmonia com o principio da interpretação literal, pois as profecias precisam ser espiritualmente interpretadas para que possam cumprir-se pela história, deve ser rejeitado.
O ARGUMENTO BASEADO NA RESSURREIÇÃO:
Esse é mais um argumento pós-tribulacionista para afirmar que a Igreja continuará na terra no período Tribulacional, Eles dependem da Ressurreição para sustentar o argumento de que a Igreja passará pela Grande Tribulação. Esse argumento foi baseado pelos seus mestres, resumidamente abaixo:
Evidentemente a ressurreição dos mortos ocorre no arrebatamento da Igreja (1 Tessalonicenses 4.16). Consequentemente, ''onde quer que houver ressurreição, lá também estará o arrebatamento''. Examinando passagens que falam sobre a ressurreição dos santos mortos, que é a primeira ressurreição (Apocalipse 20.5,6), encontramos que a primeira ressurreição está associada á vinda do Senhor (Isaías 26.19), á conversão de Israel (Romanos 11.15), á inauguração do reino (Lucas 14.14,15; Apocalipses 20.4-6), á entrega dos galardões (Apocalipses 11.15-18), vindo antes disso a grande tribulação (Daniel 12.1-3).
O mesmo argumento foi resumido com o pensamento e tomou o a forma de silogismo, sendo essas premissas principais: 1) as passagens do Antigo Testamento provam que a ressurreição de seus santos ocorrerá na revelação de Cristo, logo antes do reino milenar; sendo a premissa menos importante que 2) todos os darbystas concordam em que a ressurreição da igreja é sincrônica á ressurreição de Israel; consequentemente, chega-se a conclusão 3) de que a ressurreição da igreja marca a hora do arrebatamento como pós-tribulacionista.
Bom, respondemos tal argumento quanto á conclusão pós-tribulacionista da ressurreição dizendo que os pré-tribulacionistas atuais não concordam com a posição de Darby de que a ressurreição do arrebatamento inclui os santos do Antigo Testamento. Nos parece melhor colocar a ressurreição desses santos do Antigo Testamento no momento do segundo advento. Examinaremos essa posição em outros artigos, mas se alguém separa a ressurreição da igreja da ressurreição de Israel, não existe força no argumento pós-tribulacionista. Isso foi esclarecido no silogismo abaixo:
- Os santos do Antigo Testamento são ressuscitados depois da tribulação.
- Darby diz que a ressurreição de Israel e da Igreja ocorre antes da tribulação.
- Logo, Darby estava errado com respeito ao momento da ressurreição de Israel.
Outra linha nesse argumento pós-tribulacionista é insistir em que todo o plano de ressurreição ocorre em um dia. Isso é feito com base em João 5.28,29; 11.24. Tal argumento é o seguinte:
''... conseguimos localizar, com relativa exatidão, a hora dessa ressurreição. Ela deve ocorrer no dia do Senhor, quando o anticristo for destruído, Israel for convertido e a era messiânica for introduzida pela vinda do Senhor [...] A ''ressurreição dos justos'' [...] em todos os casos [...] ocorre no ''ultimo dia''. Aqui está um momento definido [...] não deve haver duvida de que ''o ultimo dia'' é o dia final da era que precede o reino messiânico de glória.
Quanto á essa alegação, o pré-tribulacionismo destaca com importância que o termo o dia do Senhor, ou aquele dia, não se aplica a um período de 24 horas, mas a todo o plano de acontecimentos, incluindo o período de tribulação, o segundo advento e toda a era milenar. Podemos dizer que será todo o período começando com os julgamentos da septuagésima semana até a era milenar.
Tal período é compreendido de tal forma:
Estende-se desde a vinda de Cristo '' como um ladrão na noite'' (Mateus 24.43; Lucas 12.39,40; 1 Tessalonicenses 5.2; 2 Pedro 3.10; Apocalipse 16.15) até a passagem dos céus e da terra que agora existem e a fusão dos elementos com o calor fervente [...] Poderá ser visto que esse dia inclui os julgamentos de Deus sobre as nações e sobre Israel, e que esses julgamentos ocorrerão no retorno de Cristo. Isso inclui o retorno de Cristo e o reino de mil anos que segue, Ele se estende certamente até a dissolução final com que o reino termina.
Um dos pós-tribulacionistas foi forçado a concordar, dizendo:
''Algo pode ser dito a favor disso, pois Pedro diz que um dia com o Senhor é como mil anos; e o dia do Senhor no Antigo e no Novo Testamento ás vezes se refere não apenas ao dia em que o Messias virá em glória, mas também o período de seu Reinado''.
No entanto, é errado quando concluímos que ''aquele dia'' ou ''ultimo dia'' precisa ensinar que todos os santos ressuscitarão no mesmo momento. Devemos observar também que todos os trechos dos Evangelhos usados pelos tribulacionistas (João 6.39-54; Lucas 20.34-36; Mateus 13.43; Lucas 14.14,15) são aplicados ao plano de Deus para Israel. Se for demonstrado que a ressurreição ocorre no segundo avento, ela não prova o arrebatamento pós-tribulacionista, a não ser que a igreja seja ressuscitada na mesma hora. Essa premissa é infundada.
Quando lidamos com a ressurreição nas epístolas (Romanos 11.15; 1 Coríntios 15.50-54; 1 Tessalonicenses 4.13-18; 1 Coríntios 15.21-26. O pós-tribulacionismo trata do momento da ressurreição de 1 Coríntios 15.54: ''E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir da imortalidade, então, se cumprirá a palavra que foi escrita: Tragada foi a morte pela vitória''. O argumento pós-tribulacionista nesse ponto é:
''A ressurreição e transfiguração dos mortos na fé será em cumprimento a uma profecia do Antigo Testamento. Isso ocorre em Isaías 25.8 [...] A ressurreição dos santos e a vitória sobre a morte sincronizam-se com a inauguração do reino teocrático, a vinda de Jeová e a conversão dos israelitas que estiverem vivos''.
Refutamos tal alegação, frisando que Paulo não está citando a passagem de Isaías para estabelecer o momento da ressurreição. A instituição da era milenar necessita da abolição da morte para aqueles que nela entrarão. Israel experimentará a ressurreição quando instaurado o milênio, mas a igreja já terá sido ressuscitada antes. O erro do pós-tribulacionismo é supor que todos os justos ressuscitarão ao mesmo tempo.
O pós-tribulacionismo ainda afirma que a ressurreição de Apocalipse 20.4-6 foi chamada de primeira ressurreição, tem de ser a primeira em número. O argumento usado é esse:
''Nenhuma palavra é dita por João sobre tal ressurreição em todo o Apocalipse. Nada pode ser encontrado a respeito de uma ressurreição anterior, seja aqui seja em qualquer outra parte da Palavra de Deus. Se tal ressurreição anterior fosse conhecida por João - como a teoria [pré-tribulacionista] pressupõe - então como é concebível que ele chamasse a essa ressurreição de primeira? [...] Mas o fato de que ele ter escrito primeira ressurreição será a prova que todos os leitores imparciais de que eles não conhecem nenhuma anterior''.
O mal emprego de um argumento de silêncio dos pós-tribulacionistas. Mal se poderia esperar que João mencionasse a ressurreição dos mortos em Cristo, que tinha acontecido anteriormente, em relação aos acontecimentos no final do período tribulacional, relacionados apenas aos santos da tribulação.
Um fato essencial, parece ter sido negligenciado pelos pós-tribulacionistas em toda a discussão sobre a ressurreição é o ensinamento de 1 Coríntios 15.23, ''cada um por sua própria ordem''. A primeira ressurreição é composta de grupos diferentes: os santos da igreja, do Antigo Testamento e da tribulação. Apesar de esses grupos serem ressuscitados em momentos diferentes, são parte do plano da primeira ressurreição e são ''ordens'' nesse plano. Consequentemente, a ressurreição dos santos da tribulação no momento do segundo advento (Apocalipse 20.4-6) não provam que todos os que ressuscitam para a vida são levantados nesse momento. Toda essa doutrina de ressurreição será examinada mais tarde em outros artigos específicos, mas foi dado o suficiente para mostrar que a doutrina da ressurreição não apoia o pós-tribulacionismo.
A PARÁBOLA DO TRIGO E DO JOIO:
''... a expressão ''hora da colheita' implica certo período, ocupado com vários processos de agrupamentos''. No começo desse período os anjos são mandados de maneira puramente providencial, imediatamente antes da vinda do Senhor 'para a igreja'. De alguma maneira misteriosa, secreta e providencial, os anjos agrupam os meramente professos em montes preparados para o julgamento. Mas nenhum julgamento é realmente feito. O Senhor então vem para a verdadeira igreja, simbolizada pelo trigo, e a agrupa para si. Os meros professos, contudo, que tinham sido agrupados pelos anjos, permanecem no mundo por vários anos, até que o Senhor venha para julgar''.
Dessa forma, o pós-tribulacionismo faz com que a interpretação pré-tribulacionista diga que os anjos agrupam o joio no no final dos tempos, antes do arrebatamento, mas só transladarão a igreja, representada pelo trigo do campo, deixando o joio confinado para o julgamento no seu lugar no segundo advento. O pós-tribulacionismo observa que essa explicação parece violar as palavras do Senhor:
''Deixai-os crescer juntos até a colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro''. (Mateus 13.30). Parece que os pós-tribulacionistas tem uma reclamação justificável contra essa interpretação.
Devemos ter em mente que o propósito de Mateus 13 não é divulgar a história da igreja, mas a história do reino na sua forma misteriosa. O período não é o da igreja - de Pentecostes ao arrebatamento - mas toda a era desde a rejeição de Cristo até a Sua futura aceitação. Logo, pode ter havido um erro, no qual muitos escritores caíram, ao dizer que o trigo da parábola representa a Igreja, que será arrebatada. Se tal for o caso, a posição do arrebatamento pós-tribulacionista parece encaixar-se mais coerentemente com a interpretação normal e literal da parábola. Contudo, o Senhor está mostrando que nessa era haverá a semeadura da boa semente (parábola do semeador) e também uma semeadura da má semente (parábola do joio), e essa condição continuará através dos séculos. No final dos tempos haverá a separação dos que foram filhos do reino em relação aos que foram filhos do maligno. Visto que o arrebatamento não está sendo tratado na parábola, não pode ser usado para apoiar o arrebatamento pós-tribulacionista.
O período tribulacional termina com o julgamento de todos os inimigos do Rei. Assim, todos os descrentes serão retirados. Após esses julgamentos, é instituído o reino, ao qual todos os justos são levados. Isso é perfeitamente coerente com o ensinamento da parábola.
AUTOR: JOHN DWIGTH PENTECOST
EDITORA: VIDA.
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